CAPÍTULO 2

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A minha mãe ainda não havia chegado.

Eu estava preparando o jantar para nós, mas ela ainda não havia chegado. Eu temo que ela não venha, pois não seria a primeira vez que isso acontece, mas prefiro acreditar que sim, ela irá aparecer e eu não terei que dormir com aquele monstro.

__ Tudo bem, meu amor. __ Eu ouvi Edward dizer para o celular. __ Não, é claro que eu espero você. Na verdade, eu irei fazer melhor, estou indo buscá-la! 

__ Precisa sim, eu faço de tudo para ver feliz a mulher que eu amo. __ Senti meu estômago revirar. 

Eu sentia pena da minha mãe por acreditar nele. Ela não merece isso, sempre foi uma pessoa boa.
Mas para o bem dela, eu preciso passar por tudo isso, porque a minha mãe ainda vai ser muito feliz com outro homem, eu só preciso mantê-la viva até lá.

__ Manuela, eu estou indo buscar a sua mãe no hospital. __ Ele revirou os olhos e me puxou para perto de si. __ Infelizmente eu tenho que manter essa fachada com ela, enquanto podia ficar aqui comendo você até eu gozar bastante. __ Ele riu do próprio comentário e também da minha reação.

Eu continuei calada e tentei me soltar de seus braços, onde falhei miseravelmente.

Ele continuou a me apertar e beijou os meus lábios, logo em seguida me soltando e saindo de casa.

Soltei todo o ar dos meus pulmões.
Finalmente, eu estava sozinha! Não aguentava mais passar um minuto do lado desse louco sem antes fazer alguma besteira que, tem a consequência de matar alguém.

Peguei uma panela grande dentro do armário de cozinha e comecei a preparar uma pipoca. Eu iria assistir a um filme na Netflix e comer um pouco, já que faz muito tempo que eu não fico sozinha em casa assim. Qualquer coisa desse tipo é motivo de alegria.

Depois de tudo estar pronto, peguei a pipoca e um copo de refrigerante e subi para o meu quarto, trancando a porta atrás de mim, apenas por precaução.

Ajeitei os meus cobertores, arrumei a minha cama, pus um filme de terror para passar e me deitei, sentindo o meu corpo relaxar em seguida.

Mas não durou muito tempo, já que o meu celular tocou alto, me assustando, fazendo eu levantar e pausar o filme.
Bufei. Seja lá quem for, eu estou odiando no momento.

__ Alô. __ Eu disse.

__ Louca, sou eu! __ Eu ouvi Sarah berrar do outro lado. Sua voz sempre será reconhecível. __ Por onde você andou o final de semana inteiro?

Pensei em dizer a verdade, imagine só.

" - Eu passei o final de semana com o meu padrasto, é que ele não deixou eu sair, pois queria muito transar comigo, e como eu sou obrigada a participar desse estupro para não deixar vocês morrerem, tive que ficar em casa, se não ele me bate. Sabe como é, coisas normais".

Tirei a idéia da cabeça assim que a imagem do meu pai dentro de um caixão apareceu na minha mente.  Engoli em seco e respirei fundo para respondê-la.

__ Eu estava doente. __ Respondi. __ Mas então, você acabou de atrapalhar a minha maratona de filmes.

__ O que?! __ Ela berrou novamente.  __ Como você faz uma coisa dessas e não me convida? Eu estou partindo para aí agora, Manu! __ Eu ri da cara dela, antes de ela continuar a dizer. __ Eu vou levar o Benjamin comigo, ok?

__ Tudo bem, só não demore, eu não quero ter que ficar saindo do quarto a todo momento. __ Disse, antes de ela desligar. 

Essa visita repentina não estava nos meus planos, mas a companhia dos amigos nunca é demais.

Será bom, até.

Eu preciso deixar essa minha vida de menina que é abusada sexualmente de lado e começar a viver a minha vida de menina adolescente, cujo único problema é com a mãe, por beber muito e chegar tarde em casa.

Então, irei aproveitar enquanto o meu pesadelo está em pausa, para curtir os meus amigos.

O Diário de Manuela.Onde histórias criam vida. Descubra agora