Capítulo 10

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_Andei estudando o livro, parece que vocês estão em algum tipo de encanto de amor._ Sam começa a falar quando me sento a mesa, pelo canto do olho noto que Dean abaixou a cabeça para esconder um sorriso. _Mas eu não sei se dá pra desfazer isso. Quer dizer, eu não sei como!

_Mas esses tipos de encanto não necessita que já tenha alguma sentimento entre as duas pessoas? Como isso é possivel?_ questiono, ignorando a careta que Dean fez.

_Não necessariamente!_ Sam franze a testa enquando olha pro livro._ No caso desse, não menciona precisar have algum sentimento pro encanto dar certo. É como se a pulseira fosse o sentimento!

_Então se a gente retirar elas, todo essa ligação que eu estou sentindo com o Dean acaba?

Sam confirma com a cabeça enquanto Dean pigarreia e se levanta da mesa, nos deixando sozinho. Ouço-o se jogar no sofá velho da sala de Bobby e ligar a TV em algum programa de comédia, aumentando o volume até no ultimo. Ameaço me levantar também, mas Sam me impede.

_Tem mais uma coisa._ volto minha cabeça para ele. _Se conseguirmos achar um meio de retirar as pulseiras...

Espero em silencio, observando em seu rosto que ele luta contra as palavras e as informações que conseguiu do livro.

_Pode me falar!_ insisto.

_Vai ser um processo doloroso, pra um de vocês ou até mesmo para os dois.

_Doloroso em que sentido?

_O livro é bem vago, mas..._ ele suspira._ Psicologicamente, pode ser que vocês fiquem apaixonadas para sempre ou não se lembrem de sentir algo um pelo outro.

_Mas há algum dano fisicamente, não é?_ encolho na cadeira.

_Alguém pode acabar morrendo._ ele olha fundo nos meus olhos. _Mas eu não vou permitir que nada disso aconteça.

_Pelo menos o dano psicologico seria uma resposta melhor, não é como se eu e Dean nos gostassemos de verdade.

Ele confirma com a cabeça me observando de um jeito peculiar, mas não fala mais nada. Essa é minha deixa. Subo até o andar de cima e checo meu celular, mas não há nenhuma mensagem de Max. Cogito ligar, mas acho que já fui longe demais envolvendo ele nessa história.

Deito a cabeça no travesseiro e minha mente começa a divagar por caminhos que até então eu não havia me permitido ir. Sou inundada de imagens e desejos direcionados a Dean, e simplesmente não consigo me afastar deles. Sinto uma vontade crescente em meu peito que me faz querer descer até o andar debaixo, mas fico surpresa quando noto que consigo me controlar.

"É só o efeito da pulseira" penso.

Ouço a porta abrir vagarosamente e lá está ele. Mesmo em meio a escuridão, eu sei que é ele. E meu coração dispara.

_O que você está fazendo aqui?_ sussurro.

Ele se aproxima a passos leves e vagarosos, então senta na beirada da cama. Não está tão perto, mas posso sentir o calor de seu corpo vir até mim. Ele me encara.

_Eu não sei._ sussurra de volta._ Só senti uma necessidade de vir, como se você estivesse me chamando.

Antes que eu me desse conta, Dean já está perto demais e eu me peguei me inclinando em sua direção. Nossos lábios se tocaram. O toque não era suave, havia uma certa urgência e eu sentia que era errado. Minha mente sabia que não havia sentimento verdadeiro naquilo, mas havia uma outra parte da minha consciência que queria tanto Dean.

Suas mãos apertam minha cintura com força, desejo e cuidado. Era como se ele se forçasse a pensar, como se também soubesse quão errado era aquilo tudo, mas não pudesse se impedir. Minhas mãos percorrem seu peito, descendo pela barriga, então eu o puxo para cima de mim. Um corpo quente e duro, cheio de musculos e cicatrizes. 

O beijo se torna mais intenso, conforme ele coloca seu corpo em cima do meu. Sinto um desejo crescer dentro de mim juntamente com o frio na barriga, mas eu não consigo parar de beija-lo. Sou salva por alguém batendo na porta.

_Anne?_ Sam bate na porta novamente.

Me afasto rapidamente de Dean, que noto estar com a camiseta quase rasgada. Tento me recompor, tentando abotoar os botões da camisa, mas percebo que eles não estão onde deveriam estar.

_Anne, está tudo bem?_ Sam insiste._ Eu ouvi uns barulhos estranhos...

Respiro fundo. 

_Sam! Sim!_ minha voz soa tremula._ Estou mexendo em algumas coisas no quarto, deve ser isso que você ouviu.

Sam fica em silencio alguns segundos que parecem eternos, e eu começo a suspeitar que fui pega na minha mentira.

_Tudo bem, se precisar de alguma coisa estou na cozinha.

Ouço seus passos pesados descerem a escada, e então volto minha atenção para Dean.

_Isso não pode voltar a acontecer._ sussurro.

_O que fizemos de errado?_ ele soa triste.

_Tudo isso é errado._ faço um sinal amplo com as mãos._ A gente nem se gosta de verdade. Isso tudo é um truque da Trixia. Tudo por causa dessa pulseira.

Ele olha para baixo, encarando a pulseira em seu pulso, parecendo pensar.

_Eu acho melhor a gente evitar ficar sozinhos... assim..._engulo em seco._ É melhor para previnir que aconteça algo do qual vamos nos arrepender.

Sua expressão ao olhar para mim me parte o coração. Sinto vontade de abraça-lo, mas preciso me manter firme. Manter minha mente limpa para que eu não seja consumida pelo desejo presente no encato das pulseiras.

_Tem razão._ noto que ele concorda a contra-gosto._ É melhor eu não fazer nada que me fará ficar arrependido quando esse encanto passar.

Sinto certa raiva no seu tom de voz, mas ignoro. Ele se levanta da cama e sai do quarto sem falar nada. Ouço seus passo pararem do lado de fora do quarto por algum tempo, até que por fim ele desce as escadas. Volto a me deitar na cama abraçada ao meu travesseiro e observo o céu através da janela até pegar no sono. Naquela noite não houve sonhos.

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⏰ Última atualização: Sep 04, 2020 ⏰

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