O PESADELO

Criaturas malditas

Enquanto dirigia, Bob escutava o CD que sua filha lhe dera ano passado de aniversário.
Haviam alguns meses, pra ser mais exato cinco meses que Ana havia morrido em um acidente
de trabalho, ela que tinha oito anos acabou morrendo tendo a barriga cortada por uma
máquina de cortar madeira, desde então Bob entrou em depressão profunda, passou por
diversos psicólogos mas nenhum lhe ajudou. Depois de uma noite de muita bebedeira ele foi
hospitalizado e poucos dias depois saiu, ainda se atormentando pela morte da filha ele foi
procurar um homem, marido de sua ex- mulher, ela o culpava pela morte da pequena Ana, se
ele não tivesse a levado para o trabalho, Ana ainda estaria viva. Elivan, era psiquiatra e atual
marido de Rebeca, para ele Bob nada tinha a ver com a morte da garota e via em Bob seu
doloroso sofrimento.
Bob entra na sala de Elivan, ambos se cumprimentam e Bob deita no divan.

-Bob, como já conversamos antes, esse novo método de tratamento é experimental, não se
sabe com exatidão o que se pode acontecer ao paciente, e no estado em que se encontra eu
ainda tenho receios de testa - lo em você.

-Faça seu trabalho... Você disse que ia me ajudar então faça como disse que ia fazer.

Elivan respira profundamente, Bob fica olhando para cima, encarando o teto, o pobre coitado tira do bolso uma foto de sua filha e entrega para Elivan. Elivan acreditava que um objeto que representasse algum sentimento poderia ser mais útil no tratamento pois a pessoa ligada à ele
não focaria só a sua contração mental mas também a emocional, no caso de Bob esse experimento seria perfeito, pois ele acreditava que realmente havia matado sua filha. Elivan
devolve a foto de Ana para Bob.

-Quero que fixe seus olhos para a foto e tente memorizar detalhadamente tudo que você viu,
não deixe nada escapar, você terá dois minutos para isso, depois feche os olhos e tente se lembrar da imagem e de alguma forma se lembre do que aconteceu nesse dia.

Bob obedece, ao fechar os olhos ele tenta se lembrar dos detalhes da foto, era difícil se lembrar de todos os detalhes, mas assim que consegue ele força sua memória a se lembrar do
que aconteceu naquele dia.

-PAPAI... PAPAI... OLHA !

Ele abre os olhos e vê Ana, ela estava com um maiô rosa e na sua mão uma concha, ela vinha na sua direção sorrindo. O sol não estava tão forte, era cerca de nove horas e a praia estava tranquila.

-Ana ?! É você mesmo ?!

-Papai ?! O senhor está bem ? Parece que não gostou do meu presente pro senhor.

A garota lhe mostra a concha e estica as mãos dando aquele "presente" ao seu pai, Bob pega mas com certo receio, ele não estava entendendo nada, como foi parar ali ? E como sua filha poderia estar viva ? Talvez fosse um sonho cruel que todos os dias ele tinha.

-Eu adorei seu presente, filha ! Guardarei com muito amor.

-Papai sabia que cortar madeira pode acabar com o mundo, porque as árvores elas ajudam o planeta a viver e se o senhor continuar cortando árvores então o mundo vai acabar.

Bob sorri para sua filha e se agacha, ele coloca a concha em seu ouvido e escuta o barulho parecido do mar, a menina fica encantada e abre um enorme sorriso, seus olhos brilham,
nunca tinha passado por tal experiência, ela da saltinho de um pé
para outro e batendo palminhas.

-PAPAI, PAPAI ... O MAR ESTÁ DENTRO DA CONCHA !!

Bob começa a rir da inocência da criança, sua bela filha era uma garota abençoada, educada e tinha uma alegria contagiante.

-Não, não ... filha, essa concha não pode abrigar o mar, olha só o tamanho do mar e olha o
tamanho da concha, é impossível isso acontecer.