A Seleção em seu início.
35 garotas e uma coroa.
Apenas uma escolhida.
Nessa disputa, tudo é válido.
Após um luto de aproximadamente três anos, as portas do castelo são finalmente abertas para que o rei anuncie a maioridade do príncipe e a mais...
Eu já estava largada naquele quarto a mais ou menos quinze minutos, e a única coisa que eu havia feito era tentar localizar a minha mala, não que eu tivesse muito dentro dela, mas aparentemente nenhuma roupa minha estava ali. Eu já tinha explorado o closet, mas não tinha nada, nem mesmo no banheiro ou nas cômodas. "É um sinal", imaginei, "Estão querendo te mostrar que você realmente não vai durar mais que um dia", conclui. Era lógico que eu estava sendo dramática, a minha pessoa era inteligente o suficiente pra saber que a última coisa que o castelo queria era isso.
Me joguei na cama e dei uma olhada rápida no quarto. Ele era muito delicado, tinha dourado em cada móvel e a minha cama de casal era extremamente confortável, não tinha muito o que dizer, era aquele típico quarto de princesa. Na minha opinião, era muito desnecessário um quarto para cada uma das 35 selecionadas. Só pelos os meus cálculos/chute deveria caber umas quatro meninas ali confortavelmente, umas oito espremidas e se contasse o espaço da varanda, do banheiro e do closet, meu quarto caberia doze camas tranquilamente. Mas não, a rainha Lilian tinha que ceder 35 quartos do seu "humilde" palácio.
Eu ia continuar com a minha ótima linha de raciocínio, mas ouvi algumas batidas na porta e logo autorizei a entrar quem quer que fosse, e três mulheres entraram fazendo perfeitas reverências.
- Srta. Morgan. - Cumprimentou a que aparentava ser mais velha. - Somos suas criadas, estamos aqui para te ajudar com o que precisar. Essas são Kris e Darla. - Ela apontou para as meninas ao seu lado. - E eu sou Lea.
- Obrigada, mas eu preciso fazer uma coisa, acho que vocês também deveriam ir dormir, já está tarde. - Elas se entreolharam e ficaram sem falar nada. - E a propósito, me chamem apenas de Hope.
- Tudo bem senhorita Hope. - Virei os olhos com o senhorita. - Vamos apenas preparar seu banho e lhe deixaremos descansar.
Eu ia dizer que sabia ligar uma banheira sozinha, encher de água e entrar, mas antes que eu piscasse, elas já haviam se espalhado pelo quarto. Darla que tinha em suas mãos minha mala, guardou tudo em questão de segundos, colocando até minha foto com meus pais e Astrid no criado mudo, Kris desembalava a camisola que estava em suas mãos e Lea já preparava o banho. Sentei e observei-as fazendo aquelas pequenas tarefas com perfeição.
- Senhorita, a água já está pronta. - Anunciou Lea do banheiro.
Caminhei até ela e abaixei para tirar o salto, que por algum motivo estupido eu ainda usava, mas Darla me impediu, fazendo com que eu sentasse e ela mesma tirasse, Kris e Lea tiraram meu vestido facilmente e eu finalmente me dei conta de como respirar livremente era bom. No segundo em que o vestido atingiu o chão eu corei violentamente. Na minha casa as criadas não costumavam me ver nesse estado e eu realmente estava sem graça, mas elas apenas me conduziram até o banheiro, fizeram um coque em meu cabelo e me deixaram tomar meu banho.
Alguns minutos depois, me retirei da água e me enrolei na toalha enquanto saía do banheiro e percebi que o vestido e saltos que eu havia deixado ali já haviam desaparecido. Elas me ajudaram a vestir a camisola e pentearam meu cabelo. Agradeci pelo trabalho, na minha opinião totalmente desnecessário e que havia feito com que eu ficasse da cor de um pimentão por quase meia hora, e elas logo se retiraram mesmo contra suas vontades repetindo que eu deveria chamá-las se precisasse.
