A Garota entrava na velha Cafeteria dos Bucke's como quem não quer nada.
Entrou e sentou na segunda mesa. O Garçom veio até ela a tempo de seu coração não explodir quando o visse, ela o amava e nem mesmo sabia seu nome.
— O que deseja senhorita? — Ele parecia sem jeito, ele sempre parecia sem jeito perto dela.
Uma vontade enorme surgiu em seu peito, sua vontade era dizer "Você" em alto e bom som, mas pena, ela não era ousada e pelo contrário, era a mais tímida de todas.
— Sete bolinhos de chuva e um chocolate quente. — Ela falava devagar para não se embolar nas palavras como sempre fazia. — O-Obrigado. — Ele sorriu timidamente ao perceber o erro dela ao pronunciar uma simples palavra.
Ele saiu e a ela ficou apenas observando as outras mesas que estavam vazias.
O Garoto voltou rapidamente e entregou seu pedido.
Junto estava um guardanapo que tinha algo escrito de caneta.
Ela esperava que fosse um "Qual seu nome?" Ou até um "Amo você." Qualquer coisa que fosse mais romântica no mínimo. Mas não era nada disso, era apenas um "Sua conta deu seis e setenta." Ela já havia se acustumado com aquilo.
Enquanto comia observava seu príncipe encantado limpar as mesas, até limpando as mesas ele conseguia ser o mais bonito. Ela se admirava de como o garoto podia ser tão belo e gentil (mesmo que ela soubesse que ele tratava todas as clientes assim) Ela o admirava e para ela, o amor que sentia era tão forte que a qualquer momento saltaria dela como fogos de artifício.
Sua barriga enchia de borboletas que insistiam em dançar de um lado para outro.
Ela lembrava da primeira vez que o tinha visto.
Ele era magricela, franzino, seus cabelos seguiam um estilo próprio e bagunçado e ele usava um belo moletom cinza.
Ela só ouviu sua voz e teve certeza de estar apaixonada, aquilo fazia um ano e meio e ela não o esquecia, o imaginava o tempo todo, até mesmo sonhava com ele. Porém não teve medo dele não ser como ela imaginava, adoraria conhecer a verdadeira personalidade dele.
Perdida em seus pensamentos ela não viu quando uma bela garota loira chegava, era linda.
A garota só virou para ver quem havia chegado após o garoto correr na direção da porta. E se beijaram.
Foi aí que o coração da garota se espatifou em mil pedaços.
Ela olhou para a janela e deixou com que uma lágrima caisse, essa lágrima surgiu acompanhada de outras várias lágrimas que brotaram ao ponto dela achar estar desidratada de tanto chorar.
Ela chorava baixinho, não gostaria de ver o belo casal do beijo pararem por sua causa. Então decidiu sair dali, pagou a conta e recebeu um "Você está bem senhorita?" Do garoto que havia parado o beijo. Ela em resposta apenas assentiu com a cabeça e saiu. Os cabelos curtos e ondulados da garota voavam com o vento frio do inverno, já estava frio o suficiente para sentir sua pele queimar.Jurou que nunca mais iria ali, ela não queria sofrer e estava certa por isso. Mas nunca se consegue fugir do amor nem da dor, eles sempre encontram outros meios de se comunicarem.
Passado duas semanas, ela não havia ido para a cafeteria, não queria ver aquela cena novamente.
Ela sentia falta dos bolinhos de chuva e do chocolate quente, sentia falta até mesmo do sorriso do garoto que fazia as borboletas do seu estômago se revirarem.
A Garota resolveu procurar algum lugar para se divertir a noite e acabou saindo e esquecendo de levar seu guarda-chuva, enquanto estava no caminho do boliche, começou a chover e não tinha nenhum lugar na rua a qual ela podesse parar, a chuva parecia cada vez mais forte e estava tão frio, foi quandoa chuva cessou para ela, olhou para cima e viu que estava em baixo de um grande guarda chuva, quem o segurava era nada mais, nada menos que o garoto. O garoto da cafeteria Bucke's.
— Está precisando de uma ajudinha senhorita?
Ela com toda tímidez do mundo respondeu um "sim" fraco.
— Vamos para a cafeteria, vai acabar pegando um resfriado se continuar aqui fora com essas roupas molhadas.
Ela assentiu e e eles foram para a cafeteria, eles não conversaram no caminho, o único barulho que a garota ouvia era seu estômago dando voltas. Ele passou seu braço sobre o ombro da garota e ela apenas deu um sorrisinho fraco.
Chegando na cafeteria ele falou
— Tire o casaco. Vou colocar para secar e já trago sete bolinhos de chuva e um chocolate quente prontinho para a senhorita tomar, e não se preocupe. É por conta da casa.
Ele voltou dez minutos depois com uma toalha sobre o ombro, o chocolate quente e os bolinhos de chuva na bandeja quadriculada.
Ele a cobriu e se sentou ao seu lado, ela não conseguia se importar nem mesmo com sua maquiagem toda borrada e nem mesmo com seu cabelo totalmente desarrumado, o mais importante estava ao seu lado e para ela era o que bastava.
— Você não vem faz umas semanas.. costumava vim aqui todos os dias — O garoto quebrando o silêncio falou
— Eu estava ocupada, a faculdade me deixou cheia de trabalhos, não tenho tido muito tempo. Hoje foi o único dia livre e olha o que a natureza aprontou? — Falou ela apontando para si mesmo
Ele sorriu
— Você nem percebe o quanto fica bonita de qualquer jeito.
Ele olhou bem nos seus olhos e disse:
Ficaram conversando durante trinta minutos
— Me desculpe, mas já vamos fechar. — Falou ele com a sua doce voz
Ela levantou e pediu o casaco que estava quase que completamente seco, ela saiu e fechou a porta. Ele a observava pela porta de vidro quando ela voltou falou.
— Você não me disse seu nome. — Falou ela
— Vicent, Vicent Buckes.— Ele deu um sorriso
— Obrigado Vicent, obrigado Vicent Buckes.
E lá foi ela, a chuva havia cessado, Agora a garota sabia o nome do garoto a qual era apaixonada, Vicent, era um nome realmente bonito para seu amor. Ela foi para casa com um sorriso tão grande no rosto que era possível ver a quilômetros de distância. Tudo por Vicent Buckes.
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O Garoto Da Cafeteria Bucke's
RomansaSobre amor, principalmente o próprio. Capa por Malu Signorin