Capítulo 6

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           Entediante, isso já não resumia minhas últimas semanas, as quais aconteceram tantas coisas, que minha mente perturbada insistia em pensar por diversas vezes, em probabilidades improváveis e prováveis, sobre assuntos que agora experimentava. Uma outra palavra que identificava agora minha vida apartir daquele momento? Confusão. Era exatamente isso que eu estava sentindo, confusa.

Gertrudes: Senhorita Emily, leia o trecho a seguir.

- Claro.

         Mesmo estando em meu "mundo", foi extremamente fácil achar a página indicada e ler o que ela queria. Minhas mãos, mesmo com algumas feridas puderam virar as folhas para onde todos estavam. Suspirei fundo, antes de finalmente ler o trecho que a senhora Gertrudes tanto queria ouvir.

- O muro de Berlim foi então derrubado.....

             História, sempre foi algo interessante para mim, mas a professora não ajudava muito nesta questão. Na realidade, nenhum que lecionava na escola, todos tinham um vasto problema, era horrível aquilo.

Leila: Você viu o Logan?

- Não.

Leila: Bem, acho que ele faltou.

- Sim.

Leila: É....Você vem comigo?

- Não.

          A garota, com uma feição triste saiu pela porta, eu não me dei ao trabalho de segui-la com os olhos, ou muito fazer algo a respeito. Ela de alguma maneira parecia estranha....

James: Que cruel.

          O menino que estava longe, concentrado em seu livro, me olhava com um grande sorriso no rosto, o melhor possível, quando eu me virei para olha-lo.

- Vindo de você, isso parece um elogio.

James: Será que é?

- Somos alguma espécie de amigos agora?

James: Amigos? Que clichê, nada empolgante.

- Então qual o motivo de ainda estar falando comigo?

James: Não se sente culpada pela morte da Tiffany?

           A pergunta que uma vez fiz para o professor Sebastian, tinha sido feita para mim. Me pergunto se ele não estava ouvindo nossa conversa, afinal, ele era capaz de tudo para se livrar de seu "tédio", e eu não o julgava, se eu fosse ele, também faria algo assim.

- Não. E você?

James: Ela foi apenas um peão no jogo de xadrez. Não me importo se fui realmente o ápice da sua "sanidade". E além do que, provavelmente foram seus pais que a mataram.

           E eu não contive o sorriso, não com a mente maligna do garoto que observava cada detalhe. Ele era muito melhor que eu, se trantando de pessoas, de mentes humanas, e jogos psicológicos.

James: Parece que eu não fui o único que vi os pais da garota daquela forma.

- Era óbvio para mim.

James: Percebeu algo mais?

- Não. Por quê?

James: Havia um garoto, que me lembrava a Tiffany. Estava perto dos pais dela, e era o único que havia uma feição triste no rosto.

- Por que está me dizendo isso?

James: Ao julgar pelo que eu te conheço, e sua doença, ficará pensando nisso a noite inteira, ficando ansiosa, e até mesmo ter insônia. Não irá parar de organizar suas coisas, até conseguir descobrir a resposta.

- Está querendo que eu faça isso?

James: Claro, é por isso que irei fazer a perguntar.

- Você é um garoto horrível.

James: Obrigado.

- Faça logo.

James: Afinal, por que Tiffany Banner se suicidou?

          A pergunta feita pelo menino que usava um clássico sorriso "feliz", foi dita em alto e bom som. A qual fez minha curiosidade ser atiçada, elevada, querendo descobrir a resposta correta, o motivo, o que ocasionou tudo aquilo.

- Você irá entrar no jogo?

James: Já estou, querendo ou não.

          Ele não era bom, de nenhum ponto de vista, a humanidade dele já havia sido corrompida, ou apenas ele seria assim desde criança. Empolgante, suas feições "sociopatas", eram interessante, mais ainda seu modo de se expressar, era um típico jogador. Daqueles que quando se entra no jogo, em sua primeira ação, ou palavra, já sabe que irá perder.

- Seremos parceiros por enquanto.

James: Acho que não temos escolha.

- Não, acho que não.

           O trato com o demônio estava feito. Com um sorriso selamos completamente o acordo, antes das pessoas entrarem na sala por causa do sinal do intervalo. E por fim, as aulas iniciaram, porém passaram muito rápido, e as pessoas iam embora, e eu me despedia da Leila. Tive que ficar pelo menos mais de cinco minutos na sala, arrumando tudo e verificando meus matérias, antes de sair.

James: Achei que nunca iria embora.

           E eu me virei, vendo o menino que agora tirava sua concentração do livro e me olhava, quase já imaginando a resposta que eu iria dar, pois o mesmo abriu um semi-sorriso de lado.

- Estava me esperando?

James: Precisamos colocar alguns pontos em ordem.

- Quer que vamos juntos para casa?

James: As pessoas nos veriam.

- Afinal, você se preocupa muito com isso, certo, senhor leitor?

              O garoto semi-cerrou os olhos, e balançou a cabeça negativamente, guardando o precioso livro e começou a andar.

James: Vamos.

           Sem mais nenhuma palavra, eu tive que segui-lo, mas consegui andar lado a lado do senhor Carter.

James: Suspeitos?

- Nós, o professor Sebastian e a família da garota por enquanto.

James: Motivo ou causa de cada um?

- Nós fomos o ápice. O professor foi a "paixonite" idiota dela, e a família extremamente.....?

James: Estranha, se é que posso coloca-los nessas palavras.

- ....enfim....Eles poderiam ter deixado-na nessas circunstâncias desde o princípio.

James: Família conturbada? Sei bem como é isso.

- Sabemos.

            Olhamos um para o outro e acabamos por sorrir, um sorriso fraco e quase sem graça, daqueles que ficariam por isso mesmo.

- É isso então. Mesmo horário, mesmo dia e no mesmo mês?

James: Mesmo horário e no mesmo dia. Me ver se tornará uma rotina para você.

- Não é algo tão ruim.

James: Não é?

- Não.

              E nos despedimos, cada um então foi para sua residência, e provavelmente admitindo que aquele nosso jogo não era tão ruim. "Brincar de detetive" com a morte real da garota, sim, eu sabia que era horrível de minha parte, mas quando se está com o diabo, o errado, às vezes é o mais correto a se fazer, e eu poderia pensar assim na companhia de James Carter, já que suas palavras ditas para mim antes fizeram efeito. Tive insônia e pensei nisso a noite inteira.

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