Valentina tocou os lábios pela milésima vez, relembrando o beijo que retribuiu no restaurante. Theo em si parecia um carro desgovernado, em alta velocidade na estrada e sem tempo para evitar uma colisão.
Nada naquele homem era atribuível para amar, exceto a beleza física e o carinho falso.
Ela nunca conheceu nenhum homem daquele tipo. Nunca namorou, embora tenha amado um garoto na adolescência que esmiuçou-lhe o coração. Em sua inocência ilusória, imaginava-se casando com ele após o colegial até descobrir o farsante por trás da máscara de um bom garoto.
Valentina não conseguia mentir, principalmente sustentar uma mentira daquela. Além da consequência punitiva imposta pelo "noivo," em casa, o casamento de seus pais estava por um fio.
Silvana já não confiava mais no marido e dormia no quarto de hóspedes. Precisaram se mudar para uma casa menor, pois, Júlio pediu demissão da empresa — coagido por Theo.
A história plausível foi capaz de convencer qualquer um. Iniciou-se então o processo seletivo interno para promover o próximo diretor financeiro. Traduzindo: "tudo estava indo de vento em popa."
Theo não parava de pensar na noiva de mentirinha. Sua atração por ela foi avassaladora. Os hormônios ficavam a flor da pele toda vez que a via ou pensava nela. Conforme a conhecia, repudiou a crença dela — os princípios, por assim dizer — , parecia um pouco com a falecida mãe.
Ele propôs à si mesmo que a faria se arrepender de acreditar em um ser inexistente e aquelas palavras de "paz." O pouco que se lembrava da mãe, algumas memórias "mofadas" haviam sido lançadas no mar do esquecimento. Só retornaram após Valentina mencionar uma parábola bem conhecida.
Ao deixá-la no local de trabalho, flagrou a cobiça dos homens, embora a ingênua não tivesse percebido. A esperou desaparecer de vista enquanto o sentimento de posse invadiu o coração dele. Alisou a barba modelada, ponderando as ideias malucas e diabólicas que pensava. Segundo ele, faria o que quisesse e nada poderia impedi-lo.
Voltando a focar na tarefa que concluía, recebeu o comunicado de uma das recepcionistas, avisando sobre a presença de Valentina. Sabia o motivo dela estar ali e certamente esperava que isso acontecesse.Não demorou para que ela abrisse a porta sem cerimônia.
— Sim? — Theo sequer olhou para frente, terminando de digitar algo no tablet.
A fragrância feminina o fez aspirar o perfume com essência de morango e champanhe e ajeitar lentamente as costas na cadeira. A fúria visível no rosto dela elevou o nível de satisfação.
— Por que não está no trabalho? — Perguntou, tranquilamente.
Valentina avançou até a mesa, apertando a alça da bolsa.
— Canalha! — Espalmou as duas mãos na superfície amadeirada, chapiscando raiva nos olhos.
— Foi você, eu tenho certeza!
Theo quis rir. Ela parecia tão sexy com as bochechas rubras e os olhos marejados.
— O que eu fiz dessa vez?
— Dissimulado! — Berrou, tirando a bolsa do ombro e a lançando sobre ele. Theo rapidamente a segurou, travando o maxilar, de repente. — Você me fez perder o emprego. Até parece que eu cometeria um erro daqueles.
Theo jogou o objeto no chão, sem importar com a voz alterada. Afinal, a sala possuía isolamento acústico. Então, ninguém podia escutar do lado de fora.
— Primeiro — Ele arrasta a cadeira pra trás, ficando em pé. — Você tem prova que fiz isso?
— Isso aconteceu três horas depois que você me levou á empresa. Até a desculpa que o gerente deu foi esfarrapada. Eu não fazia um trabalho defeituoso.
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Rendido ao amor ✓ (VERSÃO NOVA)
SpiritualTheo Maldonaro é um belo CEO e bilionário conhecido, mas nunca conheceu o amor. Isso porque seu passado sempre foi cheio de traumas, tornando-o frio, cruel e implacável. Quando ele descobre a traição do diretor financeiro mais confiável da empresa...