O Diário de Manuela.

CAPÍTULO 4

O meu corpo estava ardendo, eu estava vermelha e meus cabelos estavam bagunçados.

Eu havia tomado um banho para me limpar, mas a única coisa que consegui foi ter outra crise e assim, comecei a me machucar, como sempre faço quando essas crises aparecem.

Agora eu estava tentando esconder as marcas com base, antes de sair do banheiro e encarar os meus amigos.  Mas elas não queriam desaparecer, estavam por toda parte, eu havia me arranhado o suficiente para que as marcas não sumam com apenas maquiagem.

__ Manu, Sarah pediu para te avisar que ela precisou sair. __ Benjamin me assustou, entrando no banheiro. O olhei incrédula.

Por que ele está aqui dentro? Por que não bateu antes? Eu poderia estar pelada. 

__ Eu fiquei para ter certeza de que você ficaria bem sozinha e também, para não precisar sair sem dar explicações. __ Ele percebeu a minha reação. __ Você quer que eu vá embora? Por que está me tratando assim?

__ Não é nada com você, desculpa. __ Eu pedi e sorri fraco.

Eu sei que não precisava dessa desconfiança toda, pois ele não é como Edward, mas eu não podia confiar em ninguém.

Eu nunca imaginei que o marido da minha mãe era capaz de fazer o que faz comigo e olha aonde nós estamos. As pessoas surpreendem, nem sempre são o que aparentam ser.

Então, eu não confio. Não vou permitir que ninguém se aproxime sem antes ter certeza absoluta de que posso confiar e eu não sei se posso confiar em Benjamin.

__ Se você tem alguma coisa contra mim ou se eu fiz algo que você não gostou, pode me falar, Manu! Eu não vou ficar com raiva e nem nada parecido.

__ Eu não tenho nada contra você, relaxa. __ Pedi. __ Eu é que sou muito maluca mesmo, mas pode ficar tranquilo, você é super legal. __ Eu sorri simpática e ele relaxou ou ombros. 

__ Ainda bem, eu já estava ficando com medo. __ Agora foi sua vez de sorrir, mas seu sorriso encantador sumiu do seu rosto quando ele reparou nas minhas pernas e braços arranhados.

Seus olhos se arregalaram.

__ O que foi isso? __ Ele perguntou. __ Manuela, por que fez isso? Aconteceu alguma coisa? Você quer conversar? Precisa de ajuda? __ Ele fez uma pergunta atrás da outra, sem parar.

__ Calma, fica calmo, Benjamin! __ Pedi. __ Não foi nada, eu me machuquei, isso aqui são coisas de pessoas malucas, não liga. __ Ele me olhou desconfiado. 

Claro que não iria acreditar naquilo, mas percebi que ele preferiu deixar para lá, não quis forçar, pelo menos percebeu que se eu não estou afim de falar, não sou obrigada.

__ Tudo bem, então. __ Ele disse. __ Mas se você precisar de alguma ajuda, pode contar comigo.

__ Tudo bem, eu estou bem. __ Sorri e ele acompanhou o sorriso.

__ Agora eu preciso ir. __ Ele me abraçou e beijou a minha bochecha, mas eu não esperava por aquele beijo, então virei rapidamente o meu rosto na intenção de me livrar de seus braços, o que não aconteceu.

Nossos lábios se juntaram e eu percebi que Benjamin demorou um pouquinho de tempo para separá-los.

Eu, por outro lado, fiquei louca!

Meu coração acelerou e eu tive que empurrá-lo.

__ Vai embora, Benjamin! __ Gritei. __ Nunca mais faça isso.

__ Calma, você virou o rosto, eu só achei que...

__ Você achou errado! __ Fiquei de costas para ele, com medo de ele tentar me agarrar e fazer qualquer coisa ruim comigo.

Eu tinha medo, não podia negar.

Eu não posso permitir que me usem novamente, não posso.

__ Desculpa. __ Ele pediu, eu pude sentir seu arrependimento, mas o medo falou mais alto.

__ Vai embora, por favor!  __ Eu pedi, os olhos marejados de lágrimas.

E ele saiu, sem dizer nada antes.

Esperei até ouvir o bater da porta e deixei as lágrimas descerem, me arrastei pela parede até estar sentada no chão, encolhida no canto.

Eu sempre tenho que estragar tudo.