Eu tinha chegado cedo no hospital. Me vesti como sempre fazia e fui checar as minhas pacientes do dia, atualizando os prontuários e estando a disposição de todas elas, das que estavam nos primeiros meses de gestação até as que estavam prontas para ter o bebe.
Me arrumei para um parto que eu tinha as 8 da manhã e foquei toda a minha atenção a Elizabeth Tayllor, minha paciente de 29 anos.
O parto cesáreo foi um sucesso como sempre. O bebe estava saudável e respirava bem e a nova mamãe estava feliz e satisfeita com a chegada do novo integrante de uma família de 3.
Então eu estaria livre para tomar um café em paz enquanto revisava alguns prontuários de novas consultas no dia quando meu pager começou a apitar.
De começo eu estranhei porque não poderia ser possível que viesse do quarto 206.
A paciente do quarto 206, era Anna Cohen. Ela tinha chegado ao hospital a um mês e passou por uma cirurgia que a deixou em coma a mais ou menos uma semana, porém, mesmo gravida, o marido da paciente não deixou que tirássemos o bebe, que o deixássemos vivo dentro da mãe porque ainda não era hora dele nascer, e assim foi feito.
Eu corri até o quarto o mais rápido possível e quando vi a mulher tendo contrações ainda desacordada, a única coisa que me passou pela cabeça foi, “Essa mulher vai ter um bebe em coma”.
Pedi que a levassem com urgência até o centro cirúrgico enquanto ia me arrumar.
Quando estava prestes a entrar na sala o senhor Cohen me para e me pergunta o porquê de sua esposa não estar no quarto. Eu expliquei a ele rapidamente a situação e logo entrei na sala porque eu sabia que se eu demorasse muito aquele bebe não viria ao mundo ainda vivo.
Pedi que colocassem a musica Hey Ma e então comecei a minha cirurgia com os meus residentes prestando bastante atenção.
Fiz a incisão na barriga da mulher cortando sua pele e seu musculo abdominal. Abri com o afastador e pude ter o vislumbre do bebe se mexendo como se quisesse se livrar da bolsa amniótica estourada. Peguei o bebe com cuidado para não machucar nem ele e nem um órgão interno da mamãe e quando ele finalmente saiu seu choro ecoou por toda a sala.
Eu sorri feliz pelo resultado e entreguei o bebe para a enfermeira. Com muito cuidado cuidei de cada possível erro que poderia ocorrer e fechei a mulher com suturas perfeitas.
Quando acabei eu recebi aplausos de todos a minha volta enquanto eu sorria animada pelo o que eu acabei de fazer. Sai da sala de cirurgia e fui contar ao senhor Cohen que o parto deu certo e que a mulher dele continuava viva.
Depois de me agradecer eu fui me trocar e vi meu filho jogando no celular deitado no sofá da sala de descanso. Beijei sua testa e o coloquei em meu colo enquanto ele estava concentrado no jogo.
H. A. Redmersky
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Música Hey Ma - J Balvin, Pitbull, Camila Cabello
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Diário de uma Médica
ChickLitSou médica obstetra do hospital de Boston e me chamo Hope Amelia Redmersky. Trabalho 39 horas sem reclamar e trago bebes ao mundo me tornando a pessoa mais feliz do mundo por simplesmente estar ali num momento importante na vida de alguém. Eu sou q...