Capítulo 1

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Encaro os dedos de minhas mãos, mas eu não estou de fato vendo-os. Sei que se fizer isso vou ver o sangue que ainda está por baixo de minhas unhas, que se recusou a sair mesmo depois de tanto esfregar o sabão em minhas mãos. Estou pensando em uma forma para tentar me livrar do resto daquele sangue quando a porta da sala onde estou se abre e dois homens de terno escuro entram.

_Senhorita..._ o mais alto lê o arquivo em suas mãos enquanto o outro já se senta em uma das cadeiras a minha frente._ Scholles?!

_Alemão._ o que já está sentado comenta._ Você está bem longe da sua terra natal.

O mais alto se sentou na cadeira e então abriu o arquivo, colocando diversas fotos à minha frente. Eu não precisava daquelas fotos para me lembrar o que aconteceu. A lembrança ainda está vivida em minha mente e debaixo das minhas unhas.

_Somos do FBI._ o mais alto começa a falar._ Estamos investigando o seu caso. Para clarear sua mente, vou dizer o que aconteceu ontem a noite.

Ele começa a separar uma das fotos que mostra uma zona da casa que está cheia de destroços de vidro.

_Vocês começaram a brigar por algum motivo até que isso virou físico._ ele aponta para a foto._ Então...

_Vocês não são do FBI._ encaro-o.

_O que?_ o outro pergunta.

Percebo um tom de nervosismo quase imperceptível em sua voz enquanto ele apoia a mão direta na cocha e fecha a esquerda sobre a mesa.

_Não acredito que agentes do FBI usem ternos baratos e sapatos gastos como os que vocês estão usando._ e então encaro o mais alto novamente._ Ou que permita vocês terem cabelos longos ou um corte militar com a barba por fazer.

O mais alto ri e uma mecha de seu cabelo se desprende de trás de sua orelha.

_Gostaria de ver nossa identidade?_ ele pergunta.

_Só iria confirmar o que estou dizendo._ dou de ombros._ Reconheço documentos falsificados.

_E como pode ter tanta certeza?

_Cresci com alguém que fazia esse tipo de coisa.

_E você quer que a gente acredite que não matou ele?_ o mais baixo pergunta, deixando um sorriso sarcástico escapar.

_Eu não...

Antes que eu pudesse terminar de falar um homem de terno e sobretudo marrom entra na sala, e há algo nele que me é extremamente familiar. Sinto algo muito forte diante de sua presença e é inevitável que eu me encolha na cadeira. Ele me encara de uma forma estranha enquanto um franzido surge em sua testa.

_Desculpe pelo atraso, rapazes!_ ele fala para os dois homens, mas continua me encarando._ Sou o agente Beyoncé.

_E vocês querem que eu acredite que são realmente agentes._ eu rio, tentando afastar a sensação de segundos antes.

_Por que não começa nos dizendo o que aconteceu ontem à noite, então?_ o mais alto sugere.

_Eu trabalho para Jordan já faz algum tempo, mas não temos contrato ou algo do tipo, por isso ninguém sabia disso._ começo depois de algum tempo em silêncio._ Ontem a noite recebi uma ligação e como não é normal dele me ligar em horário assim, resolvi ir até sua casa para ver o que ele queria. Eu tenho a chave da casa, então entrei quando ele não atendeu a campainha. Encontrei ele caído na cozinha depois de tropeçar em seu corpo e cair sobre a poça de sangue que estava em volta de sua cabeça. Alguma coisa me acertou na cabeça e quando acordei já haviam policiais no local.

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