Capítulo 20

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                           Karol:

    Eu suspirei e, mirei os olhos de Valentina, ela realmente parecia preocupada.

Karol: Samuel. - disse com uma única palavra, que respondia a dúvida da loira.

Valen: O que ele fez desta vez?

Karol: Ele me beijou a força, e se não fosse por estarmos no refeitório, teria ido além, mas contra a minha vontade.

Valen: Quando eu ver este nojento, ele estará ferrado! - eu soltei uma gargalhada e, afastei a roupa de hospital, dando vista para os arranhões que ele causou na minha perna direita.

Valen: Como ele fez isto?

Karol: Quando eu tentei me afastar, ele me pegou no colo e, apertou a minha perna, ele foi mais forte que eu. - no mesmo tempo meus olhos estavam marejados e, senti aquela água meio salgada, saindo dos meus olhos e, escorrendo pela minha face.

Valen: Amiga,  o importante é que agora está tudo bem. - disse me abraçando. - Mas certeza que foi somente ele que causou os seus cortes, ou teve outro alguém? - eu suspirei, ainda partia meu coração falar sobre isto.

Karol: Foi ele. - ela já sabia de quem se tratava.- Ele sabia que, eu estava em um momento difícil da minha vida, eu tinha acabado de ser abusada pelo o seu irmão e pelo meu próprio pai, tinha acabado de ser torturada e humilhada pela Franchesca. Eu quase havia perdido a vida, e mesmo sabendo disso, ele não lutou para ficar aqui, comigo, ele me deixou só, em um momento delicado em que, eu precisava de total apoio dele. Sei que parece loucura, mas juntou tantas coisas que, a minha única saída era a lâmina.

Valen: Eu sei, mas porque não falou conosco, a gente poderia ter encontrado outra forma de, você sair dos seus problemas.

Karol: Acontece que, a minha vida é um eterno desastre. Eu fui abandonada pelo meu pai, e o mesmo cometeu homicídio contra a minha mãe. Eu fui colocada em um internato, pois para o meu pai adotivo, era a melhor opção. Eu fui humilhada, machucada fisicamente e emocionalmente no início da adolescência. Eu sofri uma ilusão amorosa muito nova. Fui abusada e torturada. Aos dez anos já tinha pensamentos suicídas. Essa era, e ainda é a minha vida, ela se resume em, meu coração se despedaçando, sendo jogado no chão e, pisoteado por pessoas cruéis. Não há saída. E eu fiz isto pois, eu havia cansado de tudo isso, cansado de viver, eu queria poder acordar e, ver tudo preto, ver uma tela cinza e sem vida diante dos meus olhos, esse era o meu desejo. E Ruggero sabia de tudo isto e, mesmo assim, não se importou em ficar, e nem ao menos me ligar para ver como me encontrava, e isto não é amor. - ela não sabia como me responder, por isto me abraçou e, passou a tarde toda comigo, eu precisava de uma distração, mas ainda sim, continuava a pensar que, assim que conseguisse, eu tentaria novamente acabar com toda esta dor!
...

                          Ruggero:

-Pasquarelli, você não virá ver como Karol anda?

_Acontece Bernasconi que, eu não consigo, meu pai não permite.

-Mas Ruggero, ela quase morreu, por sua culpa, o mínimo que deve é, se preocupar como ela se encontra.

_Eu sei mas realmente não consigo. Tenho que desligar.

     Falar aquilo me partia o coração, mas meu pai me obrigava a tudo.

Bruno: Muito bem filho. Agora poderá viver aqui comigo, sem uma namorada que te prenda em Buenos Aires. - eu apenas assenti com a cabeça, em sinal de ironia.

Rugge: Eu vou para o meu quarto.

Bruno: Tudo bem filho, mas lembre-se que, amanhã irá acordar cedo, para conhecer a sua nova escola, Oxford.

     Eu apenas segui em direção ao meu quarto, chegando lá, eu me tranquei e, joguei-me na cama. Aquela dor de, saber que eu devia fazer algo, por nós, mas não podia, me consumia cada vez mais. Eu deixei a Karol lá, só, e aquele foi o resultado, eu me sentia péssimo, eu devia estar lá com ela, mas não dava. Era impossível.

     Ao lembrar-me dos momentos que passamos juntos, eu molhei meu travesseiro em questão de segundos, foi tudo tão lindo e, saber que acabou assim, era de partir o coração.

     Eu abraçava o travesseiro, como se fosse ela, tentando me livrar da culpa misturada com saudade, mas não funcionava. Nada nem ninguém seria como ela foi para mim. Ela foi única, foi minha Lua em meio as estrelas. Era muito especial para mim e, sempre será!
...

Todo Vuelve A Empezar - Ruggarol 💘Onde histórias criam vida. Descubra agora