As Montanhas

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A chuva havia parado, mas apenas percebi quando olhei para cima enquanto os lábios de JongSuk estavam em meu pescoço. Ele fazia pressão com sua boca e me arrepiava. Uma mão desceu minha camisa dos ombros e seus lábios acompanharam fazendo o contorno dos meus ombros. Depois voltaram a se encontrar com os meus.

Eu podia sentir todo seu corpo, cada centímetro colado ao meu. Eu nunca havia beijado ninguém daquela forma, não com aquele sentimento e aquela necessidade.

Então, paramos o beijo, arfando. Olhamos um nos olhos do outro sem acreditar no que havia acontecido ali.

- Nossa... o que... foi isso? - ele disse entre suspiros profundos. - Eu acho que nunca senti isso.

- Eu também.

Sorrimos. Ele se afastou de mim e estendeu a mão.

- Vamos, Isabella Santana. Acho que esses becos já viram fogo o suficiente.

Quando voltei ao alojamento, ele se despediu de mim com um leve toque nos lábios. Fiquei feliz por Minami ainda não ter chegado. Eu simplesmente irradiava felicidade e precisava digerir o que tinha acontecido antes de compartilhar com ela.

O beijo não saia da minha cabeça durante a noite. O toque dos lábios dele... o toque de suas mãos... o corpo dele colado ao meu...

No dia seguinte, eu não conseguia parar de sorrir, até as aulas pareceram mais leves que o normal. Assim que contei a Minami e disse que o tinha beijado ela pirou e disse que sabia que uma hora ou outra isso ia acabar acontecendo e que ela e Woo Bin haviam apostado que seria ainda essa semana Dei um soco de leve no ombro dela.

No intervalo das aulas pude ver JongSuk passando entre a multidão de meninas que suspiravam e gemiam seu nome. Ele piscou quando passou por mim. Eu quase não acreditava que era aquele menino que eu havia beijado. Eu o via diferente, não como o ator famoso Lee Jong Suk - apesar também ser incrível- , mas como um menino metido, arrogante, engraçado e que tinha roubado meu coração numa facilidade impressionante.

No fim do dia, enquanto saímos do prédio de aulas, uma moto Harley Davidson parou em frente a ele. O motoqueiro tirou o capacete e revelou JongSuk.

- Uau! - exclamei.

- Uau mesmo, amiga! - disse Minami boquiaberta.

Ele desceu da moto e sorriu em minha direção fazendo um gesto com a cabeça para que eu fosse até lá.

- Vai lá, menina! Não perde tempo. - disse Minami.

- Ah, ok. Então, até mais tarde. - eu disse nervosa.

- O que acha de dar uma volta, Isabella? - ele disse.

- Dar uma volta? De moto?

- Sim.

- Onde?

- Chega de perguntas, senhorita Santana, só sente na moto e aproveite o passeio.

Subimos na moto, passei os braços pela sua cintura magra e segurei firme. A moto avançava as ruas rapidamente e o vento agitava meus cabelos. Até que chegamos em uma parte mais calma da cidade. Seul é uma cidade montanhosa, e era exatamente para as montanhas suntuosas que estávamos indo.

Subimos uma montanha por um certo tempo e paramos quando chegamos no topo. Assim que tirei o capacete pude sentir o vento forte. A cidade era reluzente lá embaixo. O verde das folhas nos acolhia e contrastava perfeitamente com o crepúsculo do céu.

- Que lindo. - eu disse. - Isso é lindo demais.

- Sabia que gostaria. - ele disse. Se encaminhou para debaixo de uma árvore e sentou. Me sentei ao seu lado. - Sempre que estou muito cheio de coisa venho aqui para pensar, relaxar. Acho que, sei lá, aqui tem algo especial, sabe? Me dá uma certa paz. E também quase ninguém vem aqui, o que é bom, pois, às vezes, quando saio sempre tenho que dar autógrafos...principalmente para as meninas...

Sabia que ele tinha dito aquilo só para me irritar.

- Eu já disse que você me irrita?- perguntei.

- Hummm... hoje não. - ele riu.

O sol se despedia lentamente enquanto o céu ia ficando escuro. Percebi que JongSuk me olhava.

- O que foi? - perguntei.

- Percebi que você nunca pediu um autógrafo meu.

- É porque eu não quero um autógrafo seu.

Ele tirou uma caneta preta do bolso.

- Escolhe um lugar. - ele disse segurando a caneta ameaçadoramente.

- Para quê?

- Só escolhe.

Analisei meu corpo rapidamente e apontei para o meu ombro. Ele afastou minha camiseta, se posicionou e começou a escrever nele.

- Perfeito. - ele disse.

Lá estava sua letra fina e delicada "Lee Jong Suk para sua Bella". Sorri e ele deu uma piscadela. Ele estava mais lindo, se isso é possível. Seu rosto reluzia na luz do fim de tarde, seus olhos brilhavam.

Me encostei em seu ombro e ele me envolveu com seus braços. Aquele momento, nós dois calados apenas na companhia um do outro, foi um dos momentos mais mágicos da minha vida.

Mas a magia dissipou assim que meu celular tocou. O peguei e vi que era minha mãe me ligando. Atendi.

- Mãe?

- Bella, querida. Tudo bem? - havia algo de errado na voz dela, uma urgência.

- Sim, mãe. Aconteceu alguma coisa?

JongSuk via a preocupação em minha expressão e suas sobrancelhas se uniram.

- É seu pai, Bella... Ele está doente. Preciso que volte já para o Brasil.

A Bella e O Menino de Olhos PuxadosOnde histórias criam vida. Descubra agora