No mesmo horário eu acordei, e as mesmas coisas fiz. Como um ritual. Sem nenhum detalhe a menos, ou diferente, tudo igual. A não ser pela minha cabeça que estava uma confusão, como sempre. Com inúmeros pontos para serem preenchidos, as descobertas, meus sentimentos, e como tudo ficaria. Mas eu sabia, que isso não iria me beneficiar em nada. E que minha realidade não iria mudar. Tudo iria se encaixar em algum momento, de um jeito ou de outro, mesmo se levasse algum tempo, anos, meses ou horas. Mas minha vida entediante não iria mudar, ou era isso que eu pensava antes de estar no velório, com roupas pretas, quase que coberta por plástico por causa da chuva que caia em todo o lugar, que fazia poças de lamas, e micróbios se estendiam no velório, e no caixão de madeira verniz preto, onde estava a menina. A causa da morte? Suicídio. Quem era? Tiffany Banner. Sim, Tiffany se suicidou, ninguém comentava o porquê especificamente. Sua família parecia não se importar. A mãe dela chorava, e muito. Mas parecia como um teatro, e o pai nem ao menos se deu esse trabalho. Os humanos eram...
- Podres...
Mãe: Como?
- Eu disse roupas, espero que a chuva não me molhe.
Mãe: Isso não vai acontecer.
- Eu espero.
Todos da sala estavam no local, e até mesmo os professores e o diretor. Sebastian olhava para o caixão, o encarando, e eu fazia o mesmo para o homem. Já que o que fizemos naquele dia, poderia ter contribuído para o desfexo na vida da garota. Mas eu realmente não me sentia nada triste por isso.
- Vamos embora.
Mãe: Bem, já que terminou.
E demos os pêsames para a família antes de finalmente sairmos de lá. A escola ficou de luto por apenas dois dias e depois voltamos com as nossas rotinas originas, e eu com a minha. Com as aulas do mesmo jeito, pessoas se fazendo de triste e algo assim, tudo igual, até o fato de eu ir para o terraço, que foi quando vi o homem.
Sebastian: Nos encontramos novamente.
- É o óbvio.
Sebastian: O que quer? Diga de uma vez.
- Não se sente culpado pela morte dela?
Sebastian: Não.
- Sei.
Sebastian: Não gostou da minha resposta?
- Não é isso. Achei particularmente honesta.
Sebastian: Por que? Não se sente do mesmo jeito?
- Pelo contrário.
Sebastian: Estava me encarando no funeral.
- Porque queria lhe perguntar isso...
Sebastian: Sei....
E foi isso, ninguém marcou ponto naquele momento, e não tivemos que fingir nossa personalidade horrível.
- Pessoas comuns se sentiriam culpadas, certo?
Sebastian: Certo. Mas não nós, pois somos daquele tipo.
- E de que tipo?
Sebastian: O tipo de pessoa que são sempre consideradas a segunda ou a última opção. Mesmo com várias pessoas ao nosso redor, nunca seremos suficientes. E quando já estamos acostumados com isso, apenas deixamos para lá, porque não é como se fossemos importantes a este nível, de mudar a vida de uma pessoa.
- É isso o que você acha?
Sebastian: É isso o que eu sei.
E o que ele disse era verdade, sem meio "mas". Éramos assim, sem nenhum risco de nos machucarmos, pois sabíamos o que estava por vir, o abandono. Era essa a verdade, as pessoas iam embora.
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TOC TOC?
RomanceA história de uma garota, um romance. Fato é que a vida pode vir com coisas lindas, o amor, a alegria , a amizade, a vontade de viver e sorrir. O que vira uma confusão se misturado com a dor, e vários outros fatores ruins. O que então o...