O PESADELO

Emanuel...

Bob achou estranho, como Elivan conseguiu aquele vídeo ? A desconfiança que ele estava tendo era por conta de tudo que estava acontecendo, ele olhou para o Dr. e era visível sua desconfiança. Elivan estranha o modo de  olhar de Bob, realmente ele estava ali para ajudar, mas Bob não via dessa maneira, para ele sem dúvida nenhuma Elivan tinha algo com os monstros.

-Como conseguiu esse vídeo ?

-Bob... Você me passou esse vídeo, pedi para que me mandasse algumas coisas suas que tivessem relação com Ana, você me passou.

Num breve momento Bob tem essa lembrança, isso realmente aconteceu, Bob estava sofrendo tanto com o que estava lhe acontecendo que sua mente já estava se danificando.
Uma vez perguntaram a um homem: Como é perder um filho ? Esse homem nada respondeu, apenas pulou da ponte e caiu de uma altura de doze metros. Nem preciso dizer o que aconteceu.
Bob pega o celular e assiste ao vídeo, Elivan vê o sorriso que o homem dava ao ver tal recordação, num momento Bob parecia estar feliz, toda angústia que vinha sofrendo parecia ter se apagado, quando o vídeo termina Bob desfaz do sorriso e seus olhos ficam tristes. Ele repete o mesmo procedimento com a foto, tenta se lembrar dos detalhes do vídeo e ao mesmo tempo se lembrar do que aconteceu naquele dia. Seus olhos fechados e sua mente trabalhando para realizar o exercício de
memorização. Novamente ele acorda, agora  no meio da sua festa de aniversário, sua filha estava em seu colo o abraçando e beijando seu rosto.

-Papai olha só, eu mesma fiz esse CD pro senhor, é um CD muito especial, porque tem as nossas músicas e também tem aquela música triste... mas tem uma bem feliz que sou eu cantando parabéns para o senhor. COLOCA PAPAI !

Ela diz em grande animação, Bob com seus olhos cheios de água vai até um aparelho de som que havia perto da tv e coloca o CD para tocar. Seu coração acelera quando ouve sua filha cantando parabéns,  ela acompanha ela mesma cantando pelo som. Bob começa a rir de sua filha e logo começa a fazer cócegas na menina, que cai na gargalhada, ele mesmo sabia que já fazia um bom tempo que não se divertia daquele jeito. Ele para com as cócegas para Ana respirar e os dois ficam se olhando.

-Filha, será que você pode me perdoar ?

-Papai eu te amo, eu nunca vou ficar brava com o senhor.

Ela continua sorrindo com o mesmo olhar meigo que sempre teve, Bob sabia o que estava acontecendo e dava graças a Deus pelo pesadelo ainda não ter começado, mas e quando começar ? Será que dessa vez poderia salvar sua filha ? Teria ele coragem para enfrentar o Lenhador ?

-ANA ... SAI DE PERTO DE SEU PAI, VOCÊ JÁ TOMOU BANHO,GAROTA, E AINDA FICA PERTO DESSE FEDOR DE SERRAGEM, VOCÊ VAI DORMIR FEDIDA MESMO!.

Bob se sente mal pela bronca que sua filha leva, ele a deixa no chão e pega em sua mão, os dois vão juntos para o banheiro, lá ele a deixa só, fecha a porta mas fica do lado de fora conversando com a menina, dessa maneira ela não estaria sozinha.

--Papai canta a música do banho.

-Pega o shampoozinho e passa no cabelinho !

-Pronto  passei

-Esfrega, esfrega, esfrega

-Esfreguei

-Pega o sabonetinho e passa no corpinho

Os dois riam enquanto cantavam, mesmo não sendo tão presente quanto queria Bob sempre dava seu melhor como pai, os problemas que ele tinha com a esposa não atrapalhava seu relacionamento com sua filha. Sempre que estavam juntos eles se divertiam muito, era um dos poucos momentos de paz que ele tinha e quando ela estava na escola tinha que suportar os insultos de sua esposa, Bob já vinha suportando aquela situação por um tempo, mas tinha medo de magoar sua filha se separando de sua mulher. Na infância Bob presenciou o divórcio de seus pais e sabia que do mesmo modo que foi ruim pra ele também seria para sua filha.
Ana não responde a seu pai, Bob estranha e seu coração bate mais rápido, dessa vez é por medo, ele fecha os olhos na tentativa de acordar, logo a porta se abre...