❤ Revelações ❤

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Fui teu abrigo,
teu refúgio quando
precisou desabafar
🎶🎶🙌🌸

🙌🙌🙌

— E você? É pentecostal? — pergunta num tom divertido.

— Eu não! Minha congregação é pentecostal, mas não sou batizada com...fogo. — rimos.

— É muito boa a sensação. Quando você se dar pra Deus, verás o quanto é gostoso sentir a presença dEle em nós. — sorriu.

🏵

Camila

Fiquei muito feliz com a volta de Taylor ao escritório. Uma pena que ele foi viajar, agora terei que ficar algumas semanas sem vê-lo e com a consciência pesada ao saber que está ao lado de Melissa. Tantas coisas em relação a ele me incomoda, não vejo a hora de seguir o meu plano, porém não tenho certeza de que vai dar certo.

Sandra tem sido uma ótima companhia ultimamente. Ela tem me convidado para ir a sua casa, conhecer a família que abrigou-a quando aquela tragédia com seus pais aconteceu.
Só aquela funcionária estranha que nem sei o nome, que anda sumida. Depois daquele dia que ela falou algo da boate, nunca mais a vi. Estou louca pra saber como sabe do meu passado, afinal, isso não é algo para ser revelado.

Todos os dias vivo com muito medo de meu pai descobrir onde é minha casa. Sei que vai chegar um momento que não vai ter mais como manter-me escondida, porque ele vai acabar me achando. E quando isso acontecer... será o pior momento de toda minha vida. Provavelmente irá me espancar!

Decidi chamar Sandra para passar uma tarde comigo, me sinto tão sozinha e desprotegido. Como mora quase ao lado, não vai demorar muito. Há alguns dias atrás, alguns vizinhos vieram me dar as boas-vindas. Nunca me senti tão especial assim.

A campainha toca ♪

— Demorei? — pergunta assim que eu abro.

— Não. — sorrio e dou espaço para que a mesma entre.

— Uau! Você tem bom gosto. — diz, olhando em volta. — Vai chegar um tempo que você não vai nem acreditar que isso está acontecendo... — aparenta estar lembrando de algo. — foi assim que me senti quando peguei as chaves do meu apê: nem acreditei.

— Como se sentiu? — ergo as sombrancelhas.

— Rica.

Gargalhamos.

— Obrigada por vir. Estamos de férias, mas não tenho com quem sair e nem aonde sair. — digo, me sentando no sofá.

— Você não tem parentes próximos? — senta-se também.

— Meu pai e meu irmão, mas nenhum dos dois gostam de mim. — sorrio sem mostrar os dentes.

— Isso é normal.

— Para mim não. — digo. — Não considero como pai. Pai nenhum faria o que ele fez.

— Quer desabafar? — pergunta solidária.

— Sandra meu passado foi horrível. Não gosto de lembrar...

— Então, me desculpe! — interrompe. — Eu não quero que...

— Não! Eu confio em você. — sorrio e ela retribui. — Eu era ex-dançarina de boate, a mais preferida de todos. Desde pequena eu tenho paixão pela dança, mas fui conduzida por amizades a praticar esse dom...na forma de me vender. Elas encheram meus olhos, dizendo que ia ganhar muito dinheiro e teria muito sucesso. E entrei nessa vida. Todas as noites eu saía escondida dos meus pais e me prostituía com outros homens. Era um trabalho bastante cansativo, porque além de ter muitas meninas, eu era a mais escolhida. Ganhava muito dinheiro todos os dias e causava muita inveja as minhas companheiras de trabalho. O dono da boate se aproveitava da minha capacidade e fazia tudo o que eu pedia: sair mais cedo, tirar um dia de folga, etc. Foi difícil manter essa identidade por muito tempo, mas meu irmão acabou descobrindo, só que eu não sabia. Sandra, fui abusada quando era menor, pelo meu próprio...enfim, aquilo acabou me viciando, eu praticamente cresci vivendo aquele algo tão... nojento! Ele batia na minha mãe, torturava ela de uma forma brutal!
Chegou um dia que cansei. Decidi abandonar tudo! Notei que vender meu corpo não me trazia felicidade, pelo contrário, eu só andava vazia. Mas essa escolha trouxe uma terrível consequência: o futuro daquela boate dependia de mim, assim meu patrão dizia. Ele começou a me ameaçar, dizendo que se eu saísse, mandaria seus capangas atrás de mim para poder me matar ou matar minha mãe ou mais alguém da minha família.

— Nossa...e como você escapou dessa dívida terrível? — pergunta.

— Eu fugi. — digo. — E não tenho medo dele me encontrar. Foi uma escolha digna. Antes de ir embora, mandei uma mensagem para ele dizendo que a filha dele tem a vida que toda criança queria ter. Então, se um dia ela virasse prostituta, ele não iria gostar e se ela escolhesse sair dessa vida, traria alegria ao seu coração, por isso, não havia lógica ter que me matar.

— Ele tem filha? — pergunta incrédula.

— Infelizmente. Você precisava ver como a menina é muito bem cuidada e muito bem amada. Eu disse a ele que não tinha necessidade de estar me obrigando a aceitar sua chantagem, pois não iria gostar se acontecesse isso com sua cria e fosse morto por uma decisão dela.

— Tem certeza que anda despreocupada na rua?

— Sim. Sabe, meu ponto mais fraco sempre foi homem, por isso fiquei muito tempo naquela boate. Não só pela dança. Sempre quando passava na rua, avistava aqueles casais felizes. Comigo nunca dava certo e até hoje é assim.

— Mas gosta de alguém? — me fita com um sorriso bobo no olhar.

Aquela pergunta me deixou desconfortável e fez lembrar do que ela havia me dito quando veio me apresentar o apartamento.

— Sim. — sorrio. — Mas, talvez nem queira mais andar comigo se eu te contar.

— Por que? — ergue as sombrancelhas.

— Porque ele é casado. — fito-a e sua expressão é indecifrável.

— Camila! — grita. — Você é doida?! Trate de tirar esse sentimento do seu coração agora! Você sabe o quanto não deve ter demorado para esses dois casarem? Você sabe o quanto foi difícil enfrentar a barreira que eles enfrentaram? Não! Isso é um pecado. Ainda bem que você me contou, pois nunca vou deixar você fazer essa besteira.

— Não se preocupe, ele nem me dá bola. — reviro os olhos.

— Claro! Ele ama sua esposa e nunca que iria trai-la.

— Tem uma pessoa que me disse ao contrário.

— Quem é? Me diz quem é esse cara?

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Herdeira III - Meu Leão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora