Capítulo 7

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RAVENA


— Se você quiser, posso te ensinar a cozinhar algo. — Eduardo oferece, quando chegamos a porta do apartamento onde moro.

— Obrigada, a despensa está até abastecida, eu que não sei como fazer algo. E podem jantar comigo, até a chata da Juliane.

— Ah, que linda, obrigada pelo convite. — Juliane agradece, a voz cheia de deboche.

— Daqui a pouco estaremos aí. — Eduardo avisa e vai até seu apartamento com Juliane.

Após o longo dia de trabalho entro no meu apartamento, tomo um susto ao encontrar o meu pai sentado no sofá.

— Estou feliz por você. — é a primeira coisa que ele fala. — Alexandre me contou que os primos dele gostaram de você.

— Isso é algo bom? — fecho a porta atrás de mim.

— Você não gostava de crianças. Um ponto para você.

— Eu nunca tive contato com crianças, não é que não goste delas. Mas é incrível como Alexandre te conta tudo, tudo mesmo. — menos a parte onde ele sussurrou em meu ouvido, e sobre ele me querer.

— Ravena, eu pensei que tivesse mudado, sei que esse tom de voz não é nada bom. Sei que deve sentir raiva de Alexandre, mas ele é bom no que faz, merece estar ali, quero que você faça por merecer. Tem pessoas que só aprendem com um tratamento de choque, é isso o que estou te dando. — levanta do sofá e anda em minha direção. — Você perdeu o aniversário da sua avó que tanto te ama, e o motivo? Você foi para a festa de Kayla...

— Isso foi ano passado e ninguém me avisou da festa, eu mandei presentes e um dia antes fui até lá, nenhuma pessoa me avisou da comemoração. — me defendo. — Esse ano eu fui ao aniversário dela justamente por me avisarem.

— Eu me pergunto uma coisa, onde estão esses seus amigos? Onde Kayla está? Ela vivia grudada em você e te dando péssimos conselhos. — não respondo. — Ravena, eu quero que você mude. Agora você está descobrindo quem realmente se importa com você.

Ele anda até uma mochila e coloca no ombro.

— Estou levando essas roupas, você não precisa de vestidos de festa de gala. Eu falei que era somente roupas de secretária e do dia a dia.

— Mas eu escolhi, eu posso usar no trabalho.

— Eu sei que venderá, sua mãe sempre te defende, por isso você não cresce. Eu não sou tão mal, tem algumas roupas no guarda roupa. Guarde o dinheiro que te dei, não use com besteiras. Eu estou fazendo isso para seu bem. Você deve me odiar agora, mas vai perceber que isso está te fazendo bem.

— Por que agora? — pergunto. — Em vinte e dois anos nunca fez nada, pelo contrário, só sabia discursar e nada mais. Quando comentei que queria desenhar roupas, riu da minha cara. Quando eu disse que amo escrever, disse que esse trabalho não leva a nada. Porque minhas notas altas eram vistas como ''nada além da minha obrigação'' e as notas do Alexandre são vistas como ''genialidade''? Jogou toda a culpa na minha mãe...

— Ela que estava sempre com você, eu estava ocupado no trabalho...

— Sim, pai, o trabalho sempre a frente! E posso saber por que nem ao menos pensou em colocar um parente no seu lugar?

— São todos como você.

— Sim, são todos artistas. São cantores, atores, pintores... Isso não é nada, não é?

— Não jogue a culpa da sua irresponsabilidade, da sua falta de compaixão em mim...

— Nunca me amou, sou apenas um negócio. Um negócio para te unir a família Courtois e depois para ser sua sucessora. O senhor não ama ninguém, nem mesmo a minha mãe!

Ele dá um tapa na minha cara, um tapa bem forte.

Prendo o choro, aperto meus dentes para não gritar e acabar falando alguma merda.

— Minha paciência terminará um dia, Ravena, e quando isso acontecer, eu te tiro daqui e aí você vira uma sem teto, porque nem carreira de subcelebridade você terá.

Sai do apartamento.

Sento no sofá e fico olhando para TV desligada. Fico remoendo tudo o que aconteceu, sentindo o ardor do tapa.

E se eu desistir agora, se pedir demissão, acho que ele cumpre o que prometeu. E digo mais, pode mandar fechar as portas pra mim.

Levanto do sofá e vou tomar meu banho. Depois que termino ligo para Kayla pela terceira vez e ela finalmente me atende.

— Oi. — cumprimento.

— Oi. Como está?

— Não muito bem. — escuto uma música alta no fundo.

Nos falaremos depois. — ela grita. — Agora estou muito ocupada. — ela desliga, sem me deixar falar qualquer outra coisa.

É isso, abandonada pelos pais e pela a única pessoa que considerava uma amiga.

Batem na porta, e imagino que seja Eduardo e Juliane.

— Vamos ao jantar. — Eduardo sorri, mas seu sorriso some quando ele olha meu rosto, que ainda está marcado com a palma da mão do meu pai. Não tenho maquiagem para cobrir. — Espero que você não seja dessas que vivem de dieta. Trouxemos Coca-Cola.

— Política de boa vizinhança. — Juliane fica a frente. — Podemos entrar ou prefere passar fome?

— Não ligue para ela. — Eduardo sorri. — Algum problema?

— Todos.

— Uma aula de gastronomia e Coca-Cola resolvem? — pergunta.

— Entrem e fiquem a vontade.

Vamos até a cozinha e digo que podem olhar o que tem na despensa.

— O que aconteceu com seu rosto? — Eduardo aproveita que Juliane está distraída olhando os mantimentos e faz essa pergunta.

— Não se preocupe, não venderemos o seu drama para a imprensa. — Juliane fala, mostrando que não está tão distraída assim.

Suspiro com cansaço, ainda prendendo a vontade de chorar.

Meus olhos ardem, queimam com as lágrimas não derramadas.

Solto todo o ar pela boca.

Quem diria que as únicas pessoas que me ajudariam seriam os meus novos vizinhos suburbanos? Pelo menos esse ''tratamento de choque'' do meu pai serviu para descobrir quem está ao meu lado.

Perdi a melhor amiga que eu tinha... Isso porque perdi o dinheiro.

Preciso enfrentar essa nova vida com a cabeça erguida.

É a única coisa que posso fazer.

(COMPLETO NA AMAZON) A obsessão do CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora