estou no ponto à espera do meu primeiro ônibus, ele não demora a chegar, comprimento o motorista e ele segue o caminho. Em certo ponto os poucos passageiros do ônibus desceram, me vi sozinha no ônibus com o motorista. Meu ponto enfim chegou, desço e penso por uns segundos se fico e espero seu ônibus passar, ou faço meu caminho de sempre. Não sei o que me faz ficar, talvez a esperança de te encontrar dentro do ônibus e já de manhã ver sua carinha de sono ou aquele sorrisinho tosco que você dá e que eu tanto amo, eu fico ali, esperando e ele chega. Fico nervosa. Comprimento o motorista e a cobradora, passo da roleta e procuro por você, vejo de longe uma cabeleireira negra e lisa por cima de uma testa branca, sei que é você. Ando determinada, fingindo não ter te visto, ignorando as batidas errôneas do meu coração, totalmente dessincronizado com as batidas da música em meus ouvidos. Você me vê e sorri, sorrio de volta e fico nervosa.
Sento ao seu lado e você não diz nada, e nem é preciso. Mesmo de fone consigo ouvir a música que toca nos seus fones. Sou tomada por um frio na barriga, não sei o que faço, você olha pra janela e eu fico olhando pro chão tentando pensar em um assunto pra puxar contigo, e eu tentei. Te mostrei uma garça pousada em cima de uma barraca pra você achar graça e eu ver você sorrindo, funcionou, mas depois fiquei totalmente sem assunto, meu estômago revirava de nervoso. Minha mão coçando pra pegar a sua, brincar com os seus dedos finos e compridos, com suas unhas grandes o suficiente pra furar alguém, mas me controlei. Você me desarmou só ao me olhar, me deixou completamente a sua mercê, e eu não sei o que fazer.
Eu já te amo e você não percebe, como é palpável o meu nervosismo perto de ti. Minhas mãos ficam inquietas de desejo de tocar em você, te fazer um carinho, meu coração bate acelerado, passo a ouvir música alta pra controlar meus pensamentos, não consigo me concentrar nem controlar meus sentimentos. Fico exposta quando to com você, meu ciúmes falho transparece, não consigo não te olhar, reparar na cor da tua íris castanha ao sol e em como parece cansada da vida.
É estranho e ao mesmo tempo interessante o modo como você mexe comigo, você é um mistério pra mim que eu tento desvendar.
É só o fato de você ter me abraçado forte horas depois alegrou meu dia. Talvez isso seja amar, talvez eu te ame, ao meu jeito singular mas amo. E isso é o suficiente, pois você é meu motivo de sorrir, é a culpada das batidas falhas do meu coração, do frio na barriga cada vez que te vejo. E isso é suficiente desde que eu sempre te encontre no ônibus e veja seu sorriso de manhã. Porque menina, eu te amo.
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devaneios
Poetrypuros sentimentos e vivências imaginárias presas a páginas digitais .