Assim que saíram suspirei aliviada, calcei meus sapatos e peguei um fino casaco que haviam pendurado no closet, coloquei sobre a camisola, sai do quarto e silenciosamente comecei a procurar o quarto de Astrid. Antes de sair do salão mais cedo, uma criada havia me entregado um bilhete dizendo que Tris estava no quarto do andar superior ao meu, era o primeiro á esquerda, impossível de eu errar. Mas algo me dizia que isso não significava que eu poderia ir até lá, já que haviam nos dado ordens bem diretas de não nos retirar do quarto até o próximo dia, não que eu me importasse muito.
Subi as escadas e por incrível que pareça, não encontrei nenhum guarda no caminho, não que fosse necessário já que, tirando o acontecido em que meus pais morreram, havia quase meio século que rebeldes não atacavam ao palácio. Parei de frente ao suposto quarto de Tris e bati duas vezes na porta, ouvi uma pequena movimentação e a porta foi aberta por aparentemente uma criada.
- Posso ajudar, senhorita? - Perguntou a mulher em minha frente.
- Eu só vim ver minha... - Comecei, mas uma pequena movimentação vermelha atravessou a mulher e abraçou minhas pernas.
- Hope! Vem ver o tamanho do meu quarto! É tão bonito! A rainha disse que era muito importante que eu ficasse perto dela pra que cuidasse de mim, e acho que pra que eu não colocasse fogo em alguma coisa ou algo do tipo. - Ela falava apressadamente enquanto me puxava quarto a dentro, ignorando completamente as mulheres que, aparentemente, a arrumavam pra dormir antes da minha chegada.
Resolvi olhar para o quarto, enquanto Astrid me arrastava e fiquei totalmente chocada. Eu falei que meu quarto cabiam 12 camas? O de Astrid cabiam no mínimo umas 25. Ele era imenso, cada detalhe parecia ser feito de ouro e tudo era em tons de rosa, sua cama era de casal e sua varanda dava três da minha, seu closet era do tamanho aproximado do meu quarto na nossa casa e tudo explodia em rosa. Eu poderia continuar dizendo como era magnífico mas as perguntas explodiam em minha cabeça.
- Princesa, por que a rainha te deu esse quarto? Como ela preparou esse lugar tão rápido? - Perguntei pra ela, mas olhando para as duas criadas no quarto.
- Era da princesa Valentina, Srta. Morgan. - Uma delas respondeu meio receosa.
- Mas esse quarto é de propriedade real. - Falei como se fosse a coisa mais simples do mundo.
- A princesa Valentina faleceu a três anos e parece que a pequena Srta. Morgan é muito importante para a rainha Lilian.
Olhei para Astrid que sem nenhuma palavra me confirmava que a criada estava certa quanto a parte de que ela era muito importante para a rainha. Suspirei totalmente perdida. Lilian havia hospedado Astrid em um quarto de princesa, literalmente, e eu odiaria ter que levá-la de volta pra casa quando as eliminações começasse, aquilo partiria meu coração em milhões de pedaços.
Ajoelhei para igualar o meu tamanho ao de minha irmã e segurei sua mãos para que ela entendesse que era um assunto sério.
- Não gosto quando faz isso, Hope.
- Faço o que, princesa? - Perguntei enquanto ela me encarava.
- Se ajoelhar, me olhar dessa forma, segurar as minhas mãos. - Ela abaixou a cabeça. - Você fez isso quando me disse que a mamãe e o papai tinham morrido. - Uma lagrima solitária desceu por sua bochecha passando em meio a suas sardas.
- Não chora, pequena. - Limpei seu rosto. - Só não se apegue ao palácio tá bom? Logo a gente vai precisar ir embora e eu não quero que fique triste.
Ela concordou e eu a abracei e acariciei a bagunça vermelha que estava seu cabelo e lembrei que haviam duas pessoas no quarto que precisavam arrumar aquilo antes de poderem deitar, então depositei um beijo na testa de Astrid prometendo que voltaria no dia seguinte e me despedi também de suas criadas.
Abri a porta e a fechei em minhas costas quando saí, me virei para caminhar até meu quarto, mas antes dei de cara com um príncipe que me olhava da mesma maneira que eu provavelmente estava o olhando, ainda segurando a maçaneta, e sem saber qual desculpa eu daria para estar neste exato local.
Ótimo, eu estava estupidamente encrencada.
Mais um ponto pra você, Hope.
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******************* Notas da autora Vale uma estrelinha? Me avisem, por favor, se tiver algum erro.
