Aprendi muito cedo que se eu quiser ser feliz terei que estudar muito, aprendi que se eu um dia quiser ser alguém, terei que ser a melhor, não me deixar abalar por opiniões.
Quando somos crianças nossos pais nos dizem que tudo é possível, que é só sonhar, se sonhar é possível, realizar é só questão de tempo. Eu queria ser uma fada, queria realizar desejos e fazer qualquer um feliz, aí fiz 12 anos. É aí que a verdade
vem a tona e eles dizem "você não é mais criança", "agora você tem que ser responsável", "Estude e terá um bom carro e uma boa casa", aí vem o primeiro amor e tudo é lindo, até acontecer o primeiro coração quebrado, com ele vem insegurança e tudo que eles tem a dizer "É a adolescência, dói mesmo". E você pensa "Que otários".
Bom também aprendi cedo a resumir minha vida, minha psicóloga diz que assim conseguirei me organizar, eu acho que isso é uma grande merda, mas eu não posso falar palavrões.
A chuva cai suavemente na janela do décimo quinto andar e eu vejo duas ou três pessoas lá em baixo correndo em busca de um abrigo, que tolice, se eu pudesse nesse instante estaria lá fora purificando minha alma.
- Sabe Emily, você tem se mantido muito distante durante as nossas consultas - três vezes por semana, duas horas por dia. É sempre a mesma conversa.
- Você continua escrevendo? - As mesmas perguntas de formas diferentes.
- Não - Respondi sem nem desviar os olhos da parede, que é inteira de vidro e da a vista para os prédios e a chuva.
- Tem feito alguma coisa para se divertir? - ela fez exatamente a mesma pergunta na última consulta, a resposta continua a mesma, mas vou diferenciar um pouco.
- Sim - Por um segundo acho que vi uma expressão de surpresa em seu rosto mas logo voltou a ser a expressão impassível de " Eu tenho uma merda de vida ".
- Sabe Srt.Marsh, eu conheci um cara esses dias e transamos locamente sem proteção, combinamos de nos ver amanhã pra repetir a dose - espantada, é um eufemismo para a expressão da Srt.Marsh, ela até parece sem fala.
-É...é vvocê fez isso mesmo? - pra uma psicóloga ela é bem ruim na arte da dedução.
-Não - olho pro meu braço coberto pela minha jaqueta, e levanto.
- É parece que nosso tempo acabou até a próxima consulta - vou caminhando até a porta, sem esperar uma resposta dela.
- Sabe Emily, quando eu acho que você está tomando jeito, você só se mostra infantil e deprimente - sua voz é fria.
- Então tenho muito a aprender, como eu disse até a próxima consulta - passei pela porta e fechei com bak.
Ed o assistente da Srt.Marsh me olhou nem um pouco surpreso, eu sempre saio brava da sala dela. As vezes acho que ele se importa comigo, porque ele me olha de um jeito estranho como que com compaixão.
- Emily, seus pais ligaram, disseram que ficaram presos no trânsito - Em seu olhar há compaixão, eu sei, ele sabe, todo mundo sabe que nessa cidade não existe trânsito nessa hora, normalmete todos os adultos estão trabalhando e os adolescentes que não estão na escola estão estudando em algum café ou biblioteca.
- Quer uma carona?
- Não, obrigada, pego um táxi.
Fui direto para as escadas, porque nas portas do elevador há um grande cartaz em caneta vermelha iformando que "Está com problemas" provavelmente algum chefe pegando a secretária, coloquei meus fones e a notas de piano me acalmam imediatamente, queria saber tocar.
mas meus pais dizem que é perca de tempo e que eu tenho que estudar, apesar de desde que me lembro por gente sou a melhor da turma. Estou tão obsoleta em meus pensamentos, que não me dou conta que os degraus acabaram e acabo tropeçando nos meus próprios pés e caindo de joelhos, por pouco não bato o rosto também. Ainda bem que o porteiro, seu Walter, está ocupado no telefone. Saio correndo, sem nem olhar pra que lado estou indo, sem nem me importar com a garoa fria. E tropeçei de novo e bem, dessa vez não é nos meus pés, e sim, em alguém, aí que vergonha.
- Ei... - não levanto a cabeça mais pela voz é um rapaz.
- Desculpa... eu sinto muito eu sou muito desastrada...me perdoa - digo sem bem olhar rosto do cara.
- Da próxima vez olhe por onde
anda - diz outra voz.
eu me viro e saio correndo.
- E..eu me desculpe ! - que gente estúpida eu pedi desculpas.
- Ei.. criança espere. - diz a segunda voz, eu paro e espero que diga alguma coisa.
- Você pode nos dizer onde podemos comprar maçãs?
- Maçãs?
- Sim maçãs, sabe, parecem laranjas só que não tão redondas e são vermelhas - maçãs! quem vai até o "centro" de medicina pra comprar maçãs?.
- E...eu sinto muito mas a única maçã que vão encontrar neste bairro é a do nome - sinto raiva de mim mesma por minha voz ter saido trêmula. Me viro para avista-los, não me assustaria se estivessem com camisola do hospício que fica do lado do prédio da minha psicóloga.
Minha nossa senhora das maçãs, quem são esse dois ?!?
E aí que são ?
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Bulletproolf
FanfictionEmily está no ultimo ano do ensino médio, está a um passo da tão sonhada liberdade, ela não vê a hora de ver livre de Tallin, a cidade do tudo ou nada, ela só quer mesmo tocar piano em uma tarde chuvosa com copo de chocolate, ela só está buscando...