3 - O Sangue Chama

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- Kênan? - fala Rosemary surpresa ao entrar em casa e ver o garoto sentado no sofá da sala. Astríde vindo logo atrás.

- Oh, graças à Deus! Vocês estão bem! - disse o garoto se levantando abruptamente e indo em direção à elas - Fiquei com medo de ter acontecido algo com vocês. - envolveu Astríde em um forte abraço.

Astríde arfou quando foi envolvida pelos braços do amigo, e a única coisa que conseguiu fazer foi retribuir o abraço na mesma intensidade; ela nem acreditava que ele estava ali, vivo. Em sua memória passou uma compilação dos melhores momentos dos dois: a primeira vez que se falaram, as aulas que passaram juntos se divertindo, o encontro acidental em uma praça, as noites em claro trocando mensagens por Whatsapp. Ela o apertou mais ainda, como se não quisesse perdê-lo novamente, as lágrimas nos olhos vindo.

Rosemary até então os encarava com um leve sorriso no rosto. Ela se afastou e colocou as armas em cima de uma mesinha, o barulho do ato fez Astríde e Kênan se separarem abruptamente, meio assustados, como se tivessem esquecido a presença de Rosemary e só agora a notaram. Se olharam meio envergonhados e desviaram o olhar.

- Astríde tinha fugido de casa. - Rosemary se sentou no sofá e massageou a nuca com uma mão, mostrando cansaço, ela ainda usava as roupas de combate que haviam chamado a atenção da filha, "ela parecia uma Amazona", pensara Astríde quando a viu - Tive que ir atrás dela ... uma bruxa quase a matou.

A expressão de Kênan foi de terror, Astríde lhe lançou um olhar suplicante.

- Porquê fez isso? - questionou.

- Acho que qualquer um que soubesse de toda essa merda iria surtar. - sua expressão era de desolação, e Kênan não a culpava, realmente deveria ser muito difícil lidar com tudo isso.

- Entendo.

- Filha ... - Rosemary chamou a sua atenção - eu sei que deve está sendo difícil lidar com tudo isso, mas entenda que o lugar mais seguro pra você agora é aqui dentro, elas não irão te encontrar se estiver dentro de casa.

Astríde foi até o sofá e se jogou, a cabeça escorada no encosto, a mão tampando o rosto, bufou alto, como se estivesse complicado lidar com tudo aquilo. Kênan se sentou ao seu lado, deixando-a entre ele e Rosemary.

- Calma, estamos aqui com você, vamos lhe ajudar! - tentou acalmá-la, sua mão repousou no ombro dela.

Ela levantou a cabeça e o encarou, seus olhos eram de um azul lindo, por um segundo ela ficou hipnotizada por eles e esqueceu do mundo ao seu redor.

- Tudo vai se ajustar, Astríde, confie em mim. - Rosemary se levantou encarando a filha - Preciso de um chá, vocês querem também? - e quando eles negaram com a cabeça, ela foi em direção à cozinha, deixando os dois sozinhos na sala.

Demorou alguns segundos antes de Astríde falar novamente:

- Você também é um, não é? - ela o encarou - Um caçador de ... bruxas! - ela falou a última palavra com um tom descrente.

- Sim! - ele acentiu com a cabeça - Sua mãe me conheceu há um ano atrás, na academia dos caçadores de bruxas, ela me pediu pra protegê-la enquanto estivesse na escola.

- Olha só, pelo visto têm muitas coisas que me esconderam!

- Não olhe assim pra mim. - ele levantou as mãos na defensiva ao perceber o olhar acusatório dela - Sua mãe fez isso por amor, tente entender, eu não podia lhe "entregar as cartas", foi pro seu próprio bem, e eu meio que me orgulho agora por ter participado disso ...

- Dessa mentira toda? - ela disparou com dureza.

- De tê-la protegido. - ele rebateu - Sabe, foi preciso omitir de você, quando sua mãe me contou toda a história, eu quis ajudá-la, e quando eu te conheci, eu me apaixonei ... - e ao ver o olhar surpreso dela, ele acrescentou apressado - pela pessoa maravilhosa que você é, sabe ... você é uma ótima amiga. E isso só me motivou mais a te proteger.

Temporada de CaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora