Capítulo 6

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Assim como a manhã, a tarde foi bem tranquila. Quando voltamos do almoço, atendemos a paciente do preventivo que ficou muito animada ao ver o Dr. Benjamin. Confesso que fiquei sem graça com o tanto que a senhora flertava com ele, que se manteve sempre simpático, bem humorado e profissional.
Quando deu a hora, fui preparar a paciente de cesárea que tínhamos.
Exatamente às 15:33h nascia o bebê mais fofo que eu já tinha ajudado a colocar no mundo. Era uma linda menininha. Pra ser sincera, este foi o primeiro parto do qual eu participei e para mim foi tudo muito gratificante. Não vejo a hora de ajudar em outros.
Após todos os cuidados com mãe e filha eu pude enfim descansar um pouco enquanto não dava meu horário de ir embora.

Bebia um café enquanto comia meu último sanduíche na copa, quando vejo a Dra. Leila entrando.

— Boa tarde, Júlia! — me cumprimenta. — Você viu o Benjamin? Não o encontrei hoje...

Foi impossível a cena de ontem não vir a minha cabeça.

— A última vez que o vi ele disse que estaria na sala da diretoria revisando uns documentos, Dra. Leila. — digo e volto a bebericar meu café.

— Acabei de vir de lá e ele não está nem no consultório e nem lá. — suspira. — Se o vir fala pra ele me procurar, ok? Tem um caso que gostaria de discutir com ele.

— Tudo bem, falo sim. — concordo e a vejo sair.

Caso. Sei bem o caso que vocês dois tem para tratar: o de vocês!
Tá na cara que ele e ela têm algo, então por quê ela não liga ou manda mensagem para ele?
Tô com cara de "garota de recados"?
Rolo os olhos me sentindo entediada.

Termino meu lanche e volto para o consultório do Dr. Benjamin.
Antes de entrar bato na porta, acho que depois de ontem nunca mais abrirei uma porta, principalmente nesse hospital, sem que bata nela antes. Como não ouço resposta, volto a bater. Nada novamente. Certa de que não há ninguém no consultório, abro a porta e entro. Como imaginava estava vazio.
Caminho até a mesa e recolho os prontuários das pacientes atendidas hoje.
Ao olhar novamente para a mesa percebo algo que antes não estava ali: um porta retrato. Volto a deixar as fichas sobre a mesa e o pego. Nele há uma foto do meu chefe com os pais. Na foto todos sorriem e parecem estar se divertindo bastante. Ao fundo pode-se ver a Torre Eiffel.
Me pego olhando para o sorriso de Benjamin, seus olhos expressivos, seus cabelos desgrenhados, as tatuagens expostas e as que aparecem só o suficiente para despertar a imaginação...
Respiro fundo sentindo um calor subir por meu ventre.
Pronto, transformei uma foto em família num exemplar da "G Magazine".

Coloco novamente o porta retrato sobre a mesa e pego os prontuários.
Distraída, acabo derrubando todas as fichas no chão, ajoelhando imediatamente para recolher.
Pego e organizo as fichas ainda ajoelhada e logo que levanto e me viro para a porta de acesso a sala da diretoria, tomo um susto ao ver meu chefe, que escorado na porta me encarava.

— Aí, meu Deus! — levo a mão ao coração.

— Poxa, sou tão feio assim para se assustar ao me ver? — pergunta fingindo-se de ofendido.

— Não, não é isso! Achei que estava sozinha. — explico me recompondo do susto.

Sem graça por não saber a quanto tempo estava sendo observada, falo a primeira coisa que me vem à cabeça.

— Sua namorada está te procurando. — só depois que falo percebo o que disse e me corrijo. — Digo, a Dra. Leila está lhe procurando, doutor.

Love Is Worth Fighting ForOnde histórias criam vida. Descubra agora