Kim Taehyung: "As folhas do Diário" [Concluída]

Capítulo 03

Gênero: Fanfic

Já são 9:00 da noite, voltei do colégio, tomei um banho, fiz tudo que uma pessoa faz durante o dia e mais uma vez estou jogado na cama do meu quarto, tentando fugir da cansativa rotina de ter que ouvir os meus pais brigarem pra saber quem vai ficar com a casa quando se divorciarem.
Ligo a televisão, mas não está passando nada que eu não tenha assistido. Fico olhando para o teto por alguns minutos, até me lembrar do livro de s/n que peguei da mesa dela. Apanho o livro da mochila; tem uma capa de cor rosa e alguns pontos azuis nas extremidades - parece ser um Diário, só que sem cadeado. Penso em não abri-lo, a vida inteira de s/n pode estar aqui, mas me lembro da minha vontade incontrolável de saber mais sobre ela, então abro o diário sem pensar muito. A primeira folha está em branco, passo para a outra página, mas continua sem nada escrito. Que estranho... Noto que todas as folhas do diário estão em branco. Isso me deixa muito curioso; O que ela tanto lê neste diário na sala de aula se não há nada escrito? Sei lá, sempre que a vejo no fundo da classe ela está olhando para ele com a cabeça abaixada.
No dia seguinte, converso com o meu pai e os ônibus voltam à circular normalmente. Vou para o Colégio e lá está s/n, no fim da sala; só que desta vez ela não está olhando para baixo como de costume - deve ser porque está sem o diário. Vou até ela e coloco o diário sobre sua mesa.
"Você esqueceu ontem..." S/n apenas sorri. Depois se levanta e sai. Eu a sigo, pois imagino que deve estar indo novamente no estúdio. E estou certo; entramos os dois juntos. O mais engraçado é que s/n só conversa normalmente comigo quando estamos aqui, no estúdio de dança.
"Ele ficou bom.", ela diz pegando algo na bolsa.
"Também acho que ficou bom, mas falta alguma coisa... precisa de um nome.", olho pra s/n.
"Você tem alguma idéia?", arqueia as sobrancelhas.
"ah... sei lá... aqui é um lugar diferente, secreto, foi aqui que começamos à conversar... é como se a nossa história estivesse sendo escrita toda neste lugar...", penso no misterioso diário de s/n, suas folhas são brancas e ainda não foram preenchidas, isso me dá uma ideia ótima: "Por que não chamamos aqui de "As folhas do Diário", é um secreto e estamos escrevendo a nossa historia neste lugar...
"Tem razão Tae! Diários costumam ser secretos... eu gosto desse nome.", diz sorrindo e caminha até mim.
Começamos à praticar no mesmo ritmo; os braços, as pernas, o corpo todo em sintonia, mas interrompemos a dança quando s/n toca em algo que emite um som, é como som de piano. Olhamos para o objeto que está coberto por um pano escuro, descobrimos o mesmo e sim, é um piano velho.
"Um piano? Por que tem um piano aqui?", pergunto, achando totalmente estranha a presença do instrumento.
"Esse deve ser o estilo de música que praticavam aqui no estúdio...", s/n responde. "Você toca?", me olha.
"Sim... os meus pais não queriam que eu fosse uma criança desocupada e me colocaram em aulas de instrumentos... não adiantou muito né...", dou risada e vou até o piano, me ajeitando para tocá-lo. Começo o meu trabalho mas paro assim que toco as três primeiras teclas.
"O que foi?", s/n pergunta, estranhando minha atitude.
"S/n... dance aquela coreografia que praticamos juntos certo dia.", peço, e mesmo tímida, ela começa a dançar. Toco o piano de acordo com os movimentos lentos de s/n, que aos poucos se tornam rápidos. O som da melodia é melancólico; é como dançar a partir do choro de alguém. Vai ficando cada vez mais rápido, mas uma das teclas se rompem e s/n erra o passo, caindo no chão. Corro para ajudá-la.
"Você está bem?", pergunto, levantando ela pelos braços.
"Estou sim... o que houve com o piano?"
"Uma das teclas se rompeu...Preciso concertá-lá", respondo sério, e do nada o clima fica quieto e tenso. O dia se torna frio e nublado e nós dois nos sentamos juntos, no chão do estúdio. Um silêncio absurdo envolve o lugar, até s/n quebrá-lo:
"E quando acabar?" me olha com o rosto sério.
"Quando acabar o quê?"
"Isto tudo... você não acha que vai durar para sempre... não é?" Abaixo a cabeça.
"Mesmo que dure apenas hoje, já está sendo bom para mim.", termino a frase com um sorriso no rosto. "É como se anos estivessem passado, temos intimidade de melhores amigos em tão poucos dias", abraço s/n. E depois disso, concertamos o piano e ela volta a dançar enquanto eu toco a música de acordo com seus passos.