Capítulo quatro

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- Melanie, você não faz mais parte do Força Jovem. Está ajudando no grupo da evangelização nos hospitais, agora. - Ele diz normalmente, e pula para o próximo obreiro.

OQUÊ?

Ele não pode me tirar do Força Jovem! Me dediquei tanto lá, ajudei aquele grupo crescer, e quando ele dá frutos, sou descartada?
Eu vou conversar com o pastor!

Aguardo o pastor terminar a reunião com os obreiros e vou falar com ele. Claro, que quando vou falar com ele, alguns obreiros passam na minha frente para tratar de outros assuntos, e aquilo me irrita profundamente.

Quando finalmente chega a minha vez, o pastor seriamente diz para que me aproxime.

- Oque foi, obreira? - Ele olha para a hora em seu celular.

Resolvo contar.

- Pastor, eu quero ficar no Força Jovem, me dou melhor lá. - Digo calmamente, imaginando que ele compreenderá.

Mas sua expressão de séria, passou para incrédula, e logo se tornou zangada.

- Melanie, você tem que dar o seu melhor onde for colocada. Você comentou uma vez que queria ser esposa de pastor, para o pastor o vento sopra, e pra você também. Então recomendo que pare de ter esse pensamento e aceite essa nova missão. - Ele diz secamente.

Uma vontade de chorar me invade, não de tristeza, mas de raiva. Como posso ser tão incompreendida?

- Pastor, graças a mim o Força Jovem cresceu, graças ao meu esforço. Agora que o Força Jovem estabilizou o senhor me descarta de ? Pelo amor, né? - Cuspo as palavras tão rapidamente que quando caio na real do que estava dizendo, já era tarde.

Ele arregala os olhos.

- Graças a você? Se você pensa assim, você está precisando de ajuda. A Obra é do Espírito Santo, somos apenas servos, se você foi usada para levantar o Força Jovem, amém. Mas não pense que sem você ele teria continuado caído. Com ou sem você, Deus daria um jeito de crescer o FJU. - Ele diz de uma forma tão séria que naquele momento vi o próprio Deus me repreendendo.

Oque está havendo comigo?

É tanta humilhação, que baixo a cabeça e fico calada.

- Não estou te reconhecendo. Você está bem? - Ele muda seu tom de voz para mais calmo.

Levanto a cabeça, sem coragem de encará-lo.

- Estou. Vou pro grupo dos hospitais. - Digo isso, e saio andando dali rapidamente.

Corro até o banheiro, para chorar. E ali eu chorei. Chorei desesperadamente, como nunca chorei em toda a minha vida.
Está tudo desabando.

- DROGA! MALDIÇÃO! - Berro, sem me preocupar se alguém iria escutar.

Naquele minuto, se alguém viesse falar comigo eu seria capaz de gritar com ela. Tudo está dando errado. Ninguém está comigo!

• • •

Alguns dias se passaram. Tentei me adaptar no novo grupo, mas sempre que encontrava os jovens reunidos, sempre que algum deles me perguntavam o motivo de não estar mais com eles, me dava vontade de chorar.
Abria meu armário e encontrava minhas camisas da FJU, e não podia usá-la. Isso é frustrante. É frustrante você fazer aquilo que não quer.

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⏰ Última atualização: Sep 05, 2017 ⏰

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