Era 23h36. Já fazia dez minutos que estava esperando minha mãe falar algo. Tudo estava escuro e apenas a luz da cozinha e do quintal do fundo estavam ligadas. Meu pai estava dormindo e meu irmão estava me procurando. Mamãe disse que eles brigaram por minha causa, mas eu não me culpo por isso. Para ser sincero, não tinha vontade de falar alguma coisa com ela, apesar de ter um pouco de medo dela ter me visto no carro de um garoto desconhecido. Ela havia perguntado quem era assim que eu entrei e eu disse que eu era um amigo, mas acho que não considero Nicolas um amigo. Não ainda. Então, depois de perguntar isso ela apenas pediu para que eu esperasse na cozinha. Eu recusei, disse que estava com sono, porém o olhar desafiador dela me fez calar a boca e apenas fazer o que ela pediu, então ela subiu e cá estou eu esperando todo esse tempo. Começo a procurar alguma coisa pra comer na cozinha. Não gosto de cozinhar, então sempre dou preferência pra comer porcarias que não faltam nessa casa, porém apenas peguei uma cenoura e a lavei, comendo um pedaço dela em seguida. Assim que a mordo, escuto um barulho de notificação de celular próximo de mim, e quando viro pra trás, na direção do micro-ondas, vejo meu celular em cima do armário. Havia ligações perdidas e mensagens do meu irmão. Acho que quando viu que meu celular estava no meu quarto, acabou trazendo pra cá. Desbloqueei a tela do meu celular e mandei uma mensagem para meu irmão dizendo que estava em casa, em seguida entrei no meu facebook, ainda comendo a cenoura, e logo que abri, vi uma foto de Nicolas e Alyssia postada há poucos segundos atrás aparecendo na minha timeline. Eles estavam abraçados e sorrindo, e confesso que sorri também. Se eu não tivesse conhecido Alyssia, juraria que eles eram namorados, mas acho que o jeito que um trata o outro aparentava serem irmãos.
— Avisou o seu irmão? — minha mãe pergunta se aproximando do balcão da cozinha e me dando um grande susto.
— Sim... — respondo enquanto bloqueio o celular e o guardo no meu bolso.
— Eu e seu pai... Nós iremos nos divorciar. Eu já estava com anseio disso, porém depois do que aconteceu hoje...
— Papai não foi o único que cometeu erros hoje. — A interrompo dizendo em um tom baixo enquanto fico de cabeça.
Eu realmente não sabia como me sentir, sabia que meu pai tinha cometido um erro muito grave, porém minha mãe cometia pequenos erros todo o tempo, e depois do que ela disse sobre mim nas escadas...
— Eu sei que eu cometi erros, Ítalo, mas eu não quero cometê-los outra vez. Quero que a nossa família seja feliz como antigamente, e não acho que com o seu pai bêbado e batendo em qualquer pessoa por aí vá ajudar em alguma coisa.
— Já se perguntou o porquê de ele ter cometido esse erro? Vocês viviam brigando, não tínhamos um minuto de paz e...
— O seu pai me traiu, Ítalo. — Minha mãe diz me interrompendo.
Aquelas palavras me fizeram engolir em seco, atordoado. Sei que minha mãe não iria mentiria sobre algo tão sério, mas não era fácil acreditar em algo tão ruim assim.
— O que? — digo a encarando.
— Ele nunca foi o que todos pensavam. — Ela diz, caminhando pra fora da cozinha.
Me encosto na parede da cozinha e deslizo até o chão, abaixando a cabeça assim que me sento. A única coisa que podia sentir era uma profunda tristeza misturada com vários sentimentos confusos. Tudo aconteceu tão rápido, em uma só noite, era difícil de processar tudo aquilo na minha cabeça. Fiquei por um bom tempo naquela posição. Apenas voltei a encarar a cozinha quando meu irmão apareceu. Quando me levantei e o encarei, comecei a chorar e o abracei deixando as lágrimas escorrerem até a sua blusa. Não precisava dizer nada, ele compreendia o que estava sentindo. Já passamos por isso outra vez e meu irmão aprendeu a aturar, diferente de mim.
— Você precisa dormir, amanhã resolvemos isso. Se você quiser ir ao colégio eu te levo, mas você não tem que ir. — Meu irmão diz caminhando até a escada pros andares de cima.
— Você também precisa. Boa noite. — digo enquanto começo a subir os degraus da escada pro meu quarto.
— Boa noite.
Ao chegar no meu quarto apenas coloco meu celular para carregar no criado-mudo e me jogo na cama, sem chorar, pensando em um dia melhor amanhã.
[...]
Meu despertador tocou mas não foi o suficiente para me acordar. Apenas a batida na porta do quarto me fez despertar do meu pequeno tempo de sono que me deixava com uma grande preguiça.
— Ítalo? Seu café está pronto. — a voz de Jasmine soa pelo quarto.
— Já vou descer, obrigado. — disse tão baixo que só descobri que ela escutou porque desceu as escadas.
Estendi a mão até o meu celular e o peguei com os olhos ainda piscando de sono. Desbloqueei a tela e vi que estava atrasado. "Droga", sussurrei. Porém, quando vi uma notificação de mensagem, cocei os meus olhos para ver se tinha enxergado direito, e quando vi novamente estava bem claro que era verdade.
"Nicolas: O café da sua empregada é uma delícia, será que dá pra você acordar logo? Estamos atrasados para o colégio. "
Suspirei e me levantei da cama na hora. Estava com meus shorts curtos de dormir e uma blusa simples de pijama, e assim desci as escadas rapidamente, preocupado se aquilo era verdade. Quando caminhei até a cozinha, Jasmine estava no fogão e do seu lado havia outra pessoa lhe ajudando.
— Nicolas?
N/A: O capítulo foi curto, mas tudo porque a primeira estrela foi morta. Vocês podem estar se perguntando se já não tinha acabado a primeira estrela no capítulo 3, mas acontece que eu fiz algumas alterações na história bem pequenas, mesclei o capítulo 2 com o 1 e mudei os títulos. Agora finalmente e infelizmente a primeira estrela foi morta e a música que a resumiu foi Dollhouse da Melanie Martinez. Agora que iremos começar a segunda estrela teremos uma nova música que irá resumi-lá. Espero que tenham entendido e que estejam gostando <3
Capítulo Revisado por: Bruna Policarpo
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O Assassino de Estrelas
General Fiction[Em processo de reescrita] E se as estrelas não fossem apenas um pontinho brilhante no céu? E se elas significassem algo diferente do que você imagina? E se você assassinasse várias estrelas no dia a dia sem saber? Ítalo é um doce garoto de Oslo, n...