Jay, o cinéfilo

13 0 0
                                    


Meus olhos doiam. Ou era a minha cabeça? Rapidamente consegui chegar a conclusão que o meu corpo todo estava doido. Reconheci o gosto ruim na minha boca como o gosto de alcool. Grunhi. 

Lentamente abri os olhos. Um forte feixo de luz iluminava o quarto, entrando pela grande janela em frente a cama. Como era linda a vista da lagoa, pensei. 

Meu quarto não tinha vista para lagoa. 

Me levantei em um sobressalto, asssustada. Mas o que diabos eu tinha feito na noite passada? Eu tinha conseguido perder a minha virgindade em um impeto de raiva contra minha mãe? Não resignada a ser um arquetipo freudiano, procurei por vestigios de sexo em mim e na cama em que estava. Não achando nada, suspirei. Tateando meu corpo, percebi que estava com a mesma roupa com a qual tinha saido, o que no minimo queria dizer que eu não a tinha tirado. Por sí só já era muita coisa. 

Sem saber o que fazer, ponderei se era melhor abrir a porta e encarar quem quer que estivesse do outro lado, ou simplesmente pular pela janela, gigantesca por sinal. Olhei para baixo, contmplando. A queda não parecia tão grande assim. 

Antes que pudesse tomar uma decisão, ouvi três toques leves na porta. 

-Ana- uma voz abafada vinda do outro comodo me chamou- você está acordada?

 Ao percebem de quem pertencia a voz do outro lado da porta, meus olhos se abriram em conjunto com a minha boca, em uma imagem que vista de longe devia se assemelhar muito ao quadro O grito de Edvard Munch. O ridiculo da situação não me escapava, mesmo estando imersa no momento. 

-Sim- respondi, timidamente. Abri a porta e me deparei com Jason, sorrindo, com uma bandeija. E um olho roxo. 

-Café da manhã na cama?- perguntei, atonita, apontando para  abandeija.

-Era a ideia- ele respondeu.

-Olha, eu não sei o que eu fiz na noite passada, mas eu vou ficar muito mal se você gostou tanto a ponto de me trazer café na cama. Ja vou deixar claro que não lembro de absolutamente nada, então você poderia esquecer tambem?- supliquei. 

-Eu dormi no sofá- ele apontou para a sala, rindo- e você não fez nada, alem de ficar extremamente bebada ontem a noite. 

-Eu te expulsei da cama com um soco?- perguntei olhando para minhas proprias mãos, segurando-as em formato de pulso, com uma mistura de orguho e vergonha.

-O que?- ele perguntou, confuso- Porque você... Ah, caramba, você acha que conseguiria fazer isso comigo?- ele apontou para o olho roxo e inchado- isso não foi você. Mas com certeza foi sua culpa- ele falou, sem um pingo de maldade em sua voz. 

O que tinha acontecido na noite passada para que ela acabasse com um olho roxo e um café na cama? Vendo que Jason me olhava de pé a cabeça, imaginei a minha propria aparencia, que não devia estar muito boa no momento. Mas a curiosidade dos eventos falva mais alto, então me deixei ficar exatamente como estava. 

-Eu te conto o que aconteceu na sala, enquanto nós tomamos café. Que tal?- ele pergunta, com seu caracteristico sorriso, sua sombrancelha levemente arqueada zombando de mim. Aceito, como se tivesse outra opção. 

-Seus pais não estão em casa- pergunto a caminho da cozinha.

-moro sozinho- ele responde.

Aceno com a cabeça e me sento na mesa. Jason tira os pratos da bandeija e coloca na mesa, adicionando um copo e um prato a mais. 

-Se faltar eu faço mais- ele disse.

-Não acho que vá chegar a isso- falei, me referindo ao enjoo que sentia, provavelmente resultado de tanta bebida.

Jason tinha preparado ovos e uma jarra de suco de laranja, com duas torradas. Peguei uma e mastiguei a borda, enquanto Jason enchia o seu prato com os ovos mexidos sem clemencia. 

-Bem, como prometido- ele começou- o que aconteceu ontem foi o seguinte. Eu fui até o parque, porque- ele deu uma leve pausa e sorriu- eu queria, ver você. E foi exatamente o que aconteceu. Eu imediatamente te vi no balanço, e pensei "que timing, huh?".  Não poderia estar mais errado. Tentei te chamar, enquanto me aproximava pra chegar até você. Você não me escutava e continuava chamando um tal de Augusto- ele falou o nome com um tom de interrogação- mas essa não é a questão. A questão é que eu não era o único que estava chegando até você. Eu não tenho ideia de quem, mas concerteza não era o Augusto, me xingou e disse que tinha te visto primeiro. Nisso você desmaiou no balanço, e eu corri até você para te segurar, mas o outro cara tambem veio, e eu tive que empurra-lo pra longe. Mas não antes que ele acertasse o meu olho em cheio.

-Então você ficou com esse olho roxo lutando pela minha virtude?- ri da situação completamente absurda. Nunca mais vou me deixar chegar até esse ponto, pensei. O que eu teria feito se Jason não tivesse chegado? 

-E dizem que o cavalherismo está morto- ele falou, com a boca propositalmente cheia de ovo, me fazendo rir. 

                                                       ***

Me preparando para ir embora, ouço Jason me chamar. Estava no banheiro tentando minimizar a minha aparencia desgastada. Vou até a sala.

-Eu acho que está na hora de ir embora- falei, indo até a porta.

-Você passa a noite na minha casa e não me da nem a horna de ver um filme comigo?- ele perguntou, fazendo careta- Vamos, você não precisa ficar, mas se quiser, o que quer assistir? Eu tenho muitos filmes- ele falou, com enfase no muitos- eu te deixo escolher.

Me sentei no seu sofá e me deparei com uma coleção de mais de duzentos dvds preenchendo as prateleiras da sua sala. Ainda assim, estava extremamente agradecida pela noite passada, então resolvi ficar por mais algumas horas, que não seria tortura nenhuma perto de Jason. 

-Então?- ele me pergunta, ansiosio.

-Não saberia escolher- digo, com sinceridade. Eram muitos e eu não tinha muito conhecimento cinematografico.

-Você vai se arrepender- ele disse, com um sorriso maldoso estampado em seu rosto.

                                            ***

-Eu não...- não consegui continuar a frase, horrorizada. O seu plano obvio tinha funcionado, pois eu estava com a cara nas mãos encostada nos ombros de Jason. 

-Eu disse- ele riu.

-Obrigada pelo trauma- foi tudo o que consegui dizer.

Nesse momento, a porta se abriu abruptamente. Um jovem de aproximadamente a minha idade, talvez um ou dois anos mais velho, com cabelos loiros pontudos e uma camisa preta entrou.

-You are seriously watching human centipede in a date?

Jason se levantou imediatamente

-It's none of your buisness, and what the hell are you doing here?

O homem loiro pouco se importou com a pergunta contundente de Jason, pois virou seu olhar até mim, e com um largo sorriso contraditoriamente simpatico, me disse:

-Prazer, sou Alex. E você, do que Jay vem me falando, deve ser Ana. Escutei muito sobre você, e olha, chego a ficar surpreso do Jayjay trazer uma menina para casa tão cedo após conhece-la.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Fiquei com preguiça de descrever a sala do Jason, então tenho q descrever a sala e a casa do Jason. Os meninos são esteriotipos no começo mesmo, é pra ter evolução. 


Momentos InfamesOnde histórias criam vida. Descubra agora