Flávia
— Vamos começar? — Miguel pergunta ao meu lado.
Tínhamos saído da igreja e agora estávamos num salão de festa.
— Vamos — digo mais para mim mesma, do que para ele.
Nos posicionamos no centro da pista de dança e depois de alguns segundos colocaram a música para tocar. Nós fizemos tudo como havíamos aprendido.
E quando nós olhamos e demos as mãos, o Miguel aproveitou para falar:
— Eu sei que isso não tem nada a ver, mas me desculpa pelo o que aconteceu ontem à noite, não vai mais se repetir — ele me pede desculpas por algo que eu também queria. Que na verdade, ainda quero.
E eu lhe respondo depois que ele me gira.
— E se eu quiser que se repita, tudo bem para você? — Arqueio uma sobrancelha, sem nunca desviar meus olhos dos seus.
Ele me sobe no seu ombro e quando me desce, responde:
— Perfeito — ele sorrir e nós continuamos a nossa dança, cada um encarando o outro, até que por fim ela acaba.
Nossos rostos estavam próximos e quando eu tive a ideia de beijá-lo, alguém aparece perto da gente.
— Então a madrinha todo esse tempo era a Flávia, por que não me disse antes, Miguel? — Ester pergunta ao nosso lado, visivelmente furiosa e chateada.
— Você me pediu para não dizer quem era — Miguel a responde, mas não olhando para ela e sim para mim.
Eles vão discutir aqui na minha frente, é melhor eu sair daqui.
— Vou deixar vocês a sós — me solto dos braços do Miguel.
— Não, fica — Miguel segura a minha mão.
Por favor, não me peça isso...
— Melhor não. Eu vou lá... é, falar com o meu irmão — solto definitivamente a sua mão e ando em direção aonde estava o meu irmão com a Jade.
Eu precisava pensar em outra coisa.
— Parabéns, vocês merecem toda a felicidade do mundo — abraço cada um dos dois.
— Você também merece, amiga — disse Jade e eu só dou um meio sorriso. Não é assim tão fácil.
— Arrasou na dança, irmã — Ben bate de leve no meu ombro.
— Obrigada, mas eu não fiz tudo sozinha — digo e olho para onde eu tinha deixado o Miguel com a Ester, eles ainda estavam conversando, só que agora sentados numa mesa.
Eu preciso sair daqui, não aguento ver os dois juntos.
— Eu posso falar com você Flávia, em particular? — Jade pergunta e eu saio do meu transe.
— Claro — nos afastamos um pouco do meu irmão, mas ele não ficou sozinho, pois logo depois nossos pais vieram conversar com ele.
— Eu te agradeço imensamente por estar aqui comigo e por ser a minha madrinha de casamento — Jade pega nos meus ombros e sorrir.
— Eu que agradeço, Jade — lhe retribuo o sorriso.
E eu realmente agradecia do fundo do meu coração. Obrigada, por ter me proporcionado isso.
— Mas eu quero que você seja feliz, seja com o meu irmão ou com qualquer outro rapaz — ela olha para mim com... compaixão.
— Por que diz isso? — Arqueio uma sobrancelha.
— Flávia, vocês passaram a noite juntos e a dança ficou incrível. Eu tinha exigido a ele uma dança bonita, mas essa que vocês apresentaram agora ela foi, como eu posso dizer... especial e você também deve ter percebido isso — a felicidade da Jade estava óbvia na sua cara, mas a sua alegria logo se desfaz. — Mas o meu irmão vai se casar, eu sei que ele não está tão feliz com isso e eu o entendo, acho que o que impede de terminar essa relação é o fato de que a Ester o ajudou em um momento muito difícil — ela me explicava o que eu já sabia.
— Eu sei, ele me contou — digo e raiva é o que começa a subir dentro do meu peito.
— Mas está na cara que vocês ainda se gostam um do outro — ela continua a dizer, e eu não entendo aonde ela quer ir com isso.
— É, mais como você falou, ela o ajudou em um momento muito difícil e você ainda deveria se lembrar do nosso acordo — ela se espanta com o que eu acabei de dizer. Mas eu tinha que dar um basta nisso, e melhor agora do que depois. Eu não aguento mais sair ferida de uma relação, e olha que nem estamos numa relação.
— Achei que tivesse mudado de ideia... — ela diz e eu só olho para o lado, eu não queria chorar. Eu não vou chorar.
Eu ainda estava indecisa, mas eu realmente queria ficar aqui, com ele, esqueceríamos o passado e passaríamos a viver só o presente. Mas depois que eu vi os dois juntos, essa é a decisão mais sensata a se fazer. Aliás, sempre foi.
— Então, você vai mesmo embora amanhã? — Jade pergunta com uma cara triste.
Tinha ficado evidentemente claro, eu precisava viajar amanhã. E não vai ter volta.
— Sim, eu vou — olho para eles dois que ainda conversavam na mesa, eles não estavam discutindo, conversavam civilizadamente e a Ester segurava a mão do Miguel como se a sua vida dependesse disso.
Tchau, Miguel. E eu admito, foi muito bom te ver novamente, mas agora eu preciso ir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sentimentos Aflorados
Romansa- LIVRO 2 - Passaram-se 5 anos desde a sua viagem para Natal e muita coisa havia mudado em sua vida e assim tudo ia bem no dia a dia de Flávia, até que, ela se vê numa situação muito difícil. Aceitar ou não aceitar ser a madrinha de casamento da Jad...