Um Arquiteto Mal Humorado

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Nathan's point of view

 Brasil - RJ

Estava ocupado olhando uma papelada, no maior tédio. Até alguém bater na porta e eu ver a pessoa mais irritante do mundo. Ele fecha a porta e senta na poltrona do outro lado da mesa que ficava de frente pra mim.

— E então? O que está achando disso tudo? — Vítor pergunta.

Vítor também pode ser chamado de meu pai. Mas tem anos que eu não o chamo assim, não mais.

— Uma merda. — digo sem tirar a atenção dos papéis.

— Uma hora você se acostuma, daqui a alguns anos quem sabe.

Olho para ele e cruzo as mãos apoiando elas encima da mesa e dou meu melhor sorriso irônico.

— Mais alguma coisa?— pergunto sem paciência.

Ele suspira e ajeita a gravata do seu terno.

— Que você goste de trabalhar na empresa, um dia você ocupará o cargo de vice-presidente.

Mais uma vez com essa história, já não basta ter me obrigado a abandonar meu sonho para trabalhar na droga da empresa.

— Um dia o Bruno ocupará o cargo de presidente. Mas cadê ele? Não o vejo aqui, porque esse dia ainda não chegou.

— O Bruno não é meu filho, mas você, você sim é meu filho.

— Eu não sou seu filho. — digo aumentando o tom de voz.

— Bom, espero que se acostume logo, porque essa é sua vida daqui pra frente. — ele levanta e saindo da sala.

Bato com a mão na mesa e me levanto. Vou até a enorme janela de vidro que ficava atrás de mim e olho aquelas pessoas passando na rua. Por que eu não posso ter o apoio do meu pai? Quando o Bruno fez a faculdade de engenharia, ele não precisou parar de fazer o que gosta para trabalhar nessa maldita empresa. Pego meu paletó de trás da cadeira, coloco ele e saio do prédio. Entro no meu carro e vou embora.

Chego à minha casa e bato a porta. Jogo o paletó no sofá e retiro a gravata. Tiro meu sapato e vou até a cozinha. Pego um copo, coloco gelo dentro seguido de uísque. Pego a garrafa e vou pra sala. Coloco os pés encima da mesa que tinha no centro e bebo o líquido do copo tudo de uma vez. Faço isso várias vezes até a garrafa ficar vazia. Acabei pegando no sono ali no sofá.

Acordei com uma enorme dor de cabeça, mas nem me importava mais, depois de anos bebendo.
Tomo um banho bem gelado e coloco outro terno, dessa vez cinza. Vou pra cozinha e peço pra Letícia fazer um café bem forte.

— Esse está bem forte senhor. — ela coloca uma xícara com café na bancada de granito.

— Obrigado, Letícia.

Bebo o café e pego as chaves do carro. Pela hora eu tinha que ter chegado à empresa há meia hora. Mas eu parei no caminho pra comprar um sanduíche.

— Senhor Ávila, estão esperando por você na sala de reunião. — disse a minha secretária qual não lembro o nome.

— Reunião?

— Sim, uma reunião de última hora.

Reviro os olhos e volto para o elevador. Entro na sala de reuniões e todos os olhares são direcionados a mim. Meu tio Luiz estava sentando no mesmo lugar de sempre e ele tinha um sorriso divertido no rosto. E Vítor mantinha uma expressão séria.

— Bom dia. — digo sentando no meu lugar.

— Bom dia. — disseram todos em sincronia.

— Agora que o adorável Nathan chegou, vamos começar a reunião. — disse Luiz.

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