15 Minutos
- Foi por isso que resolveste começar a trabalhar numa linha de apoio a suicidas? Por causa da tua mãe?
- Sim.
- Achas que ela está orgulhosa?
- Eu espero que sim.
- Não tens a certeza?
- Não.
- Não deve de ser difícil. Quantas?
- Desculpa?
- Quantas vidas é que já salvaste?
- Eu não sei.
- Mas de certeza que tens uma média.
- Eu… eu não sei.
- Estás a mentir, tu engasgas-te sempre que mentes e acabaste de o fazer. Diz-me a verdade, Mary.
- Oito em cada dez.
- Uau! Isso é fantástico, Mary. Tu és boa! Aposto que já fazes isto há anos. Então, isso quer dizer que, se conseguires com que eu não me suicide, eu vou ser só mais um na tua lista, não é? – Niall perguntou, ficando irritado uma vez mais, por não ser especial para ninguém, nem sequer para Mary.
- Não isso não é verdade. Cada vida tem o seu valor.
- Ora, isso é que não é verdade! Porque se as vidas tivessem valor, elas não seriam tiradas tão facilmente… como eu o fiz. Eu matei-os… oh meu Deus, eu matei-os. – As lágrimas começaram a deslizar pelo rosto do rapaz desesperado pela segunda vez desde que estava ao telefone ao lembrar-se do que vira no seu quarto e do que tinha feito.
- Quem? – Mary perguntou, mas Niall limitava-se a chorar, o que estava a dilacerar o coração de Mary. – Niall, quem é que mataste? Niall fala comigo. – Mary insistiu, mas Niall não lhe respondia e Mary começava a temer o pior. - Niall! – Uma lágrima desceu pelo rosto da rapariga que esperava, desesperadamente, por uma resposta do homem com quem tinha estado a falar desde há quinze minutos atrás.
- Mary…
- Deus, Niall! Que susto. – Mary suspirou de alívio, assim que a voz de Niall soou do outro lado.
Muitas vezes a pessoas suicidavam-se enquanto estavam ao telefone com Mary e eles sabia-o porque deixava de ouvir as pessoas a falar e a sua respiração pesada e porque, entretanto, a chamada acabava por cair e já não se podia fazer mais nada. Isso significava que Mary tinha falhado, não tinha sido capaz de fazer nada. Uma vez mais.
- Eu matei a minha noiva e o meu melhor amigo.
- Niall tem calma, tudo se vai resolver.
- Oh, sim, claro que vai… quando eu for preso por duplo homicídio!
Mary olhou por cima da sua cabine ao ver que Layla, a rapariga que a viria substituir no seu turno lhe estava a fazer sinal, avisando-a de que o seu turno já acabara há mais de dez minutos, mas Mary não queria parar este telefonema, muito menos transmiti-lo para outra pessoa, então, ela fez sinal a Layla e sussurrou a palavra “Urgente”.
Palavra essa que Niall Horan, do outro lado da linha, ouviu, sendo que ele estava com muita atenção.
- O que é que se passa?
- O meu turno já acabou há mais de dez minutos.
- Estou a empatar-te? Ou isto é uma desculpa para fazeres horas extras e ganhares ainda mais dinheiro.
- Nem uma nem outra.
- Tens alguém à tua espera? O namorado?
- Não.
- Não me digas que és casada? Tem cuidado, quando menos esperares, o teu marido vi estar na tua cama com a tua melhor amiga.
- O quê?
- Acredita em mim, eu já vi isso acontecer. – Niall disse, soltando um riso sarcástico que rapidamente se tornou num choro doloroso.
- Não, eu não sou casada. – Mary respondeu, tentando livrar-se do nó na garganta que ela sentia cada vez que Niall começava a chorar.
- Estás-me a querer dizer que… és solteira? – Niall disse entre soluços, esfregando os olhos na tentativa de que as lágrimas parassem de cair.
- Sim.
- Hmm…
- O que foi?
- Acho que foi a melhor decisão que tomaste.
- Eu não acho que tenha sido uma decisão… não minha. – Mary desabafou num suspiro, um pensamento que se destinava mais a ela do que ao estranho que estava do outro lado da linha.
- O que é que queres dizer com isso?
- Nada.
- Mary. – Niall chamou, como que num aviso que fez com que Mary suspirasse frustrada.
- Eu acabo sempre por ser aquela que é abandonada.
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30 Minutes [Niall Horan Fanfiction]
FanfictionEm sete dias, Deus criou o mundo. E em sete segundos, Niall destruiu o seu.