A Lenda da Mariposa

Sobre a lenda

Mariposas tendem a buscar enlouquecidamente a luz, atraídas pelas artificiais que as castigam até o fim de seus dias, o que provavelmente é o curto prazo de uma semana ou menos. Esse inseto é incompreendido, seus hábitos questionados e ninguém aparenta ter uma resposta plausível do por que isso acontece. Nascem assim as metáforas que podem tanto embelezar como mascarar o sentimento, o fato é: as mariposas se atraem por luz. Humanos se atraem por amor.

Como eu quando a conheci, seu rosto estrelado prendeu a minha atenção e como uma mariposa eu comecei a persegui-lo sob o controle dos meus instintos, acabei não pensando nas consequências, afinal sou uma mariposa, tenho uma vida curta e nada a perder. Enquanto ela, uma luz, é dona de tudo aquilo que ilumina e quer bem. Um amor impossível.

Luzes são intocáveis.

Vi muitos como eu morrerem, batendo suas cabeças na lâmpada por pensarem que era a luz prometida, mas que não passava de algo falso, uma armadilha aos amantes tolos que se deixavam levar por qualquer história bonita sobre um sentimento capaz de superar qualquer adversidade.

Mariposas sentem a necessidade da luz, e não me pergunte o motivo, só precisamos entender que ele existe e que mata tanto quanto afaga.

Para a minha sorte, a luz pela qual eu me apaixonei não era artificial, era a lua e o céu estrelado inteiro! O único problema é que seria tolo para uma mariposa acreditar que teria o céu estrelado inteiro para ela, pois não teria. 

Temos que saber desde o início que o mundo é compartilhado e que não se pode ter posse: eu não tive amores, eu vivi amores. Esses que desabrocharam e murcharam de forma tão intensa e rápida como a vida de uma cerejeira.

Todas as noites, busquei estar cada vez mais perto das estrelas, por vezes senti que era possível abraçá-las e as abracei. Tão forte que a troca de energias me mataria se não fosse o toque suave da lua envolvendo todo o meu corpo, e eu trocando olhares com cada estrela que me fitava sabia que viraria lenda.