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Vinte e Nove »» "Discrição é o meu nome do meio."

Abri a porta do cubículo e olhei para Arianna atónita.

"O que fazes aqui?" Luke perguntou.

"Precisava de falar com vocês, especialmente contigo, Savannah." encarei-a, incentivando-a a continuar. "Como vocês já perceberam, isto mudou tremendamente. Com a saída de Grace, Morgan tomou o poder e contratou não sei quantos guardas, todos impiedosos."

"O que acontececeu aos outros? Ao Nash, ao James, ao Neal, ao Wyatt, ao Arthur, a ti?" interrompi-a.

"Fomos todos suspensos. Caleb permaneceu, como já devem ter reparado; sempre foi o braço direito de Morgan. James foi despedido." olhámo-la estupefactos. "Morgan descobriu que andava metido com Francesca e nós sabemos o que acontece quando informação como esta sai cá para fora."

"Oh meu deus, o que vai acontecer à Francesca?" estava a ficar preocupada, não queria que algo lhe acontecesse.

Arianna suspirou. "O turno da noite. Se ela confessar, vai para a solitária. E ela vai confessar. Eles não vão ser piedosos."

"Já há data para o turno da noite dela?" Luke perguntou.

"Hoje." Olhei-a perplexa.

"Mas hoje sou eu."

"Mas- mas não podes ser tu!" A guarda olhou-me confusa. "Eles sabem que se existir alguém que precise de ser castigado, esse alguém tem prioridade."

Pensei no que me podia ter levado a ficar no topo da lista. Seria por termos magoado fisicamente Ro? Não, isso não faria sentido. Não fui a única responsável e o meu turno já estava marcado antes disso. Teriam descoberto que eu e o Luke andávamos enrolados? Também não podia ser, mesmo que tivesse acontecido, não é pior do que uma relação entre um recluso e um guarda. Sinceramente, não fazia ideia do porquê de ter sido escolhida. "Mas eu não fiz nada, Arianna."

"Então porque raio é que vais tu lá? Quem é o responsável pelo turno?"

As minhas mãos voaram para a manga do meu macacão e começaram a torcê-la, dando indícios de que estava nervosa. "Caleb."

Bastaram poucos segundos para Arianna perder a cor. Olhava-me aterrorizada.

Olhei para Luke, à procura de ajuda. A sua expressão estava triste, como se estivesse com pena de mim. Mas, consegui captar algo por detrás do seu olhar, uma emoção que não conseguia perceber. Seria preocupação? Estaria aquela lontra mal cheirosa preocupada comigo?

"Arianna, o que te trouxe aqui?" O rapaz pronunciou-se. A guarda não tinha vindo ter connosco para falar sobre o turno da noite, certamente.

Arianna respirou fundo. "A Savannah vai ter uma audiência."

"O que é que isso quer dizer?" Olhei-a confusa

"Nunca tiveste oportunidade de te defender pelo teu crime em tribunal e agora vais poder." Um sorriso formou-se nos meus lábios.

"Quando é?" Perguntei expectante.

"A primeira é daqui a dois dias. Vais ser atribuída um defensor público." Luke revirou os olhos.

"Esses são uma porcaria. O objetivo não é tirá-la daqui? Com um idiota desses, ela vai ser culpada de certeza."

O meu coração apertou. "A minha mãe vai lá estar?"

"Não sei, mas creio que sim. Afinal de contas, é o julgamento para absolver ou culpar o assassino do filho dela."

Olhei para Arianna com raiva. "Eu não o matei, porra!"

"Eu acredito em ti, Savannah." Olhou-me condescendente. "Mas o que eu penso não importa, pois não?" Encarei o chão de madeira.

"Mas," continuou. "No entanto, estavam a dizer que te ia ser atribuído o advogado Marshall Reeds." arregalei os olhos.