Julieta acordou antes do despertador, virou-se para o lado procurando o amado, mas Aderbal não estava mais na cama, há muito tinha se levantado. Ela estava exausta por conta da noite anterior. Tinha sido fantástica! Estava tão cansada que desejou ficar na cama o resto da manhã, mas precisava trabalhar. levantou-se, foi até a cozinha preparar um leite quente, Pois para ela o dia só começava depois do café da manhã, sem café é claro, pois cafeína faz mal para a pele. Depois tomou um belo banho vestiu-se, checou seus e-mails e saiu. Na garagem junto ao vaso de zamioculcas viu um pequeno papel dobrado. Era um bilhete de Aderbal:
"Amor, a chave está no vaso. Obrigado pela nossa última noite de amor. Será difícil continuar sem você mas preciso deixa-la livre. Você merece alguém melhor do que eu.
Adeus. Aderbal."Julieta, trêmula, chorava feito criança! como poderia viver sem ele? Era como viver sem ar, estava perdida, desesperada e com a cara toda borrada.
E agora o que faria sem o amor da sua vida? Pegou o celular e ligou:
- Atende meu amor... atende...mas ninguém atendeu. Julieta vivia o maior drama de sua existência, abandonada pelo amante aos 35 anos de idade. Isso não era justo! ligou novamente e chorando deixou um recado na secretária eletrônica:
-amor... faz isso não... me liga para a gente conversar.Você sabe sem você eu morro! Amor me liga pelamordedeus...
A vida segue, ela precisava trabalhar, mas como não estava em condições de dirigir resolveu ir de ônibus.
Seu dia começara tão lindo, estava tão feliz e de repente teve sua vida destruída. Tudo por causa da bruxa da mulher do Aderbal. Só podia ser! Ela devia ter aprontado alguma, aquela cobra! Sempre em seu caminho. Quanto mais ela pensava mais ficava enfurecida. Porém, Julieta estava decidida,não iria perder o seu homem por nada! Até mataria se preciso fosse.
Essa era a segunda vez que Aderbal tentava deixá-la. Na primeira vez Julieta tentou se matar. Tomou uma caixa de laxantes, ficou debilitada. Aderbal acuado acabou voltando.
No começo era só uma aventura extraconjugal, ele achava que Julieta era uma mulher moderna e como ele só estava curtindo, mas não era bem assim... Ele só queria sexo, ela queria amor. Ele só queria um caso, ela um relacionamento. Ele só queria variar, ela suprir a sua carência afetiva com algo mais.
Assim ela foi envolvendo, cevando Aderbal como se faz com uma caça, usando seus truques femininos e quando ele se deu conta já estava bem encrencado.
Se ele falava em dar um tempo ela ameaçava contar tudo para sua mulher, ameaçava fazer baixaria, se matar, matá-lo, matar toda a família dele.
Aderbal tinha medo, vai saber se ela não era mesmo capaz!
Mas, no fundo no fundo, Aderbal aguentava tudo aquilo porque na cama aquela mulher era fatal, capaz de tudo para satisfazer seu homem. E quando digo tudo é tudo mesmo!
No último aniversário por exemplo, ele ganhou um presente incomum, a realização de uma fantasia...uma noite de amor ardente a três. Julieta, uma amiga e ele por 24 horas debaixo dos lençóis num luxuoso chalé em Jundiaí. Quanto mais o tempo passava mais ela o surpreendia.
Só que a vida não era apenas diversão, Aderbal tinha três filhos para criar, uma esposa ciumenta e uma sogra encrenqueira, portanto, algumas responsabilidades.
Foi bom enquanto durou, mas agora era sério, iria mesmo por um fim naquela vida de prazeres.
Inconformada Julieta pensava no que fazer para reconquistar o seu amor. Ao descer do ônibus ainda chorando ela viu um cartaz colado num poste com a seguinte mensagem:
"Como prender a pessoa amada em 3 dias. Simpatia infalível! Pai Xangô mata a cobra e mostra o pau! ligue já 7777-7777."
Revirou a bolsa à procura de uma caneta. Não encontrou. Mas aquele número era muito fácil de memorizar. Depois do expediente iria marcar uma consulta, perder Aderbal é que não iria de jeito nenhum.
