Capítulo 9

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Não preciso abrir os olhos para saber que estão todos ali no quarto comigo, mas eu não tenho muita escolha. Sento na cama com as mãos na cabeça, sentindo uma dor latejante.

_Tome essa aspirina._ Max se aproxima de mim._ Você bateu a cabeça quando caiu.

_Obrigada._ sussurro.

_Pode nos explicar o que são essas coisas?_ Dean joga a caixa com os desenhos na cama.

Eu não havia aberto a caixa antes já que Trixia havia feito aquele encanto comigo então não sabia qual era o problema. Pego um dos desenhos e então entendo o que eles queriam saber. Trixia havia mencionado a semelhança que eu tinha com a mulher dos desenhos, mas eu não podia imaginar que se tratava da minha mãe.

_Pode me explicar o que é isso também e por qual motivo não consigo retira-la?_ Dean aponta para a pulseira.

_Eu não...

_Ah, não me venha com esse papo de eu não sei._ ele grita.

_Dean._ Sam segura o irmão pelo ombro._ Que tal irmos lá para baixo conversar um pouco agora que sabemos que a Anne está bem?

Dean me olha com uma mistura de fúria e um outro sentimento que não consigo identificar, mas acaba cedendo ao pedido do irmão. Max se senta nos pés da cama e me encara.

_No que você se meteu?

_Max, eu preciso muito de um favor seu!

_Anne, eu te amo, mas eu não vou mais me meter entre você e eles._ ele ergue a mão enfaixada_ Eu tenho que ir no hospital tirar isso e voltar pra minha vida de balada.

_Prometo que é a ultima coisa que irei te pedir._ seguro seu braço._ Por favor!

Ele pressiona os lábios formando uma linha fina e então suspira.

_Tudo bem! O que precisa?

_Eu preciso ir até Trixia descobrir o que aconteceu e você dá uma enrolada neles por uns 10 minutos caso eles voltem no quarto.

_Mas como você vai sair de casa? Eles estão na sala.

_Eu vou pela janela.

Abro a janela com cuidado o suficiente para que ninguém fora do quarto perceba o que estou fazendo e então saio por ela.

_Anne, volte!_ Max sussurra._ Isso é muito perigoso!

Mas eu já estou descendo com certa agilidade o telhado e logo que os meus pés tocam o chão eu começo a correr. Infelizmente não pude pegar o carro, então cruzo os dedos para que eu consiga chegar a tempo na lanchonete.

Quando cruzo a porta e o sininho toca sua cabeça se levanta do jornal e nossos olhos se encontram por um breve momento. Ela retorna a abaixar o olhar enquanto um sorriso malicioso cruza seus lábios.

_O que foi que você fez comigo? O que era aquela pulseira?

Ela bebe um gole do café e o saboreia por alguns segundos, antes de colocar o jornal de lado e me encarar.

_Vou te contar tudo que precisa saber, querida._ ela sorri de uma maneira que me deixa enjoada._ Jordan e eu éramos bruxos profetas e gêmeos. A única tarefa que ele tinha era encontrar você e te matar para por fim aos nossos problemas, mas no final foi ele quem acabou morto. Eu sabia que ele não era o certo para esse trabalho quando vi os desenhos, mas ninguém me escutou.

_Mas o que é aquela pulseira?

_Sei que foi baixo da minha parte, mas meu irmão morreu por ter se apegado a você. Eu perdi alguém que amava e quero que você sinta a mesma dor que eu estou sentindo.

_Eu não amo...

_Eu estive te observando por um tempo._ ela me corta._ Eu vi a forma como ele te olhou no bar e como continua olhando.

Ela para por algum tempo e me observa com atenção.

_Eu vejo exatamente como vocês sentem o mesmo um pelo outro.

_Eu não...

_Você ainda vai perceber._ ela sorri._ O mundo está na mão de vocês dois agora. Teria sido melhor se Jordan simplesmente tivesse te matado.

_O que você quer dizer?

Ela me entrega um pequeno livro de capa de couro com folhas amarelas e então se levanta ao mesmo momento que o sino da porta toca. Eu me viro e encontro Dean e Sam parados, quando retorno para o local em que Trixia estava ela já havia ido embora.

_Que merda você está fazendo?_ Dean se aproxima._ Quem era aquela?

Sam, que até então eu não havia notado a ausência, surge dos fundos da lanchonete completamente ofegante.

_Ela sumiu._ anuncia.

_Ela é uma bruxa._ falo encarando o livro nas minhas mãos._ E uma profeta.

_E o que ela queria com você?_ Sam pergunta.

_E o que é esse negocio?_ Dean mostra o braço.

Eu engulo em seco. Não sei como responder a nenhuma das perguntas. Como é possível que Trixia tenha percebido meus sentimentos antes de mim?

_O que é esse livro?_ Sam pergunta quando não há resposta.

_Ela falou algo sobre o mundo estar em nossas mãos.

Me levanto e caminho em direção a saída da lanchonete. O céu já está escuro e os últimos raios solares estão se escondendo.

_Anne, você pode parar de andar e explicar o que está acontecendo?_ Dean grita alguns passos atrás de mim.

_Por que você não percebeu antes dela?_ eu grito de volta e o empurro quase sem sucesso._ Como ela pode ter percebido antes de você? Antes até mesmo de mim...

_Anne do que você está falando?_ Sam se aproxima.

_Dá uma olhada nisso._ entrego o livro._ Preciso ir em lugar.

Atravesso a rua antes que eles digam algo ou me impeçam. Caminho sem rumo até chegar ao Falls Park. Era um lugar que Bobby costumava me levar para passeios noturnos quando era muito pequena e tinha pesadelos demais para dormir.

O barulho das aguas costumava me acalmar até que eu pegasse do sono encostada em seu ombro, mas isso não parece funcionar agora. Talvez seja a falta do seu ombro do meu lado. Começo a chorar descontroladamente com o forte sentimento diante da lembrança.

_Oi.

A voz de Dean surge atrás de mim e eu me viro subitamente, secando as lagrimas para que ele não as veja, mas é em vão.

_Me desculpe, mas eu te segui até aqui e..._ ele da de ombros enquanto se senta ao meu lado. _Aqui é calmo.

_Bobby costumava me trazer aqui.

Ele balança a cabeça positivamente e fica em silencio por um tempo.

_Ela não percebeu primeiro._ ele murmura.

_O que você quer dizer?

_Eu quero dizer que...

Sem terminar de falar ele se inclina sobre mim e me beija. Seu beijo ardente que dura algum tempo deixa meus lábios queimando e sinto minhas bochechas corarem.

_Te vejo em casa.

Ele se levanta e me deixa ali. Sinto meu coração bater mais alto em meus ouvidos enquanto meu rosto queima mais ainda. Não deveria sentir o que estou sentindo, sei que é errado, mas é inevitável. 

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