Chara esquadrinhou o teto do aposento com os olhos rubros, fazendo uma careta pensativa, observando o brilho suave dos pequenos pontinhos prateados no alto.
- É alto demais... - observou obviamente, aparentando uma surpreendente insegurança – o que faremos?
- E ainda pergunta? - ralhou Asriel – você que é a inteligente aqui, Chara!
A garota fechou a cara para Asriel, contraindo as mãos em punhos, posicionando-se no centro da sala. Frisk a viu apanhar a varinha, erguendo-a em direção ao domo.
- Finite Incantatem!
Nada aconteceu.
- Não funcionou – Frisk lamentou-se.
Viu a amiga encará-la de maneira calculista.
- Frisk... eu acho... que feitiços comuns não vão adiantar.
Frisk vincou a testa, sem compreender.
- O que quer dizer...?
Foi quando finalmente entendeu.
- Vamos ter que usar nossa... magia bruta – disse de modo sério – sem varinhas.
A menina se retraiu.
Mesmo durante as aulas de Estudo das Almas, ela e os demais não haviam tentado conjurar o poder total de suas respectivas magias.. Reger qualquer tipo de ataque, numa distância tão longa como aquela, era algo que eles nunca haviam ousado experimentar antes.
- Ainda não sei como faremos isso. Eu mal sei levitar ainda! - Asriel disse, mordendo o lábio – temos que ser rápidos... Riverman deve estar quase alcançando o dispositivo à essa hora!
- Pensei que ia morrer sem dizer isso – Chara titubeou – mas Asriel tem razão. Temos que arranjar uma maneira de alcançar aquelas chaves, com alguma de nossas magias principais.
Após alguns segundos, Frisk teve uma ideia.
- Chara... lembra do que você vez naquele dia com o professor Papyrus?
Chara a fitou.
- Aquele lance de fincar minhas adagas na parede.
- Sim... exatamente! - Frisk assentiu, ansiosa – consegue fazer aquilo de novo?
- Sem a varinha? - rebateu preocupadamente – eu... eu não sei. Nunca tentei sem... ela.
- Eu sei que você consegue, Chara - para espanto da garota, Asriel segurou-lhe o braço, de maneira reconfortante – eu posso te ajudar com minhas espadas. Vamos fazer isso juntos... ok?
Chara pareceu perder um pouco da insegurança, voltando a erguer a cabeça para a redoma. Inspirou profundamente, concentrando-se.
A garota ergueu as mãos na direção das paredes circulares do aposento, rutilando as íris vermelhas e soltando um arquejo baixo.
Admirada, Frisk observou várias adagas carmim surgirem no ar, voando de encontro aos tijolos e fixando-se na superfície irregular, formando uma escadaria em espiral.
Porém, o poder de Chara não pareceu ser o bastante, já que a sequência de adagas mágica interrompeu-se repentinamente na metade do caminho, faltando poucos metros para atingir o topo.
- Eu não consigo... manter por muito tempo... - ofegou – Asriel...!
- Pode deixar! - o cabritinho vincou a testa, também fincando várias de suas espadas serrilhadas, que terminaram de formar a escadaria de lâminas – Frisk... você precisa ir lá!
Sem perder tempo, a menina começou a subir a escada de armas, equilibrando-se o mais rápido que podia para chegar até as chaves.
Faltando pouco mais de um lance, Frisk desequilibrou-se por um momento, agarrando-se assustada em uma das espadas de Asriel. Guinchou de dor, ao sentir a lâmina afiada cortando levemente a palma de sua mão.
- Frisk... - ouviu Asriel exclamar tremulamente – rápido...!
Ao longe, percebeu que ambos os amigos pareciam exaustos do esforço. Foi o que bastou para ignorar a dor na mão, voltando a se equilibrar e correndo até o fim nos degraus mágicos.
Arquejante, ergueu a mão no ar, apanhando quatro das sete chaves flutuantes. Enfiou-as nos bolsos da capa, adiantando-se outra vez, saltando alguns centímetros para agarrar as restantes.
Assim que conseguiu recolhê-las, deu um suspiro de alívio, começando a descer escadaria abaixo. Após certificar-se de que Frisk havia deixado a escadaria de espadas, Asriel parou de sustentá-las, baixando a mão e fazendo os últimos degraus desaparecerem no ar.
No entanto, Chara já não aparentava conter mais suas adagas, baixando a cabeça sofregamente em direção ao chão.
A garota gritou quando os degraus restantes desapareceram, faltando pouco para o fim de sua descida, fazendo Frisk despencar quase três metros em direção ao chão.
Agindo inesperadamente, Asriel jogou-se embaixo dela, soltando um gritinho sufocado ao receber o peso da garota sobre ele.
- Frisk!
Fremindo, Frisk reergueu-se, milagrosamente ilesa, enquanto Chara se aproximou, quase soluçante de angústia.
- Sinto muito! - choramingou, enquanto ajudava Asriel a se levantar – eu.... perdi o controle...
- Eu estou bem – Frisk a cortou – você não teve culpa de nada, Chara...
Ainda gemendo de dor - embora tentasse corajosamente não demonstrar – Asriel bateu palmas quando Frisk lhes inclinou as chaves.
- Não acredito – alegrou-se – realmente conseguimos!
Frisk não havia percebido que o corte em sua mão havia sangrado durante a decida, manchando algumas das chaves com suaves listras avermelhadas.
Momentaneamente distraída com aquilo, teve que ser sacudida por Asriel para recobrar o foco.
- Vamos logo! Estamos ficando sem tempo!
Distribuiu duas das chaves para Chara e Asriel, que se puseram a destrancar a porta rapidamente. Frisk usou As três restantes, desbloqueando as fechaduras que ainda restavam, e agarrou a maçaneta, puxando-a com o máximo de força que ainda tinha.
O portão guinchou, abrindo-se lentamente, dando passagem para que o trio avançasse.
Sem demora, os garotos avançaram, apertando os olhos diante da penumbra se que apresentou diante deles.
- O que será que...? - disse Asriel, tateando em meio ao escuro.
- Ai! - reclamou Chara – você me deu uma patada no pé!
- Shhh... escutem – Frisk falou – estão ouvindo?
A luminosidade adiante aumentou, revelando uma nova câmara subterrânea. Ouvia-se o crepitar de archotes ao redor dela, o que explicava a repentina iluminação que havia surgido.
- F-Frisk...
Atônita, Frisk visualizou um amplo picadeiro diante dela. Olhou para a esquerda, vendo a silhueta caída e destruída de um imenso e medonho boboneco.
E, diante deles, outro boboneco se erguia, imponente e assustador, rilhando a dentilhão afiada e férrea na direção dos meninos, absolutamente disposto a matar qualquer um que ousasse prosseguir.
- E agora?
Chara sacudiu a cabeça, dando uma risada sarcástica.
- È exatamente o que estão pensando. Temos que enfrentá-lo se quisermos continuar... e apenas um de nós poderá lutar.
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Pottertale - O Encontro de Dois Mundos (AU de Undertale)
FanficFrisk tem a maior surpresa de sua vida. Em seu aniversário de onze anos, descobre que não é uma simples humana. Ela é parte monstra - e, como os monstros, possui magia em seu sangue. Após descobrir que pertence a um mundo bem diferente do qual vive...