Hyunjae me fitava com aqueles olhos escuros, intensos e aquele sorriso charmoso.
- Nós adoraríamos! - disse Minami subitamente, me tirando do transe - Estávamos indo para um Pub aqui perto. Ele pode ir com a gente. Não é, Bella?
- Ah, sim... claro. - eu disse.
- Perfeito. - disse Hyunjae.
O Pub fazia jus a sua fama. Era rústico e moderno. Uma fila se estendia em frente ao estabelecimento com pessoas incrivelmente bem vestidas. Era possível ver as luzes coloridas que iluminavam o ambiente interno. Assim que entramos, escolhemos uma mesa próxima a janela. Hyunjae pediu bebidas para todos nós.
- Então, Hyunjae. Conte-nos mais sobre ser um super herói. - eu disse.
Ele riu.
- Eu sou apenas um cidadão normal, mas gosto de ajudar as pessoas sim. - disse Hyunjae. - Mas qualquer um poderia ter ajudado você. Aquilo não foi nada.
- E o que você faz pra ajudar as pessoas?
- Eu trabalho em uma ONG do meu pai.
- Nossa, realmente um super herói! - disse Minami com um copo na mão. Ele riu mais ainda.
- Posso dizer que sou orgulhoso disso sim.
- Posso perguntar que tipo de ONG é? - eu disse.
- Uma para ajudar crianças carentes. Nas nossas instituições tentamos desenvolver talentos. Ajudá-las a achar no que mais se destacam. Temos aula de canto, de dança, de instrumentos e teatro.
Ele bebeu um gole do líquido transparente e me olhou com as sobrancelhas unidas.
- Você fala bem coreano. - disse Hyunjae.
Me sentei mais ereta na cadeira.
- Obrigada, mas ainda não sei tanto. - "Talvez se meu parceiro de língua não fosse um ator metido irritante, eu tivesse aprendido algo mais. ", pensei.
Ele colocou a mão no queixo.
- Você já trabalhou como tradutora?- ele perguntou.
- Ainda não, mas penso em trabalhar com tradução algum dia. - respondi.
- O que acha de fazer uma tradução pra mim? - ele perguntou.
Aquilo me pegou de surpresa. Ele continuou.
- Esse fim de semana a ONG vai realizar um evento e vão ter pessoas e artistas de vários lugares do mundo e um desses lugares é do Brasil. O que acha?
- Nossa, que maravilhoso. Mas olha, eu não sei se sou a pessoa mais indicada. Apenas sei o básico e...- eu disse.
Ele se o inclinou em minha direção.
- Não é uma tradução muito complicada, apenas algumas conversas simples e uma palestra. Se não souber traduzir exatamente somente passe a ideia.
- Olha eu não sei...
- Vamos lá. Acho que mereço esse favor por ter salvado sua vida, não é?- ele me fitava intensamente de um jeito que depois de algum tempo ficou desconfortável.
- Tá bom, eu aceito. - respondi, enfim.
Na sexta anterior ao evento da ONG, finalmente consegui ter um estudo decente com JongSuk. Avançamos várias páginas da apostila que o professor nos passou até as janelas de vidro do café ficarem escuras e o movimento lá fora menos frequente. O café ia ficando cada vez mais vazio até que, enfim, apenas sobrou nós dois nas mesas de madeira. Ele se espreguiçou e olhou o relógio.
- Nossa, realmente não vi o tempo passar. Acho que você realmente sabe ensinar.
- Estava duvidando das minhas habilidades? - perguntei.
- Talvez...- ele fez um gesto com o dedo indicador e o dedão. - Um pouco?
Uni minhas sobrancelhas enquanto recolhia meus materiais. Quando olhei para a janela do café vi uma menina pequena com os óculos de fundo de garrafa do lado de fora olhando fixamente para JongSuk.
- Acho que alguém está observando você. - eu disse para ele e apontei para a janela.
Quando ele viu a menina, riu suavemente e fez um gesto para que ela entrasse. A menina arregalou os olhos, olhou para todos os lados talvez pensando que ele estivesse falando com outra pessoa. Assim que ela percebeu que não havia mais ninguém, ela entrou pela porta do restaurante e veio em direção à mesa. JongSuk se levantou.
- Me desculpa, eu não queria atrapalhar... eu só te vi e... achei que poderia ganhar um autógrafo. - a menina estendeu um caderno rosa e uma caneta brilhosa. Aparentemente ela tinha uns 11 anos e não tinha os olhos puxados dos coreanos, mas falava a língua perfeitamente. - Sou muito sua fã.
JongSuk sorriu e se agachou.
- Qual seu nome?- ele perguntou.
- Ma...Maria.- respondeu a menina.
- Olha só, Isabella. Acho que encontramos uma conterrânea sua. Você fala bem, menina. - disse JongSuk colocando a mão na cabeça dela. Isso fez com que a menina congelasse.
Ele pegou o caderno dela e autografou habilidosamente em coreano e em português.
- Você sabe minha língua?!- Maria perguntou.
- Só uma coisinha que aprendi com ela. - ele piscou pra mim e imediatamente senti meu rosto ficar vermelho. Coloquei as mãos nas bochechas.
- Obrigada, JongSuk!- a menininha deu um beijo no rosto dele e se virou, mas antes de sair disse:
- Sua namorada é bonita.- e saiu correndo pela porta.
Imediatamente senti que somente minhas mãos não iam esconder a vermelhidão do meu rosto. Nesse momento, do lado de fora do café, começou uma música. Suave e alegre ao mesmo tempo. Ambos nos levantamos e olhamos através a janela.
A poucos metros da cafeteria, um grupo de pessoas se reunia em volta de três meninos: um tocava violão, outro violino e o terceiro cantava Ao redor deles, vários casais dançavam e as pessoas batiam palma e se mexiam ao som da música.
- Nossa que legal aquilo! Nunca vi isso aqui. - eu disse.
Subitamente, JongSuk me puxou pelo braço e me dirigiu para fora do café.
- O que você está fazendo?!- perguntei exasperada.
- Vamos nos juntar a eles!- disse JongSuk enquanto me puxava em direção a pequena festa.
Quando chegamos perto da roda, ouvi alguns murmúrios: "Ele não é aquele ator?", "Olha só, Lee Jong Suk!". Imediatamente ele entrou na roda e começou a dançar no ritmo da música. Fiquei parada ao redor. O clima ali era intensamente alegre. Os músicos tocavam animadamente e havia crianças na roda dançando.
- Isabella! O que tá fazendo aí? Vem logo.- disse JongSuk enquanto dançava.
- Acho melhor só olhar. Não sou muito boa nisso!- eu disse.
- Isso não deve ser verdade.- disse JongSuk vindo em minha direção e me pegando com uma mão enquanto a outra envolvia minha cintura. Aquilo me fez congelar ligeiramente e um calor subir pela minha coluna.
Ele movia os pés rapidamente e me surpreendi ao segui-los com facilidade.
- Eu não disse que não era verdade, "namorada"?- ele disse com um meio sorriso.
Ria sem achar graça.
- Crianças, né. Inventam cada uma! - eu disse.
Ele apenas virou o rosto e seguiu dançando. Ele parecia estar se divertindo e o sorriso que ele esboçava era contagiante.
"Ele precisa parar de sorrir desse jeito", pensei.
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A Bella e O Menino de Olhos Puxados
RomanceBella viaja para o outro lado do mundo para iniciar seus estudos na faculdade, mas o que ela não pode imaginar é que o ator e modelo coreano Lee Jong-Suk é seu mais novo colega de classe. #1 em Dorama (03/02/2019) #9 em Córeia (10/10/2019)