The accident

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Tremores. Gritaria. Choro. Desespero.

Morte.

Eu senti uma sensação que descrevi por morte. Quase como se ela me abraçasse.

Eu não conseguia distinguir o que estava sentindo, um pouco de tudo talvez. Quando me dei conta do que estava acontecendo, pensei em Lexie e em seguida tudo ficou escuro.

[...]

Abri os olhos lentamente e o brilho forte da lâmpada me fez resmungar baixinho, ainda não consegui abrir meus olhos totalmente a ponto de ver pessoas, mas podia ouvir vozes, vozes conhecidas.

- Ele acordou! – Disse uma voz que eu parecia conhecer a anos. – Ei, Mark! Consegue me ouvir? – Quando finalmente abri meus olhos por completo pude ver um rosto sorridente à minha frente. Dei um sorriso.

- Cal... – Não consegui terminar.

- Mark, meu Deus do céu! – Ela sorria tanto que eu podia prever algumas lágrimas de felicidade em seguida. – Pensei que você não ia acordar nunca. – O rosto dela se fechou automaticamente e o que eu previ estava acontecendo.

- Ei, não chore. – Falei num tom baixo e pus minha mão delicadamente na sua. – Como assim não acordar nunca? Há quanto tempo estou aqui?

- Uma semana. – Callie disse secando suas lágrimas. – Tudo bem que posso ter exagerado, mas eu estava assustada e os médicos não sabiam ao certo se você iria acordar.

- Callie? O que aconteceu? – Eu me referia ao acidente e ela sabia.

Ouvi cada palavra que ela dizia, sobre como parei ali, o quanto os médicos lutaram por mim, tudo, sem deixar nada de fora. Quando ela terminou, olhou para mim e começou a chorar novamente.

- Não chore. – Eu disse. – Eu estou aqui, certo? Vivo, acordado e com a minha melhor amiga.

- Não estou chorando por isso. – Ela chorou ainda mais.

- O que foi então?

- Arizona perdeu a perna. Eu... Eu... Quem deveria ter feito a cirurgia. Mas não consegui, tive que obrigar o Alex a fazer por mim e agora Arizona não olha nem na minha cara. Ela... Ela não entende. – Ela disse respirando fundo. – Eu acho que ela nunca vai me perdoar.

- Ela vai te perdoar. – Eu disse. – Ela é louca por você. – Callie riu em meio à lágrimas e aquilo acalmou meu coração.

- Você se lembra do meu casamento? Quando você me levou no altar ao invés do meu pai. Nossa... Como eu queria que tivesse sido meu pai, mas no fim das contas, você foi a melhor pessoa que poderia estar ali ao meu lado. – Sorri com a confissão dela. – Você é meu melhor amigo.

- Eu sei. – Disse num tom convencido e brincalhão que fez Callie revirar os olhos.

- Meu Deus! – Disse uma voz que vinha da porta. Era Derek. – Você acordou!

Ele veio em minha direção num flash me abraçando com toda a força que tinha e podia enquanto eu resmungava de dor. Ele sorria tanto de alegria que era capaz de contagiar todo o hospital. Callie sorriu ao ver essa cena e se despediu deixando-nos a sós. O que eu mais gostava na minha amizade com Derek era que nós sempre superávamos todas as diferenças que existiam entre a gente, que mesmo com todas as merdas que ocorreram tudo ficou bem e eu tenho a certeza de que sempre será assim.

- Ei, eu soube da sua mão. – Eu disse.

- É, vai levar um tempo, mas todos nós superaremos isso. – Derek disse com esperanças e brilho nos olhos.

- Lexie se declarou para mim. Antes do acidente.

- O quê?

- Lexie se declarou para mim.

- Eu entendi, só estou chocado que finalmente ela conseguiu fazer.

- Espere... Você sabia disso? – Perguntei um pouco confuso.

- Conversamos uns dias antes do acidente, só não sabia que ela realmente o faria.

- Eu não consegui dizer nada, eu não consegui dizer que eu também a amava. E ela estava ali, bem à minha frente, se entregando para mim e revelando seus sentimentos. Eu sou um patético! – Eu disse com uma leve frustação.

- Pare com isso. Você não é patético.

- Aliás, onde ela está?

- Mark... Ela est-

- Laceração facial... e teve uma consulta hoje. – Era Jackson. - Aumento de seio. De 36 para 40. Oh, não sabia que você estava aqui, Shepherd.

- Sem problemas, eu já estava de saída.

Derek saiu da sala e eu me dirigi à Jackson.

- Falou que os seios dela são bonitos como são?

- Não, ainda acho que isso é estranho.

- Eu sei que acha, mas está errado. – Eu disse. - Diga que ela é bonita como é

e, se ela acreditar, você vai livrá-la do procedimento desnecessário.

- Não é assim que eu falo com uma paciente. – Jackson disse sorrindo.

- Não, mas é assim que se fala com uma mulher. Nosso trabalho é fazer todos

se sentirem bem consigo mesmos.

- Quando você fala assim, me sinto um garoto de programa.

- Ela está desesperada, Avery. Está assustada e preocupada. Puxa. Nós nos preocupamos com coisas tão inúteis. E podemos ajudar com isso. Por isso somos médicos. Na verdade, por isso somos pessoas, mas de alguma forma esquecemos que pessoas que importam e que podemos deixá-las melhores ou piores. Nós controlamos isso, Avery. – Suspirei. - Quero que me prometa uma coisa. Se você amar alguém, fale a verdade. Mesmo se estiver com medo de não ser a coisa certa, mesmo se estiver com medo de causar problemas, mesmo se estiver com medo de que tudo desmorone... Diga. E diga alto. E você segue daí.

Jackson me olhou de forma abismada, ele sabia bem do que eu falava e quando ia abrir a boca para dizer algo eu logo mudei de assunto.

- Onde está a minha filha? Quero ver a Sofia. Avery, por que não vai à creche e a traz aqui? – Perguntei.

- Não posso trazer um bebê para a UTI.

- Não, mas pode entrar escondido. Vamos, Avery. Não seja um covarde. – Ele me olhou com negação. – Quer saber? Eu vou.

- Não, não. Eu a trago aqui.

- Meu garoto!

No momento em que Jackson saiu daquela sala, Richard veio. Eu estava com dor. Não pude deixar de perguntar.

- É o que eu acho que é?

- Não tem como saber. – Respondeu calmamente. – Vamos lidar com as coisas quando aparecerem, tudo bem? – Concordei com a cabeça.

- Preciso saber algo... Onde está Lexie?

After the StormWhere stories live. Discover now