Capítulo 8 - Controle

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POV * Dominic*

Eram apenas três e meia da manhã e fazia meia hora que eu encarava o tecto do quarto, deitado na minha cama, enquanto ouvia os ruídos dos móveis a serem arrastados e os gritos de Lia, que dava ordens a algum pobre coitado que ela obrigara a trabalhar para ela.

Suspirei e levantei-me da cama, deixando fechadas, as cortinas castanhas da janela. Acendi a luz, peguei numa toalha e entrei na banheira, esperando a água morna vir. Coisa que não aconteceu. Acabei por tomar um banho de água gelada, pensando na discussão que iria ter com a culpada de não haver água quente.

Saí da banheira, com a toalha enrolada na cintura e peguei numas calças de ganga escura e numa t-shirt preta. Os gritos de Lia continuavam, mas agora eu podia ouvir também os resmungos de Lucas, Thiago e Ivan. Até imagino a confusão que lá vai em baixo.

Quando desci, vi a Lia, vestida com um vestido vermelho curto e justo, com o cabelo preto ondulado cheio de rolos de metal, correndo de um lado para o outro, dando ordens a Lucas, ao Ivan e ao Thiago. A cara deles era de poucos amigos, o que me fez ter pena dos meus irmãos mais novos e do meu amigo. Mas antes eles do que eu. A minha paciência com a Lia esgota-se bastante rápido.

- Domi! Ainda bem que resolveste aparecer! - Gritou, animada, a minha irmãzinha mais nova, correndo na minha direção e batendo palmas de felicidade. - Precisamos de mais um par de mãos. Só eles os três não estão a dar conta do trabalho todo que temos pela frente.

- Esquece, Lia. Eu não irei fazer nada. Já fiz mais que o suficiente ao dar-te autorização para fazeres a festa. Se soubesse que irias começar a fazer barulho às três da manhã e que irias gastar praticamente toda a água quente, teria recusado. E para quê esses rolos na cabeça?

- Se eu não fosse mulher seria homem, Domi. É necessario ter-mos tudo pronto para a festa e não temos muito tempo. Quanto à água quente, hoje é um dia especial. Tomei um banho bastante demorado com bastantes sais para relaxar. É o meu dia. Mereço. E isto não são rolos normais. São rolos de ondulação. - Revirei os olhos. Vá-se lá entender as mulheres. Se ela já tem o cabelo ondulado, porque usar os tais rolos de ondulação? - Continuando, não te vou fazer perder muito tempo. Só preciso de uma ajudinha do meu maninho mais velho. Estes três idiotas parecem meninas com medo de partir uma unha cada vez que pegam em alguma coisa.

- Uma ajudinha para ti é praticamente horas de trabalho forçado. Não contes comigo.

- É injusto nós os três termos de levar com a pirralha! - Resmungou Thiago.

- Eu não posso ouvir mais a voz dela. Estou a ficar louco! - Resmungou Lucas.

- Eu fui tirado da minha cama à força pela Lia! Eu quase perdi um braço! - Resmungou Ivan.

- Calem-se e trabalhem! Se me voltarem a chamar de pirralha vão desejar não ter nascido.- Ordenou Lia, com os braços cruzados, olhando para os três com um olhar ameaçador. - Domi, tu és o meu irmão favorito...

- Nós também somos parte da família! - Desta vez foi Ivan que resmungou, pegando num armário com a ajuda de Lucas.

- Eu nem da família sou e também aqui estou. - Disse Lucas. - Só Deus sabe o medo que tenho a essa pirralha. A minha mãe é um anjo ao lado dela.

- Lucas, se não te calares, podes ter a certeza de que amanhã vais acordar castrado! - Gritou, Lia, com o ar de mandona. O que aconteceu à pequena anjinha que eu tanto amava e que sempre andava com um sorrisinho no rosto? Agora mais parece um demônio com cara de anjo.

- Não serias capaz...

- Ninguém imagina do que eu sou capaz. Se eu digo que te castro é porque te castro mesmo. Não me testes!

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