capítulo 6

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Sigo para meu quarto e ao entrar no mesmo, bato a porta e com os pés mesmo tiro meu tênis e o jogo para qualquer lugar.  Ando em direção o banheiro deixando minhas peças de roupa pelo caminho. Ao entrar tranco a porta e sigo para baixo do chuveiro deixando a água cair sobre meu corpo, e talvez junto dela meus problemas também se fossem como leio em livros mas aquilo não funcionava como eu esperava, Tudo ainda estava lá, todos os problemas.

Saiu do chuveiro e começo a secar meu corpo, ouço a porta do quarto se abrir e imagino ser algum dos meus colegas de quarto e continuo a me secar. Coloco a toalha em minha cintura e antes de sair ouço uma voz bem conhecida perto da porta.

– Cara desculpa, eu não sei o que deu em mim, tudo bem? Eu só não gostei de lhe ver abraçado com aquele garoto. Eu não sei oque estava acontecendo comigo.

Quando o mesmo termina de falar abro a porta e passo por ele indo para o guarda-roupas, pego meu pijama que era apenas um moletom e um short preto.

– Por favor, não me ignora. Eu não quero ficar mal contigo– diz ele se aproximando.

Suspiro, me viro em sua direção e encaro seus olhos que me fitavam preocupados com o que eu iria falar.

– Você foi um idiota – apenas falo isso, sem deixar de encara-lo.

– Eu sei, me desculpa... Quer saber?  Tu vai ir comigo pro shopping como pedido de desculpas.

– Não sei

Eu pensei em recusar mas eu precisava de uma lembrança boa, apenas hoje.

– Tudo bem

Ele pula de felicidade e começa a fazer uma dancinha louca e sai correndo pro seu quarto se trocar enquanto eu fico rindo dele.

Visto uma calça Skinny preta rasgada, vans cinza e uma blusa branca com uma jaqueta jeans por cima. Sentou na beirada da cama e fico esperando Marcos chegar e enquanto isso penso sobre oque eu senti ao olhar pra ele naquela sala de dança, isso não estava certo... Eu não podia me apaixonar, principalmente por um garoto.

Se meus pais estivessem vivos, o que eles iram pensar sobre isso? Balanço minha cabeça para esquecer aquilo tudo e logo em seguida Marcos chega sorrindo. Ele vestia uma bermuda branca, em seus pés um converse preto e uma blusa preta com a seguinte pergunta "can I be your angel?"  escondia a sua barriga perfeita.

– Yes, you can be my angel- sussuro baixinho e só percebo depois de ter falado.

O mesmo abre um enorme sorriso e eu saiu do quarto envergonhado. 

Duramente o percurso somente uma pergunta seguia constantemente na minha cabeça "o que está acontecendo com você?" E varias respostas se misturavam e no fim nenhum respostas plausivel era disposta.

Viro meu rosto e admiro Marcos que está sorrindo, a baixo dos seus olhos algumas ruginhas eram perceptíveis de tanto que o mesmo sorria. Derrepente seus lábios se abrem e seu olhar fixa ao meu.

– Admirando a paisagem?

Engasgo com a sua pergunta, mas logo me recomponho é o respondo.

– Claro, paisagens bonitas foram feitas para se admirar… mas então, como vamos ir ao shopping?

Descido mudar de assunto sem deixar qualquer espaço para Marcos fazer algum de seus comentários, seria melhor assim.

– Bem, eu já pedi um táxi e ele já deve estar chegando.

Quando o mesmo fala isso um carro amarelo, escrito táxi para no portão de entrada do internato e com um sorriso sapeca Marcos me deixa pra trás. Reviro os olhos e saiu correndo atrás dele que ria igual uma criança, eu também ria um pouco, admito.

****

– Me mostre o quão bom e esse shopping – digo no hall de entrada do shopping.

– Então só vamos ficar na praça de alimentação –responde ele– Agora vamos lá.

Decidimos assistir um filme de terror chamado it-a coisa, ficamos rindo um do outro quando o mesmo se assustava e já pelo final do filme seu braço estava repousado pelo meu ombro e eu deitado no seu e sua cabeça apoiada na minha.

O filme se encerra e as luzes acendem, mas nenhum dos dois da menção de que iria se levantar.

– Acho que devemos ir – diz ele quando duas moças aparecem para limpar o local.

Resmungo um pouco mas descido me levantar e juntos vamos pra praça de alimentação.

– Vai la, me fala mais um pouco sobre você– diz ele empolgado.

Estávamos esperando nossos lanches ficarem prontos e enquanto isso não acontecia chegamos a um acordo de falar um pouco sobre si e iria começar comigo.

– Bem deixa eu ver… eu nasci em Seattle, meu pai e minha mãe me criaram até meus 5 anos quando um infeliz acidente nos separaram. Após isso eu fui morar com meu tio e ele teve que ir para o Japão a trabalho e eu decidi não ir, a única alternativa que me restou foi ir pro internato. Gosto de música, séries, ler e principalmente gosto de comida… principalmente batata frita. Acho que é só isso.

Eu nunca havia me sentindo mal a mentir para alguém, até porque fazia parte do meu trabalho. Mas ali olhando bem seus olhos, um sentimento de culpa me invadiu.

Ele prestava atenção a cada palavra que saia pelos meus lábios, esperava ansiosamente para fazer comentários e eu tinha vontade de rir de seus pés que a todo momento faziam barulho ao se chocarem com o chão.

– Sinto muito pelos seus pais, é seu tio deve ter um emprego legal, tenho muita vontade de ir ao Japão. Mas acho que você deve querer saber sobre eu agora, certo?

– Você está certíssimo, tenho que saber um pouco mais do meu vizinho… vai que ele é um sequestrador –digo sorrindo.

–hahaha muito engraçado você, bem eu nasci aqui em chicago mesmo e amo este lugar, desde pequeno meus pais incentivaram meus estudos… aprendi a pintar, tocar violão celo, tive aulas de etiquetas e estudei nas melhores escolas. Mas eu só me encontrei na dança, acho que você mesmo viu né– ele da um sorriso tímido–me assumi aos 15 anos e depois de uma longa conversa, meus pais aceitaram minha orientação sexual. Gosto de comidas, principalmente hambúrguer com muita batata frita. E como você já sabe eu sou adotado e nunca conheci meus pais biológicos.

Depois que ele termina de falar um pouco sobre si ficamos ali apenas um olhando para o outro, cada um tentava enxerga a alma do outro, eu desejava enxergar seus anseios, seus segredos mais horríveis e os mais engraçados, eu queria enxergar ele inteiro.

Mas infelizmente fomos interrompidos com o nosso número sendo chamado, ele levantou meio desengonçado e pelo caminho tropeçou em uma cadeira ao tentar olhar para trás, eu apenas tentei segurar a risada… eu juro.

Depois de comermos nossos lanches chegamos a conclusão que era melhor voltarmos, já era 07:30pm. Ele novamente chamou um táxi que 5 minutos depois apareceu na frente do shopping.

– Você gostou?

– O que? – pergunto a ele pois não havia entendido sua pergunta.

– Do passeio como pedido de desculpas, você gostou?– perguntou ele apreensivo pela resposta.

– Gostei sim, você foi ótimo! Esta desculpado.

Ele começa uma dancinha idiota e eu começo a rir junto com o motorista.

Depois dele parar sua dança o silêncio retoma o interior do carro. Me assusto quando percebo sua mão proxima a minha, sorrio com esse ato e tambem aproximo minha mão da sua, logo nossas mãos estavam juntas e nos dois sorriamos.

Mas meu sorrio murchou quando o táxi parou em frente ao internato, luzes vermelhas e azuis refletiam para todos os lados e muitas pessoas estavam ali do lado de fora.

Vejo Dey E Charlie abraçados e logo estranho aquilo... Mas junto as pistas.

E pera os dois… não, não, não, não.

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