The Broken Kingdoms

Capítulo 3

O príncipe de Zradca varria com os olhos o salão cheio de membros da burguesia do reino de Vita, todos eles carregavam consigo no mínimo uma adaga de ouro encravada por pedras preciosas que brilhavam de acordo como a luz refletia sobre elas. A guerra para eles ia muito além de apenas ganhar ou perder, era considerada a mais bonita e extravagante das artes.

Os olhos do homem loiro eram cheios de escárnio, mas seu sorriso enganava qualquer um que o encarasse, este era repleto de uma diversão fingida. Para todos ele lançava um sorriso galanteador e inclinava sua taça como cumprimento, sabia que sua atuação estava dando certo. Estava cansado de todo aquele tratamento pomposo que era, na realidade, cheio de falsidade. Quando um dos criados dos Tomlinsons chamou ele para o baile de boas vindas, sabia que este já estava acontecendo, pela janela de seu quarto via diversas famílias sendo teletransportadas para o local e, até mesmo algumas, chegando de carruagem. Todos aqueles nobres antes de adentrarem o castelo possuíam feições de amargura e irritação, porém, quando os viu novamente ali, seus sorrisos estavam já a postos.

Contudo, o dono dos olhos azuis reluzentes como gelo continuava a encarar algumas mulheres com encanto. A maioria delas retribuía o olhar acompanhado de um sorriso malicioso.

Afinal, precisaria de alguma coisa para fazer durante tantas horas de festa.

-Elas não valem a pena – uma voz interrompera seus pensamentos.

Johannah Tomlinson estava ao seu lado, o vestido era em um perfeito degrade, indo do tom de vermelho mais vivo até o preto mais escuro que a própria noite. O homem fez menção de uma pequena reverencia, entretanto, foi impedido pela própria mulher.

-Não sejamos hipócritas, você é tão príncipe quanto eu sou rainha – suas expressões eram severas e seu tom de voz frio. Niall não poderia negar que estava nervoso naquele momento. – Todas a mulheres que está tentando encantar esta noite, estão à procura de um homem rico como você. Se fizer algo com elas, terá de casar.

A mais velha sabia que se ficasse ali por muito tempo atrairia olhares indiscretos para cima dos dois, mas precisava ter um conhecimento mais abrangente do menino além do tamanho de sua riqueza. O jovem a encarava com surpresa, questionando-se como ela poderia saber tanto sobre aquelas mulheres.

-Talvez fosse melhor cortejar as que já são casadas – a mulher de cabelos escuros e olhos azuis que foram herdados pelos filhos virou-se para, então, se afastar.

Os pensamentos do loiro foram bagunçados pela rainha, e tomando toda sua taça de champanhe, percorreu o salão por mais alguns longos minutos, até que, por fim, criou coragem de ir falar com a mulher estava sentada sozinha no fundo da sala. Decidiu pôr seu plano de distrair-se com alguém de lado. Agora queria apenas ter uma diversão genuína, longe de malícia.

-Um sorriso ficaria bem em você, Alteza – Niall comentou irônico para a menina que tinha uma idade próxima a sua.

Os olhos da princesa brilharam ao vê-lo ali de frente para ela, aparentemente, toda a festa já estava entediante demais para uma guerreira. Ver lutas fazia seu organismo liberar bem mais endorfina do que presenciar bailes. Portanto, quando o loiro se aproximou ficara feliz que, pelo menos, teria alguém para conversar sobre isso com ela, além do mais, estava curiosa para saber como era o treinamento do reino do garoto.

-Uma espada ficaria bem melhor, Alteza – a voz delicada não combinava nada com a aparência da menina que lançou um sorriso maroto para o outro.

XX

A criada guiava o homem enquanto ajudava-o com o avental que cobria o nariz que manchava cada vez mais o tecido branco, tornando-o vermelho. Os pés dos dois flutuavam de forma desesperada e silenciosa pelos extensos corredores, eles sabiam que teriam de ser discretos ao máximo para que boatos não fossem criados. A música clássica era ouvida bem baixa no segundo andar, e Aisha só podia pensar sobre como era estranho ouvir os sons dos instrumentos ecoando ali, quase nunca eles estavam presentes. O ambiente era sempre sóbrio e quieto tendo como barulho permanente apenas o ruído dos sapatos contra o mármore.