Às 17:00 horas em ponto encerrou seu expediente, bateu o ponto e saiu apressada. ligou para Pai Xangô que apesar de estar encerrando o seu expediente também resolveu abrir uma exceção, esperaria por ela em frente à banca de jornal que ficava ao lado da Igreja de Santana. Pai Xangô pediu a ela para ser discreta pois sua atividade era ilegal.
lá chegando ela encontrou um baiano velho,gordo e de poucas palavras que lhe entregou um papel dizendo:
-Tudo que você precisa fazer está aí, é só seguir o passo a passo, não tem como errar.
-Quanto te devo por isso? Perguntou ela.
- Cinquenta reais. Respondeu pai Xangô.
- Cinquenta reais? ! Por um pedacinho de papel?! Reclamou.
- É pegar ou largar.
Julieta não estava em condições de negociar. Pegou o papel, pagou cinquentinha e saiu apressada sem se quer agradecer.
Parou no ponto de ônibus e enquanto aguardava lia a simpatia que era o seguinte:
"Pegue uma peça de roupa da pessoa amada,uma gota do perfume da pessoa amada, amarre com uma fita vermelha e despache em água corrente. repita três vezes a frase : " você me pertence, você me pertence, você me pertence", mentalizando a imagem do objeto de desejo.
-só?!
Mal entrou em casa já foi preparando a simpatia. Mas, como estava anoitecendo seria difícil para ela ir até o rio fazer o despacho. À noite, sozinha seria perigoso, mas ela não podia parar a simpatia pela metade, senão daria errado.
Então Julieta teve uma brilhante ideia, iria pedir para o Diogo seu vizinho acompanhá-la.
Diogo era um molecote de 18 anos que passava o dia inteiro ali na rua empinando pipa, andando de skate e conversando com a galera. Gente fina pra caramba! Com certeza não iria recusar. Diogo, é claro, aceitou acompanhá- la até o rio, mas teria que ser rápido, pois ele tinha uma encomenda para levar para o Carlão da farmácia.
Os dois entraram no carro e seguiram em direção a um rio poluído que ficava atrás da rodoviária, porém, Julieta de longe, com seus olhos de águia viu Aderbal tentando deixar a cidade. Que sorte ela passar por ali bem naquela hora! Parou o carro nervosa e foi em direção a Aderbal já pronta para dar um barraco.
Diogo meio ressabiado a acompanhava pedindo calma, pelo amor de Deus!
-Seu ingrato! saindo da cidade sem me dizer nada!Abandonando uma mulher indefesa!
Aderbal colocou a mochila sobre o banco e segurou-a pelos ombros tentando acalmá-la, mas Julieta era mesmo pavio curto e quando deu por si já estava xingando, gritando, ameaçando matá-lo, fazendo aquela baixaria!
Vendo que dois policiais se aproximavam Diogo não teve alternativa, senão esconder a encomenda do Carlão da farmácia na mochila do Aderbal que estava sobre o banco.
O intento dos policiais em apaziguar a briga do casal só piorou as coisas e a situação descambou para desacato à autoridade.
Diogo saiu de fininho e os outros dois acabaram na delegacia.
Julieta pagou fiança e saiu no mesmo dia. Mas Aderbal, coitado, encontraram 200 comprimidos de Êxtase na mochila dele.
Ficou preso!
Quanto mais tentava se explicar mais complicado ficava.
Primeiro disse que não sabia o que era aquilo, depois disse que era para consumo próprio, depois disse que Pensou que fosse Viagra. Ele não sabia como aquilo foi parar em sua mochila.
Pegou dois anos de cana.
Julieta se deu por satisfeita, pelo menos seu amor ficou na cidade.
Todos os dias ela vai visitá-lo na prisão. Tem direito até a visitas íntimas.
É, a simpatia de pai Xangô e mesmo infalível! Se não prende a pessoa amada de um jeito prende de outro.
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Se eu contar você não vai acreditar...
Cerita PendekAs histórias se passam no universo cotidiano, onde as situações vividas pelos personagens podem acontecer com qualquer mortal, por mais inusitadas que possam parecer.