Broken

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Holmes Chapel 

18 de Maio de 1999

11:00 P.M. 

*Harry* 

O trovejar nos céus, o vento a mais de vinte por hora, invadia a pequena cidade da Inglaterra aquele ano, os galhos das árvores batiam contra a janela do quarto do pequeno Harry, as luzes dos postes formavam desenhos na parede, desses medonhos e assustadores, ele estava assustado e gritava do seu quarto por ajuda – Harry era um garoto que se assustava fácil com as coisas de terror – fora que aquele dia sua irmã Gemma o deixou assistindo um filme de terror com ela, ainda lhe contou histórias bem arrepiantes. De alguma forma aquilo afetou o psicológico da criança, que já era vulnerável demais. 

Harry percebeu que seus gritos eram o mesmo que nada, as sombras ainda o assustava e ele não sabia o que fazer, começou a chorar, prometendo pra si mesmo que não cairia nas lábias da irmã da próxima vez. O pequeno arrasta seu corpo pela cama, indo direto para de baixo dela, chorou e decidiu que voltaria a gritar por ajuda, até que ficasse sem voz. 

Ele não gostava de ser um garoto de cinco anos medroso assim, afinal metade dos seus amigos da escola consideravam grandes meninos, que enfrentavam tudo o que lhes causava medo, enquanto Harry fugia de todos. Como fazia agora, olhou para a janela, vendo os galhos baterem com mais força igual ao filme, tremeu já se preparando para que ela quebrasse e seus galhos o puxassem para fora. Harry esconde o rosto entre as pequenas mãozinhas, pedindo para que alguém aparecesse a tempo de todo aquele tormento passar. 

— Harry! — Ouviu a porta sendo aberta fortemente — Harry, aonde você está? — Aquela voz grossa e dura do seu padrasto, o chamava de longe, o que ele iria fazer?

Precisava de ajuda, Robin era o único que poderia fazer isso.

— Estou aqui! — Colocou parte da cabeça para fora, afim de mostrar seu rosto para o mesmo.

O padrasto arqueou a sobrancelha, não entendendo absolutamente nada do que se passava. 

— O quê houve? — Se aproximou calmamente. — Você caiu da cama? — O questionou mas a criança apenas negou com a cabeça — Então o que foi? 

— Monstro. — Apontou para a janela.

Robin seguiu seus dedos, ainda mais confusos. 

— Ora, é apenas a chuva Harry, não à nada lá fora. — Riu o mais velho — Vamos, saia daí e volte a dormir. — Pediu esticando a mão.

Harry sabia que se isso acontecesse, algo de ruim poderia vir a tona, não era isso que ele queria. Portanto negou com a cabeça, indo mais para o fundo da cama. 

— A Gem disse que eles vão me pegar enquanto estiver dormindo. — Explicou abraçando os próprios joelhos.  — Igual ao filme de terror que assistimos hoje, onde o menino foi arrastado pra fora da casa. 

— Por que estavam assistindo esse tipo de filme? — Robin cruzou os braços acima do peito, deixando ainda mais sua cara de pai, naquele pijama azul listrado que usava. 

— Aham, ela colocou escondido, mas não conta pra mamãe se não ela vai nos brigar! — Balançou a cabeça em negação — Ela me desafiou papai, porque eu sou medroso, diferente de todos os meninos com quem estudo, então eu fui provar que eu conseguia. Mas nada mudou, continuo sendo um bebezinho medroso. — Fungou baixinho. 

Suas mãos ainda estavam tremendo, seus pequenos olhos verdes não desviavam da janela medonha do seu quarto. Robin soltou um longo suspiro, se aproximou de onde o Harry estava, com as pontas dos dedos puxou sua calça para cima e sentou-se no chão. Harry era quem não entendia nada agora, mas continuou ali no seu lugar em silêncio, observando seu padrasto fitando alguma coisa. 

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