❤ Bom recomeço ❤

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O dia amanhece ensolarado. Os raios do sol invadem a janela de Luciano, fazendo o mesmo acordar.
Se sentia bem melhor do que ontem, mas com o corpo doloroso pela forma desajeitada que dormiu. A madrugada foi longa e foi difícil encontrar uma posição agradável.

Ouviu barulhos de panela vindo da cozinha. Sabia que a sua mãe era desastrada para essas coisas. A dúvida pairou em sua mente: será que vê-la irá fazer bem? Por outro lado, a sua barriga estava roncando e ele não podia ficar sem tomar café.

Mas e se meu pai também estiver aqui?

Lutava contra seu próprio ego.
Ele levanta e toma um pequeno susto quando vê uma bandeja em cima do criado-mudo. Nela, havia queijo, pão, suco e biscoitos.

Sorriu. Ainda bem que a mãe dele compreendia.
Devorou aqueles alimentos em questão de minutos. Depois, seguiu para o banheiro, fez sua higiene matinal e uma breve oração antes de encarar a fera.
Carregou com cuidado sua bandeja e caminhou lentamente até a cozinha. Ela estava lavando os pratos e cantarolando uma música de Noemi Nonato. Ah, como aquilo era bom de se observar e escutar.

— Bom dia. — pigarreia, colocando a bandeja em cima da mesa.

— Bom dia. — olha para trás. — Está melhor? — volta a lavar os pratos.

— Sim...podemos conversar? — senta na cadeira.

— Tudo bem. — enxuga as mãos e senta-se, fitando-o. — Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que você tem toda razão em expressar suas opiniões... Frederick foi um pai ausente e qualquer filho reagiria da mesma forma.

— Gostaria de te pedir perdão pela forma que te tratei na frente de todos e obrigada por me compreender. — diz ignorando o comentário dela. — Ontem eu conversei com Deus em relação a isso e a melhor forma de tudo dar certo é perdoar, mas não pense que é fácil para mim...

— Te entendo perfeitamente! Também não foi fácil para mim vê-lo chegar naquele portão. Faz muito tempo que não via aquela cena e quando, de repente, apareceu não sabia mais como agir. Saiu dos meus costumes.

— Ele vai morar aqui de novo?

— Ainda não conversamos sobre isso. Ontem ele se despediu e disse que daria um tempo até as coisas se resolverem, mas que não ia deixar de fazer uma visita. Se você se sentir à vontade, pode ir até a casa dele acertar as coisas. — sugere.

Ele pensa.
— Não estou pronto. Por mais que eu queira chamá-lo de pai e viver como se ele nunca tivesse sumido. Mas espero no fundo do meu coração que vocês renove seus votos e sejam muito feliz. Agora não dá mais tempo de reconstruir muita coisa, porque em breve irei me casar e ter uma vida ao lado da minha esposa e futuramente meus filhos. Não entenda isso como um tom de sarcasmo...

— Não! Eu compreendo. Por muito tempo eu entendi que já estava mais do que na hora de deixar você seguir a sua vida. Deus ouviu as minhas orações e o que eu posso fazer agora é só desfrutar! — sorri.

— Mãe e filho, novamente? — ergue a mão.

— Deixamos de que ser quando brigamos? — franze o cenho.

— Psicologicamente, você se torna minha inimiga. — comenta rindo.

— Esqueci que as coisas tem que acontecer do seu jeito. — brinca.

— Isso. — graceja e ela retribue o aperto de mão.

— Mãe e filho. — diz.

— Ótimo, levarei Naabe para dar uma volta na praia. Se alguém vier me procurar, pede para me esperar. Não demorarei.

(...) 🌸

O vento soprava forte e aquilo era bom. Soltou a coleira e seu amigo correu livremente sobre aquela imensidão de areia. Luciano aproveitou para correr também, com os pés sobre as águas que estava bem geladinha.

Naabe latia ao ver seu dono daquela forma e ele sentia o carinho do seu companheiro.
Depois de cansar, senta-se na areia, levando seus braços até os joelhos.

— Obrigada por cuidar de mim, Deus. — sorri. Quando olha pro lado, avista um homem familiar brincando com seu cachorro. Depois de segundos analisando, certificar-se de que era seu pai. Seu coração acelera.

Frederick vai em sua direção, ainda brincando com Naabe.

— Qual a raça dele? — pergunta divertido.

Kuvasz. — responde.

— Ele é muito bonito. — alisa os pelos. — Você que escolheu o nome?

— Sim... é uma mistura de Naamã com Raabe.

— Interessante... não sou muito fã de cães, mas ele é muito amigável! — ri. — Minha presença te agrada no momento?

— Acho que sim. — ri fraco.

— Podemos conversar? Se não quiser, vou embora. Prometo não te irritar.

— Certo... é melhor ficar, pois Naabe ama esse tipo de carinho. Se for embora vai querer ir atrás de você. — seu tom é convidativo.

Frederick senta ao lado de Luciano e continua acariciando o cachorro.

— Acha que podemos ser amigos?

— É estranho, mas podemos. — dá os ombros.

— Seu sogro me falou muito bem de você. Sua mãe te educou muito bem durante esse tempo que passei fora. Queria ter participado dessa fase...me perdoe, filho.

— Está perdoado. Não entendo quais foram os seus motivos, mas também não me interessa. Só espero que cuide dela, pois em breve estarei casando. Pode ser que ainda demore, mas é um objetivo que eu pretendo realizar com antecedência.

— Uau! Espero poder ganhar seu afeto. Não quero me sentir um estranho quando estivermos no mesmo lugar... Não pensei que eu deixei de pensar em vocês quando estive fora. Admito que fui muito covarde e estou lutando para apagar esse passado, Deus me deu muitas oportunidades e não posso desperdiça-las.

— Por que a abandonou quando ela mais precisava de você? — pergunta fitando o mar.

— Suspira. — Faço essa pergunta para mim também. Existem diversos motivos e detesto todos eles. O principal, foi a atração por outra mulher... não quis continuar na mesma casa com uma mulher que deixei de amar. Se eu fizesse isso, seria pior, teríamos diversos problemas. Não desejaria que crescesse vendo isto, porque já tive essa experiência. Então, mesmo arrependido e acovardado aproveitei da gravidez de sua mãe para fugir. Sei, fui um monstro e me culpo por isso até hoje... — lágrimas escorrem dos seus olhos. — talvez você não acredite em mim ou talvez seja difícil. Te entendo.

— Não chore. — continua fitando o mar. — Todos merecem uma segunda chance. Sempre quis ter um pai e vai ser legal tê-lo por perto. Só não sei como...fazer isso. Posso deixar em suas mãos?

— Só se disser que confia em mim.

— Luciano suspira profundamente. — Eu vou tentar.

— Certo. Não vou forçar a barra para você gostar de mim. É por critério. Irei respeitar suas limitações, só assim poderei te conhecer melhor.

— Boa iniciativa.

— Quero aprender a ser que nem você. Sabe, pode me dar uma dica de como conquistar aos poucos a sua mãe? — brinca.

— Esperei durante muito tempo alguém me pedir isso. Só quero deixar um detalhe: a minha mãe é muito desnecessária. — riram. — Ela é cheia de fases...e odeia quando quebram os copos do extrato de tomate. — diz e Frederick ri. — Para ela, aquilo é muito valioso.

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Herdeira III - Meu Leão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora