O único sentimento que pode salvar a humanidade

2 0 0
                                    

Todos os dias, Aroldo Ferreira Fontoura e Antonina de Paula Figueiredo pegavam o mesmo trem das 06h30min. na estação ferroviária Sapucaia para irem para o trabalho em Porto Alegre. Antonina, com seus 30 anos de idade, prendia a atenção de todos por onde passava com sua postura ereta que exaltava os seus 1,71cm de altura e com seus longos cabelos loiros que caíam sobre o rosto de pele branca e olhos castanhos claros.

No dia 27 de novembro daquele ano de 1985, Dr. Fontoura, como era chamado em seu consultório médico, estava prestes a entrar no trem e percebeu que a bela secretária do Grupo Venom, uma das empresas mais poderosas no ramo de peças automobilísticas, não havia chegado ainda à estação como era de costume.

- Nossa! Muito obrigada! Acabei me atrasando para sair de casa e por muito pouco não perco o trem! - afirmou Antonina ao entrar no trem após Aroldo ter impedido que a porta dianteira se fechasse antes que ela pudesse entrar no vagão.

- Por nada! Pode ser que um dia você também tenha que fazer algo gentil por mim. - respondeu Aroldo com um largo sorriso no rosto seguido de uma leve e saudável gargalhada.

Apesar de nunca terem iniciado uma conversa, os dois trocavam olhares com frequência todos dias. Mas, apesar da facilidade de comunicação que ambos possuíam, iniciar uma conversa sem nenhum pretexto era uma afronta à timidez e ao orgulho. Por consequência do destino, a partir desse dia passaram a se cumprimentar e, aos poucos, a conversa e a troca de intimidades foram acontecendo com fluidez. Mais do que isso, a brasa de um sentimento mais forte estava começando a se acender.

Uma semana após o acontecimento inusitado, Aroldo convidou a jovem para assistir a peça Ópera do Invasor no Teatro de Arena de Porto Alegre. Antonina não hesitou em aceitar o convite.

Durante o evento, meio desajeitado, Aroldo colocou o braço por trás do banco de Antonina e começou a engolir fundo a saliva. Vendo que a jovem se sentiu confortável com a atitude, se relaxou. Confiante para tomar uma atitude mais ousada, o médico aproximou seu rosto para perto do rosto daquela linda mulher e a beijou. O pontapé inicial de uma grande história de amor havia sido dado. Após se casarem em Agosto de 1991, Antonina deu a luz ao pequeno Ricardo no ano seguinte, o único filho do casal.

O tempo passou e, em agosto de 2016, Aroldo Fontoura, um novato do período da terceira idade, tomou a iniciativa de procurar uma assistência médica. Sentia fortes incômodos estomacais há cerca de 2 meses, mas o oftalmologista relevava a dor para se dedicar ao atendimento diário de seus pacientes.

- Boa tarde, meu grande amigo Fontoura! Em que posso te ajudar? - disse André Mercury, o médico mais bem recomendado nas áreas de gastroenterologia e urologia do Rio Grande do Sul.

- Então, meu grande parceiro! Apesar de ser um médico dos olhos, não tenho o conhecimento total sobre o resto do corpo. - respondeu Aroldo Fontoura com um sorriso despreocupado no rosto. - O que está acontecendo é que estou sentindo fortes dores estomacais há uns dois meses.

- Entendo perfeitamente! Devem ser os famosos gases. Eles sempre nos levam a alarmes falsos. - argumentou o Dr. Mercury, fazendo com que os dois caíssem na gargalhada.

Após o breve diálogo, Mercury realizou os procedimentos necessários para se ter um diagnóstico assertivo diante das queixas do oftalmologista.

- Fontoura, vou te pedir uns exames. Você está sentindo um incômodo muito forte na região lateral do abdômen. Nem se tivesse com um gasoduto implantado aí dentro sentiria tantas dores. - afirmou o especialista após a análise.

Conforme foi orientado, Aroldo realizou os exames e retornou ao consultório de André Mercury alguns dias depois acompanhado de sua esposa Antonina. Assim que chegaram ao consultório, foram convocados pelo médico a comparecerem em seu local de atendimento.

7 Contos CapitaisOnde histórias criam vida. Descubra agora