Olhos de Fera

Capítulo 2 - A Marca

POV *Dominic*

Voltei à minha forma humana e aproximei-me da jovem deitada no chão. Os compridos cabelos acizentados da rapariga, estendiam-se no chão e no corpo, tapando-lhe os belos seios arredondados. Abaixei-me e afastei os fios de cabelo que lhe tapavam o rosto. Verdadeiramente uma jovem muito bela. Tão bela, que me deixava excitado de tanta beleza. Pena que é uma felina. A respiração leve, confirmou que a jovem ainda se mantinha viva. Suspirei e peguei-a ao colo, tapando-a com o cabelo dela, visto que mesmo eu, estava nu, sem qualquer tipo de peça de roupa para a tapar. Subi as escadas de madeira da entrada e empurrei a porta de madeira envernizada.

- Dom, acabaste com o bichano? - Perguntou Lucas, sem tirar os olhos da televisão. Lucas é um dos integrantes da minha matilha, sendo um dos fortes do grupo.

- De certa maneira, sim. - Respondi, colocando a jovem deitada no sofá, chamando a atenção de Lucas.

- Uma mulher? Pensei que fosse um homem.

- Eu também pensei que fosse um homem, até ela se transformar. Ela ainda é uma adolescente. Não cheira como um felino adulto e a aparência dela, confirma. Nunca me  passou pela cabeça que uma mulher tivesse a coragem de nos seguir, sabendo que podiamos acabar com a vida dela em segundos.

- Ela faz jus à espécie dela. Ela é muito linda. Uma autêntica gatinha. - Peguei num cobertor castanho e cobri o corpo da jovem, proibindo o Lucas de continuar com o seu olhar tarado. - O que vais fazer com ela?

- Mantê-la presa.

- Eu tinha planos mais divertidos. - Lancei um olhar ameaçador a Lucas.

- Ninguém vai pôr um dedo nela. É proibido relações entre espécies. Ela vai ser nossa prisioneira e a nossa isca para atrair os outros felinos.

- Tenho pena dela.

- Ela é uma inimiga.

- Então, como foi matar o gatinho curioso? - Perguntou Hannah entrando na sala. O olhar dela prendeu-se na jovem rapariga deitada no sofá, com as marcas das minhas mordidas, que ainda sangravam. - Quem é ela? Ela tem o mesmo cheiro dos felinos.

- Ela é a gatinha curiosa. - Respondeu Lucas.

- Uma rapariga? Pensei que fosse um homem...

- Bem vinda ao clube dos enganados. - Brincou Lucas, piscando o olho a Hannah.

- Hannah, preciso que arranjes roupas para a rapariga.

- Dominic, estás a querer dizer, que essa felina vai ficar aqui? Uma felina na nossa casa?

- Sim. Vai ser a nossa prisioneira. Eu cuidarei das feridas dela e depois com a ajuda de uma outra mulher, preciso que a banhes e que a vistas. Ela acordará em breve e quando acordar, é necessário ela já estar presa. Não há necessidade de a matar. Será mais fácil se a mantivermos viva e a usarmos em nosso benefício.

- E vais prendê-la onde?

- Na sala de vidros, usada para as crias que ainda não andam.

- E as nossas crianças vão ficar onde? São crias recém nascidas. Precisam de um lugar ambientado a elas.

- Num quarto que esteja vazio. Pelo menos por enquanto. Sem discussões. - Hannah estalou a língua, não gostando do que eu ordenara, mas obedecendo, começando por ir até à sala de vidros, para informar a mudança. - Lucas, preciso que me ajudes a tratar das mordidas que lhe dei.

- Acho que não é necessário. - Olhei para Lucas e depois para a jovem. As feridas, estavam a curar-se lentamente. O mesmo poder da cura que nós possuímos, mas muito mais lento. - Não sabia que os gatos também se curavam mais rápido que o normal.