Capítulo 4

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Deborah...
  
   Dei uma passada rápida no meu armário, peguei a minha bolsa e caminhei até a saída achando que o Christopher estaria me esperando. Mas como era de se esperar, ele não estava mais lá, peguei a minha bicicleta e fui buscar o meu irmão na escola. Gosto quando o vento bagunçando os meus cabelos e ajuda a clarear os meus pensamentos.

   Assim que chego a professora o guia até onde estou, Max tem 5 anos e quando tinha 2 anos foi diagnósticado com autismo. Ele é muito inteligente, mais também é muito quieto e não tem amiguinhos como qualquer criança da sua idade teria. Desde que descobrimos o que ele tinha nas vidas passaram a ser guiadas por suas necessidades.

   _ Oi._ digo quando ele chega perto_ Obrigado professora.

   _ Tchau professora._ é só o que ele diz e segura a minha mão.

   _ Vamos._ ele sobe no bagageiro e logo segura na minha cintura_ Se segura, Max.

   Vamos direto para casa, geralmente quem vem pegar o Max na escola é o meu pai mais o trabalho dele vem nos obrigando a fazer rodízios. O escritório está tomando muito do tempo dele. Ao que parece, essa viagens são uma preparação para uma possível promoção.

   Logo quando dobro a esquina avisto um carro parado bem em frente a minha casa, quando chego mais perto reconheço o carro e vejo o seu dono sentado no banco que fica na nossa varanda. Não acredito que ele veio até aqui depois de ter me deixado plantada no bicicletário.

   _ O que está fazendo aqui?_ pergunto deixando a bicicleta de lado e caminhando até ele.

   _ Esqueceu que combinamos de estudar esta tarde?_ ele pergunta com certo sarcasmo na voz_ Quem é esse garotão?_ ele pergunta olhando para o Max.

   _ Esse é o meu irmão mais novo, Max._ ele sorri para mim e se abaixa para ficar na altura de Max.

   _ Toca ai._ ele estende a mão para o meu irmão, para a minha surpresa Max sai de perto de mim e aperta a mão dele_ Podemos entrar?

   O encaro por um tempo e depois vou abrir a porta. Max vai direto para o quarto, provavelmente deixar a sua mochila e pegar um de seus brinquedos favoritos.

   _ Senta ai._ indico o sofá para ele_ Quer uma água ou um suco?_ posso não ir muito com a cara dele mais sou educada.

   _ Eu estou bem obrigada.

   Começamos a estudar e dessa vez consegui fazer com que ele se concentrasse e até mesmo acertar alguns cálculos. Uso o método de ensinar com base em algo que ele gosta muito de fazer.

   _ Viu._ digo o encarando_ Não foi tão difícil assim.

   _ Porque você é uma ótima professora._ ele se aproxima perigosamente_ Espero poder recompensar você algum dia pelo que tem feito por mim.

   Ele chega mais perto a ponto de nosso hálito se fundir, estava tão perto que poderia me beijar. E talvez ele teria feito isso, porém um barulho vindo do andar de cima me fez acordar. Eram gritos que vinham do quarto do Max, corri o mais rápido que pude para saber o que havia acontecido. Ao chegar vejo Max tendo um ataque e o seu brinquedo quebrado ao lado.

   _ Calma, Max._ chego perto dele e tento atrair a sua atenção_ Vai ficar tudo bem._ ele me olha porém ainda esta se balançando para frente e para trás_ Vai ficar tudo bem. _ ele começa a se beliscar e seguro a sua mão _ Não, você não pode se beliscar. Eu vou consertar o carrinho.

   _ Porque ele está assim?_ Christopher se aproxima, nem sabia que ele tinha me seguido.

   _ O carrinho quebrado._ falo sem desviar meu olhar para que Max não ficasse mais agitado do que já estava.

   Aos poucos ele vai se acalmando, desço com ele, vamos para a sala, ligo a TV e coloco no desenho favorito dele que logo fica entretido. Me volto para Chris que está prestes a falar algo, mas é interrompido pela entrada da minha mãe.

   _ Filha olha só quem veio nos visitar._ minha mãe fala toda animada.

   _ Cadê o abraço sua tia preferida?!_ fala tia Helena.    

   _ Tia, quanto tempo._ a abraço_ Vai jantar com a gente hoje?

   _ Sim._ ela olha ao redor e foca em Christopher_ E quem é esse? Me apresenta Debbie.

   _ Pode me chamar de Chris._ ele se apresenta_ Acho que já vou indo.

   _ Você não vai ficar pra jantar com a gente?_ pergunta a minha mãe.

   _ Eu adoraria mais os meus pais estão me esperando pra jantar em casa._ ele se despede da minha mãe e da tia Helena_ Até mais amigão._ Max desvia sua atenção da TV e vai até ele e o abraça nos surpreendendo mais uma vez.

   Levo ele até a porta e nos despedimos. O jantar seguiu tranquilo, tia Helena disse que ficaria com a gente por alguns dias até o meu pai voltar, eles não se dão muito bem. Ajudei a minha tia a tirar a mesa e a por a louça para lavar enquanto a minha mãe colocava o Max para dormir. Me despedi delas e fui direto para o banheiro tomar um banho e fui para o meu quarto.

   Fiz as minhas lições de casa, peguei o meu violão e comecei a dedilhar. Enquanto fazia isso não parava de pensar em como Max e Chris se deram bem, nem o Eddie que é meu amigo a muitos anos se dá tão bem com ele. Deixei o violão de lado, arrumei os meus lençóis e deitei. Não demorou muito para que eu caísse no sono. 

Um Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora