Sobre Reconhecimento

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Ser reconhecido é o que todos querem, afinal
Quem não sonha em ser abordado
E ter o ego inflado, no momento errado
Quem não se admira em ser admirado?
Pode ser meia-dúzia, ou um milhão...
(Quantos milhões pra ser global?)
Seria egocentrismo da minha parte
Esperar que eu tenha meus versos lidos?
Caeiro uma vez disse:
"Mesmo que os meus versos nunca sejam
impressos,
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
Mas eles não podem ser belos e ficar por
imprimir,
Porque as raízes podem estar debaixo da
terra
Mas as flores ao ar livre e à vista.
Tem que ser assim por força. Nada o pode
impedir (...)"
Portanto, não há porque ter pressa
Se o meu mestre assim me disse
É porque é assim que tem que ser
Seria uma andorinha que não foge do inverno
Ou uma árvore que nunca dá frutos
Se eu morresse novo, nunca teria
Os meus versos floridos,
Agora nem que o meu mundo
Seja apenas eu e você,
No meio de todos os meus poemas
A gente faz esse picnic em meu jardim.



*o fragmento citado é do poema Alberto Caeiro, um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa: "Se eu morrer novo" presente na antologia Poemas Inconjuntos.

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