4 - Descanso para a Alma

48 18 8
                                    

   O CARRO DE ROSEMARY entrou em uma avenida movimentada. Já faziam 20 minutos desde que Astríde, o amigo e a mãe entraram no carro e estavam indo à algum lugar misterioso, no qual apenas a mãe e Kênan sabiam qual era; o som do rádio ligado ecoava dentro do carro, a música tocando era "Supercut" da cantora Lorde, uma agradável brisa de verão entrava pelas janelas, e a distração para os olhos ficava por conta dos elementos da avenida.

Nenhum dos três tinham falado mais nada desde que entraram no carro. Astríde estava sentada na frente, ao lado da mãe, que dirigia, Kênan distraidamente olhava pela janela no banco de trás enquanto cantava baixinho à música que tocava na rádio.

Astríde não fazia idéia aonde a sua mãe estava te levando, mas tinha certeza que  era à algum lugar relacionado aos caçadores de bruxas; suas mãos estavam manuseando o pingente em formato de cauda de baleia que pendia da correntinha, o olhar era fixo no trajeto que o carro fazia, ela vasculhava a mente tentando reconhecer o caminho, definitivamente ela nunca o fizera antes.

O carro preto de Rosemary deixou a avenida ao virar à esquerda entrando em uma rua ainda em área comercial, pra em seguida entrar em outra praticamente deserta; não tinha nenhum sinal de carros e muito menos de pedestres transitando pelas calçadas. O carro seguiu e parou em frente à um pequeno restaurante, no letreiro, em letras vermelhas, lia-se "Recanto do Dragão", junto da imagem do ser mitológico de cor vermelha. Todos desceram do carro; Astríde encarou o letreiro incrédula.

- Então um restaurante de nome estranho era o lugar tão importante que você disse que eu precisa conhecer? - Astríde perguntou incrédula encarando a mãe.

- Na verdade não! - Rosemary riu - É aquele - e apontou para o outro lado da rua.

Astríde olhou na direção, erguia-se do outro lado da rua um enorme casarão abandonado, a arquitetura era antiga, de outro século, a fachada era fechada por uma  cerca de ferro com um portão de portas duplas, algumas videiras floridas trepavam no portão, o metal estava corroído pelo passar do tempo, na verdade todo o casarão estava com aspecto de velho; as madeiras estavam podres e quebradas em vários pontos, as vidraças estavam quebradas, em alguns pontos o concreto tinha enegrecido por causa das chuvas; aparentemente o local estava inabitado, e parecia preocupante a  idéia de que alguém pudesse morar ali.

- Um casarão abandonado? - questionou Astríde - Por quê queria que eu conhecesse esse lugar?

- Ele não está abandonado - disse Rosemary andando em direção à construção, Kênan a seguiu com Astríde em sua cola - É um feitiço ... pra manter longe gente curiosa. Você ainda não consegue ver através dele pois não tem a runa da visão ... por isso lhe trouxe aqui, pra receber suas runas e iniciar seus treinamentos, é aqui onde ficam os caçadores de bruxas da nossa cidade, a irmandade daqui. Essa é a academia do Rio de Janeiro.

Astríde encarou mais uma vez a grande construção, e cada vez que chegava mais perto podia sentir que algo a cobria. Ela não via nada de estranho, mas a sensação que algo estava oculto naquele casarão era forte agora que estava perto.

   O trio parou na frente dos grandes portões de metal, estava trancado por um grande cadeado enferrujado. Astríde ficou esperando que a mãe tirasse uma chave antiga do bolso para abrir, mas em vez disso ela estendeu a mão e o empurrou, o som de metal rangendo ecoou, ferrugem caiu no chão, mas o portão não abriu. Rosemary e Kênan seguiram em frente atravessando o metal, no momento seguinte, Astríde estava sozinha do lado de fora; seu rosto se contorceu em uma careta incrédula.

- Vocês atravessaram o portão! - ela gritou perplexa - Como?

Kênan olhava com divertimento pra ela, Rosemary soltou uma risada.

Temporada de CaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora