Baseball é uma merda. E Dean não diz isso só por ser fã dos Cubs.
"Mas que bosta," ele reclama alto, puxando seu boné de baseball por cima dos olhos para não precisar mais olhar para a tela. Não que ele seja tão apegado ao esporte, mas é o único que passa quando sua carreira para abruptamente no fim de maio. Além do mais, sua TV de setenta e cinco polegadas deixa muito mais difícil ignorar a bagunça que é o bullpen dos Cubs.
"Ei, foi você que quis assistir," seu amigo Victor aponta ao seu lado no sofá, e Dean o lança um olhar irritado.
"É chamado de Clássico de Cross Trown, Vic. É preciso assistir quando se mora nessa droga de cidade."
Victor dá de ombros. "Eu sou de Nova York."
"É, e você é fã dos Sox," Dean faz uma careta.
"Talvez se você fizesse mais gols a gente pudesse estar jogando contra os Rangers agora ao invés de estar assistindo essa coisa que nem pode ser chamada de jogo."
Se fosse de qualquer outra pessoa o comentário incomodaria, mas Victor é seu companheiro de time há tanto tempo que ele nem registra como um insulto. Dean o soca, forte, e é surpreendido ao ver que Victor chega a encolher-se. Seu treinador ficaria tão orgulhoso.
"Ei," Victor diz, e há um tom tão distinto em sua voz que Dean pode adivinhar exatamente o que ele viu antes de mais palavras deixarem sua boca. Malditos sejam esses pequenos travesseiros decorativos que Sam o fez comprar. Dean queria travesseiros grandes em seu apartamento, porra. "Você tá lendo revistas de fofoca, Winchester?"
A revista é puxada do travesseiro atrás de Dean (ele xinga Sam mais uma vez, para enfatizar) e Victor sorri com prazer para as palavras escandalosas jogadas pela capa. "Capitão de Hockey Bonitão Sai Com Loira Peituda," ele lê em voz alta. "Porra, Winchester, você é falado."
"É mentira," Dean murmura, "eu só levei ela pra casa."
"Claro que foi só isso," ele diz, vendo a foto borrada mais de perto. "Por que toda foto que os paparazzi tiram sua você parece estar posando pra uma capa de revista?"
"Ei, não brinque com meus sonhos," Dean o fala, pegando a revista de volta e jogando-a na mesa de centro. Geralmente ela faz sua sala de estar parecer mais elegante, com sua superfície brilhante de mogno, mas hoje está coberta por bacias de pipoca, Cheetos, e os pés cruzados de Victor. "Você quer outra cerveja?"
Victor apenas sorri atrevidamente para ele. "Por que você tem essa revista mesmo?"
Dean dá o dedo para ele e se levanta do sofá, já que quer sim outra cerveja. Victor pode pegar para si próprio. Ele ouve uma comemoração vinda da TV e celebra junto. Acabaram de marcar um home run inesperado. "Na sua cara, otário," ele diz animadamente, e desvia quando seu travesseirinho é jogado nele.
"Eles estão perdendo de cinco a dois," Victor grita.
"Espero que você saiba onde é o mercado mais próximo, porque você pode ir comprar sua própria cerveja de merda," Dean responde, entrando na cozinha. Um pouco menor que a sala de estar, é de boa qualidade, principalmente porque quando Dean disse que queria uma cozinha de chef, levaram-no a sério.
Sendo honesto, se seu dinheiro fosse ser usado para qualquer coisa exuberante, o fogão de restaurante foi definitivamente a melhor escolha que poderia ter feito.
Ele vai até a geladeira e pega duas cervejas, porque ele não é tão ruim assim, e abafa um ganido quando sente alguma coisa úmida e gelada em sua virilha. A pior parte de vir para a cozinha é que este é o lugar onde o cachorro estupido do Sam fica. E, por algum motivo, ele acha que Dean se importa com ele.
"Sai," ele fala incisivamente, o empurrando para longe, e o retriever se afasta, rabo balançando e língua para fora. Sam salvou essa coisa da Russia no ano anterior durante as Olimpíadas quando soube que estavam executando os vira-latas, e então, porque ele é um bosta, deu o cachorro para Dean cuidar pois não permitem animais no prédio dele.
Dean provavelmente tem sorte de ter conseguido impedir Sam de pegar mais cem e transformar a vida deles num filme da Disney.
O único problema no arranjo é que Dean não gosta de cachorros. Sam fica insistindo que Dean dê um nome para essa coisa e o leve para passear. Dean se recusa, mas ocasionalmente ele desliza e o chama de Chekov, por que dizer "sai do sofá, vira-lata do caralho" cansou muito rápido.
Uma pena a temporada não ter durado mais, ou a coisa ainda poderia estar no canil.
Alguns problemas vêm com ser um jogador de hockey. Um - entre os meses de junho e agosto, sua vida vai de um ritmo acelerado de gritos, corpos se batendo e tacos voando para um grande nada. Não tem nada para fazer. Se seu time for muito ruim, você pode colocar abril e maio de tédio também.
Dois - as únicas coisas há fazer quando não se tem nada para fazer é assistir TV e comer. Como um atleta profissional, nenhum dos dois pode ser aproveitado regularmente. Verão é literalmente o inferno.
Três - para adicionar à essa linda imagem de tédio e exercícios físicos, verão é sempre a temporada de trocas. Contratos são negociados, gerentes gerais vão trabalhar, e, em alguma parte do time, alguns pobres coitados serão trocados. Não importa se for você ou qualquer outro, você ainda perde um companheiro de equipe.
Dean teve sorte o suficiente para fazer parte do Chicago Cavalry desde que fora convocado oito anos atrás, o mesmo time que seu irmão mais novo, Sam. Ele não precisa se estressar com negociações de contrato até a próxima temporada, e mesmo assim não tem muito com o que se preocupar.
Dean é um jogador de hockey bom pra caralho.
Tem umas duas pessoas no time esse ano que podem ser trocadas, mas ele não está muito preocupado. Chegar às Finais de Conferência da NBA não é um feito pequeno, e com o aumento da verba não há motivo para ninguém ir. Dean ama o seu time, eles são mais uma família do que qualquer outra coisa. Ele odiaria perder qualquer um deles.
Empurrando Chekov para longe de sua virilha de novo, ele pega as duas garrafas de cerveja e as traz de volta para a sala de estar, se jogando no sofá e oferecendo a garrafa para Victor sem olhar em sua direção. "Nunca diga que eu não faço nada por você."
Quando a garrafa não é imediatamente pega, Dean da uma olhada. Victor está observando seu celular com a testa franzida, não mais prestando atenção no jogo.
"Ei," Dean fala preocupado. "O que foi?"
"Me ligaram," Victor diz, finalmente pegando a garrafa e guardando o celular no bolso.
"Nancy precisa de você em casa?" Dean franze a testa. Victor é um dos únicos caras no time que é casado, o que Dean respeita. "Ela está bem, não é?"
"Não era a Nancy," ele balança a cabeça. "Era o Edlund."
"Ah," Dean diz, por que o gerente geral ligar não é nada novo ou que valha a pena se assustar. Seus olhos se voltam para a tela e ele balança a cabeça pelo double play fácil acontecendo lá. "O que ele queria?"
Dean se lembrará para sempre das próximas palavras de Victor, ditas no tom devastado de um jogador que acabou de descobrir ser mais dispensável do que pensava e teve sua vida inteira mudada por culpa disso. "Ele me trocou."
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Chicago Cavalry [Destiel]
Fanfiction[TRADUÇÃO AUTORIZADA] Dean Winchester sabe duas coisas sobre hockey, duas coisas que seu pai certificou-se que ele soubesse. Um, hockey é um esporte de homem, e dois, hockey é família. Hockey significava Sam e Bobby e Benny e Victor e Gabriel e bom...