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C O V A R D I A

A casa do Brian estava restrita apenas a amigos próximos, pude notar. Todos que eu via nos finais de semana trabalhando no Diamond's Choir estavam espalhadas pela pequena sala de estar e, exceto por Brian, todos ficaram surpresos ao me ver. Para ser honesta, não quero lidar com as provocações de Mackenzie hoje, então não vou cumprimentá-la justamente por saber o que aconteceria. Tessa está jogando Just Dance com Isaac e Landon, enquanto Brian está pedindo algumas pizzas para todos dividirem. Exceto eu, que estou estufada de tanta comida japonesa. Enquanto presto atenção em quem está jogando, vejo que Chase me observa de longe o tempo todo, como se eu pudesse desabar a qualquer momento. Bom, mesmo que eu não esteja nada bem, não gosto de demonstrar minhas fraquezas na frente de outras pessoas. Talvez seja por isso que me orgulho tanto da raridade que é eu me emocionar por algo; saber conter as emoções — tanto boas como ruins — pode ser ótimo em alguns casos. Em outros, nem tanto. Dizem por aí que acumular sentimentos ruins pode resultar em desgaste mental e emocional, que resulte em uma explosão que poderá afetar todos a sua volta. Com os sentimentos bons é diferente. Muitas vezes ouvi aquela frase que diz "o que ninguém sabe, ninguém estraga". É uma meia verdade. Qualquer que seja a conquista ou o motivo de se estar feliz, pode atrair algumas conspirações negativas de pessoas que não tem algo melhor para fazer. O bom e velho ditado faz sentido, no final das contas. Tessa percebeu que estou chateada e me pergunto como alguém que me conhece há tão pouco tempo consegue identificar esse tipo de coisa. Não sou exatamente falante quando estou perto deles. Qual é a diferença que ela notou?

— Você não implicou com Mackenzie. — Tessa responde, rindo. — E ela não implicou com você. Sei porque ela fez isso, mas você eu não sei.

— O que aconteceu com ela? — pergunto, notando que ela está isolada.

— O único avô dela está doente. Pai da mãe dela.

Só agora noto que Mackenzie está prestes a cair no choro.

— Ela está péssima. A mãe dela tinha problemas com ele, assim como o pai dela. Parece que ela tem problemas com os pais, não sei quais, e o avô dela costumava ser o ponto de paz.

Como a mera mortal que eu sou — e especialmente emotiva no dia de hoje —, me sinto péssima ao vê-la. Mesmo que esteja parecendo bem na medida do possível, aposto que está precisando se segurar para não chorar na frente de todos. E me lembro que, quando eu era mais nova, eu só queria que alguém percebesse quando eu não estava bem. Não que apenas perguntasse e simplesmente saísse, mas que realmente tinha interesse em saber. Posso não ser a melhor amiga de Mackenzie — ou amiga, no geral —, mas eu queria que ela soubesse que poderia conversar comigo se precisasse. Não que ela vá aceitar a oferta, claro.

— Onde você vai? — Tessa pergunta quando me levanto do sofá.

— Conversar com a Mackenzie.

— Ela não gosta muito de ser interrompida no momento que está mal. Não gosta de compartilhar o que está sentindo, prefere ficar quieta.

— Todo mundo quer compartilhar o que está sentindo, só querem que a outra pessoa realmente queira saber.

Continuo indo em direção a Mackenzie.

— Ei. — toco seu braço por poucos segundos e ela me olha como se eu fosse uma intrusa, que estava invadindo sua bolha de decepção. Bom, eu estava. — Você quer conversar?

— Por que está falando comigo?

— Porque eu detesto ver as pessoas assim. Descobri algumas coisas bem chatas hoje e estou tentando não ficar desse jeito. — encosto na parede. — Claro que eu já discuti, gritei, chorei e essa coita toda — balanço a mão, displicente, revirando os olhos. — Mas me deixa ainda mais na fossa ficar na fossa, se é que isso faz sentido.

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