Meu Porto Seguro

Cap. 25

Lorenzo

Nunca imaginei amar tanto uma mulher como amo Valentina, toda vez que a tenho em meus braços minha vida ganha um novo significado, uma nova cor. Conquistei tantas nessa vida, mais a principal conquista foi o seu sorriso! Essa mulher bagunçou a minha vida como uma tempestade, forte, única...
É em meus braços que ela se descobre, perde o controle e se entrega.

Vê-la caminhando em minha direção tão determinada a começar uma nova página de sua vida me deixa tão orgulhoso da minha tempestade. Durante esses meses que estamos juntos a vi tão vulnerável e tão forte, se superando a cada novo dia.
Acordar sentindo seu perfume espalhado por meu travesseiro, ver seu sorriso se abrir ao acordar faz tudo valer a pena.

Quando voltei pro Brasil não tinha nada planejado em ficar nessa cidade, apenas passei pra rever algumas pessoas, porém ao me deparar com aquela garota de olhos tão assustados que fugiu de mim, algo dentro de mim mudou e eu tive a plena certeza que a queria em minha vida.
Não foi tão fácil como imaginei que seria, Valentina sabe como ser cabeça dura às vezes.

- Bom dia futuro marido - ela me sorri - Ainda não acredito que vamos nos casar!

- Hum futura esposa, acho que posso te fazer imaginar como vai ser! - a beijo enquanto ela se entrega por completo

Nossa rotina tem sido intensa desde que decidimos nos casar em três meses, pouco tempo pra organizar tudo.
Lana já adiantou o noivado na mesma boate em que tudo aconteceu. Tenho apenas dois dias pra comprar o anel dos sonhos da minha tempestade.
Valentina praticamente mora em meu apartamento agora ...

Às vezes tenho a impressão de estar sendo seguido por alguém, o que deve ser coisa da minha cabeça. 
A agência já está funcionando bem e já conseguimos clientes. Lana e Raul não saem mais de casa. Gregório sempre aparece pra ver a irmã e eu tenho percebido que ele anda meio abatido com algo, mais não dá o braço a torcer e tenho quase certeza que é algo referente a vizinha maluca como ele a chama, Valentina também anda desconfiada já que a Mila anda meio pra baixo.

A manhã hoje está tranquila no trabalho, Valentina foi a aula de balé e eu preciso me concentrar em algumas planilhas da agência.
As horas parecem se arrastar atrás da mesa do computador, minha cabeça está latejando.
Provavelmente Valentina irá almoçar com a Lana e a Mila já que estão resolvendo as últimas coisas referentes ao noivado que é no final de semana.

Raul está em maus lençóis já que a Lana se recusa a dar um passo a mais no relacionamento, a maluca acha que casar é antiquado e ainda bem que Valentina não pensa da mesma maneira. Raul vem tentando antes de mim enlaçar sua neguinha mais a mulher é dura na queda.

O sino da porta me desperta dos meus pensamentos e uma mulher bem vestida entra. Seu olhar é frio, parece sentir nojo do local. Não me movo do lugar e nem preciso imaginar quem seria essa figura a minha frente.

- Boa tarde garoto! Você deve ser o Lorenzo. Vou direto ao caso: Qual é o seu valor?!  Quanto você quer pra deixá-la no altar, afinal eu já sei que você pediu aquela sonsa em casamento e ela aceitou. Saiba que eu não vou permitir esse casamento. Se depender de mim aquela sonsa  nunca vai ser feliz! Então eu sugiro que não fique em meu caminho garoto! - diz de forma tão natural que me enoja pensar que minha tempestade é filha dela

- Desculpe senhora, mais não temos nada o que conversar. E saiba a senhora que eu não sou qualquer um. Não tenho medo de suas ameaças. Fique longe de minha mulher porque eu garanto que a senhora não vai gostar de me ver fora de si.

- A quem você pensa que engana garoto?! Todos têm um preço, basta me dizer e eu pago. Você não deve ser diferente daquele outro moleque - diz enquanto se senta de frente pra mim - Sabe?! Foi tão fácil comprar aquele imbecil. Ele até estava apaixonado, chorou, mais o curso no exterior foi o suficiente pra ele a largar. Olha foi uma jogada e tanto.

- Senhora eu peço que se retire da minha agência. Não me faça usar a força. Não pense que pode me comprar porque você não pode. Amo minha Valentina e vamos nos casar em breve. Sugiro que a senhora saia daqui e a deixe em paz. - aponto em direção a porta que se abre no mesmo momento e uma Valentina assustada nos encara.

Seus olhos revelam toda a sua dor mais uma mulher determinada se mostra pronta pra batalha.
Me apresso em caminhar em sua direção, Valentina está pálida.

- O que você faz aqui?! Não basta me culpar por algo que eu não tenho culpa? Me diz diz o que você pensa que está tentando fazer? Eu não tenho mais medo de você! Por favor saia das nossas vidas. Não entendo seu ódio por mim e não vou mais aceitar viver escondida. Então eu sugiro que você saia daqui e nos deixe em paz!

- Mais olha só!!! A mosca morta agora colocou as asinhas de fora? - grita descontrolada

Valentina se mantém firme, a encara de cabeça erguida.

- Eu nunca vou permitir que você tenha uma vida perfeita. Você a matou sua maldita!  Maldita hora que você começou a dançar e ela se apaixonou. Se você não tivesse a apoiado minha bebezinha estaria viva. Eu te odeio!

- Sabe qual o seu problema?! - Valentina suspira - Você nunca se importou conosco. Seus chás beneficientes, seus jantares  nos afastou. Valéria amava dançar porque ela se sentia livre. Mais você nunca vai saber o que é isso?  Você não sabe o que é amar algo que não seja a si mesmo... Eu não a matei, foi uma fatalidade e acredite eu daria tudo pra que ela estivesse aqui. Você não merece a filha que teve e que não soube valorizar. Não me venha agora exigir algo. Saia agora enquanto eu ainda tenho um pingo de consideração por você ser minha mãe ou eu não vou me responsabilizar.

A mulher a minha frente está vermelha de raiva, seus gritos não abalam mais minha tempestade que se mantém firme feito uma rocha.

Ela nos encara com tanto ódio, se recompõe. Valentina dá um passo pro lado e indica a saída.

- Ah, e antes que eu me esqueça, avise ao meu pai que eu conheci meu irmão! É uma pena que vocês sejam tão baixos!!! Gregório é maravilhoso e não merece o pai que tem.

A mulher está pálida, sem reação... nos encara... passa  batendo a porta com tanta raiva.

Me apresso em trancar a porta e me volto pra Valentina que se agarra a mim e chora. Só posso abraça-la e segurar seus medos mais uma vez.

A pego no colo e subo as escadas que dão acesso ao nosso apartamento, Valentina se esconde no meu peito, procura meus braços pra se refugiar.
Me deito ao seu lado em nossa cama e a trago mais pra mim, faço carinho em seus cabelos.
Aos poucos sua respiração vai se acalmando e percebo que ela adormeceu.
Não saio do seu lado em nenhum momento, fico ali vigiando seu sono.

Valentina é minha razão de viver e se depender de mim ninguém mais vai machucá-la e isso é uma promessa!