Hope Morgan - Capítulo 3

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*Astrid na capa

Hope

Hoje, na verdade, já era terça à noite, e sim, eu não fiz nada na segunda e nem durante o meu maravilhoso (lê-se "completo tédio")  dia, já que eu simplesmente ainda estava digerindo toda aquela informação.
Pelo o que eu havia entendido, a seleção havia sido anunciada na segunda-feira da semana passada, os resultados saíram nessa segunda (ontem) e na quarta (amanhã) deveríamos ir para o castelo, pra mim, isso era totalmente desnecessário. Eu morava a, no máximo, uma hora do castelo e havia pessoas que deviam morar a dias de viagem.
Só se arrumarem uns 15 jatinhos, Hope. E eu não duvidava que fizessem algo do tipo.
Já que eu estava com um certo "tempo livre", pensei em abrir no canal público da televisão pra poder olhar as outras selecionadas, seus nomes e aparência, já que a minha cara estava estampada lá desde segunda-feira, mas descartei essa ideia no mesmo segundo que a tive. Eu era simplesmente terrível em fazer amizades (entre outras milhões de coisas também) e não era do tipo que fazia qualquer coisa complementar, e, se fazia, era em casa também. Além disso, eu não deveria mostrar interesse na seleção, muito menos naquelas meninas que não enxergavam como era idiota querer se casar com o príncipe. Falando nele, ele sim era o meu pior pesadelo.
Resumidamente: eu nunca havia tido nenhum tipo de relacionamento com meninos. Também não era daquelas que nunca tinha beijado com 16 anos, muito pelo contrário, meu primeiro beijo foi com dez, e era até uma história engraçada. Eu, como a filhada mimada que era, não tinha ido muito com a cara da ideia de dividir os meus pais com uma nova criança, em outras palavras, tinha acabado de descobrir que minha mãe estava grávida de Astrid. Tudo bem que eu era a rainha do drama e tinha ficada brava com uma coisa tão idiota, mas eu não era o tipo de criança que dividia. Depois de ter ouvido o que os meus pais tinham a me dizer, fingi ter ido pro quarto e, na verdade, corri para o parque mais próximo de casa. Quando você para pra pensar, percebe que foi uma péssima ideia, afinal, eu era muito pequena, indefesa e essas coisas, mas na hora nem liguei pra isso.
Fui direto pro parque, procurei a árvore mais escondia e chorei como se tivesse descoberto que todo o sorvete do universo havia desaparecido. Mas minha cena só durou 15 minutos. Um menino de uns 13 anos apareceu e fez de tudo para tentar me animar, mas nessa idade, a ideia de animação dele era completamente diferente da minha. Pode anotar que eu voltei pra casa traumatizada. Mas, como sou uma "excelente" pessoa, não demorou uma semana pra ir ao parque mais vezes escondida, não só para encontrar aquele menino, mas como vários outros. Até hoje não sei o nome da maioria deles.
Mas o meu real problema que envolve meninos, era que eu não fazia isso há três anos. Na minha cabeça era porque eu havia "crescido" e não deveria mais "vagabundar", já a minha psicóloga dizia que era só mais uma consequência da morte dos meus pais. Ótimo, eu ia me entregar a um homem sem nunca ter passado da fase do beijo. Mas do que eu tô falando? Não vai acontecer, não vou passar e, muito menos, me entregar ao príncipe.
Decidi parar de pensar nessas coisas e sentei na minha minúscula mala de rodinhas para tentar (lê-se fracassar) fechá-la. Sai do meu quarto, largando a bolsa naquele estado, e fui para o de Astrid. Ela já dormia como a princesa que era, abraçada a um ursinho, e permiti observá-la por um tempo.

- Fechei sua bolsa, Srta. Morgan. - Anunciou Lilá, uma das criadas, e eu dei um salto. - Desculpe, te assustei.

Não, imagina, gosto de ter mini ataques cardíacos, sabe, apenas pra descontrair de vez em quando.

- Não, tudo bem Lilá, obrigada. - Respondi, ignorando meus pensamentos.

Ela se retirou e eu resolvi arrumar as coisas de Astrid para o castelo. Era generoso da parte da rainha, Tris não teria que levar roupas, por que seriam feitas pelas criadas enquanto ela estivesse no castelo, além disso, sapatos e acessórios não seriam necessários. Com isso, foi bem prático arrumar a mala dela, coloquei algumas fotos e objetos favoritos, algumas coisa que traziam significados e fechei tudo, no dia seguinte eu apenas guardaria alguma coisa que ela quisesse levar e eu não tinha como pegar, por exemplo, o urso que ela estava agarrada, e que eu tenho certeza, que se ele sobrevivesse de oxigênio, já estaria morto, Astrid quase estava abrindo um buraco apertando o urso com aqueles seus bracinhos.
Elas eram tão parecidas. O mesmo nariz, a quantidade imensa de sardas, o cabelo tão escuro que quase lembrava um castanho. Minha mãe teria orgulho de ver como havia feito uma perfeita cópia dela mesma.

- Uma foto dura mais tempo. - Resmungou abrindo apenas um olho. - É difícil dormir quando sente que está sendo observada.

- Desculpa, princesa, não sabia que estava acordada.

- Eu sempre estou, Hope. Você tem que parar de vim aqui sempre nesse horário.

Ela suspirou e se sentou na cama, colocou o urso no colo e me olhou com seus enormes olhos azuis.

- Somos tão parecidas assim? - Perguntou.

- Eu não sei do que está falando, Tris.

- Eu e a mamãe. Somos tão parecidas assim? Eu sei que você nos compara.

- Desculpa, mas você me lembra muito ela, só isso, não vou mais comparar vocês, não se preocupe, pra mim você vai ser sempre única.

- Eu queria ter a conhecido. Já quase não me lembro dela. - Seus olhos encheram de água e eu a abracei.

- Não pense nisso, okay? Amanhã vamos para o palácio, apenas tente dormir um pouco.

Depositei um beijo em sua testa e ela voltou a esmagar o urso. Apaguei as luzes do quarto, fechei a porta e fui para o meu, amanhã seria um longo dia, e o melhor que eu poderia fazer era dormir também, tentando não pensar na seleção e nas milhões de encrencas que viriam com ela.

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Notas da autora
Merece estrelinha, pode falar.
Comentem também ❤️
Até o próximo capítulo.

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