O Programa

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Assim que ficava tarde, meus parentes iam embora devagar. Minhas tias deram beijos calorosos no rosto de JongSuk enquanto se despediam. Minha vó o abraçou e disse baixinho: " Menino bonito". Todos se retiraram até sobrar apenas JongSuk e Pedro na casa. Cada um estava sentado nos extremos no sofá e eu - por azar do destino e por minha mãe me obrigar a fazer companhia aos dois - estava sentada bem no meio deles. O silêncio começava a se tornar constrangedor. Pedro olhava de canto para JongSuk com uma raiva e desconfiança que ele tentava disfarçar, mas era visível. JongSuk retribuía o olhar dele com um meio sorriso irônico. Então eu finalmente resolvi expulsar Pedro dali da forma mais sutil que eu consegui.

- Então, Pedro. Tá ficando meio tarde não é? - ou talvez nem tão sutil assim.

- Não tenho pressa. - ele respondeu. E como num passe de mágica meu pai apareceu do lado dele.

- Certíssimo, rapaz. Estamos em família. Ter pressa para quê? - disse meu pai e deu uma risada estrondosa. - E você... JongSuk, já sabe onde vai ficar? - foi difícil dizer se meu pai estava realmente curioso, ou estava o expulsando dali de uma forma mais sútil do que eu conseguira fazer com Pedro.

- Antes de vir pesquisei uns hotéis aqui perto, senhor. Deixei minhas malas em uma pousada há duas ruas daqui.

- Nossa, bem perto ein. - disse meu pai, puxando a boca.

Subitamente minha mãe apareceu na frente de todos com as sobrancelhas levantadas e um sorriso no rosto.

- Já sei! Você pode ficar aqui conosco querido. - disse ela.

- Achei essa ideia brilhante, mãe.- eu respondi enquanto balançava a cabeça afirmativamente.

- Não quero atrapalhar, senhora. - disse JongSuk.

- Isso não seria muito adequado, o senhor não achar?- perguntou Pedro ao meu pai. e naquele momento me surgiu uma vontade imensa de esbofetear a cara dele.

- Não seria mesmo, um rapaz dormindo na mesma casa que uma moça delicada como a minha filha, não seria adequado. - disse meu pai de braços cruzados. Mas para a minha sorte, por mais que meu pai preferisse admitir um assassinato a aceitar, minha mãe que mandava na casa.

- Deixe de ser bobo, querido. Temos quartos de sobra aqui. - disse ela.

- Senhora, eu não quero atrapalhar mesmo.- disse JongSuk.

- Aaah, não ligue para meu marido. - disse ela sussurrando. - Ele só está com ciúmes. Vá pegar suas coisas na pousada. Vou arrumar o melhor quarto de hóspedes para você.

- Obrigada, senhora- disse ele fazendo um gesto com a cabeça. - Prometo não incomodar.

- Claro que não vai. - disse ela.

Assim que JongSuk saiu para pegar suas coisas na pousada, Pedro veio falar comigo. Eu estava lavando a louça quando ele se aproximou. Ele estava sério e olhava para a janela que tinha vista para o jardim.

- É verdade que você está saindo com aquele menino? - ele perguntou.

- E se for? - eu disse.

Ele deu uma risada seca.

- Tudo bem. Mas agora que você está de volta, não vou deixar você escapar de novo. - ele disse.

Olhei para ele e ele parecia ainda mais sério e com uma expressão determinada naqueles olhos claros.

- Olha, Pedro... - eu suspirei. - Você foi meu primeiro namorado e eu sei que eu fui a sua também, mas acabou, você vai encontrar uma menina muito boa, você só precisa parar de tentar voltar comigo.

A Bella e O Menino de Olhos PuxadosOnde histórias criam vida. Descubra agora