Capítulo 13 - Theo

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Se eu pudesse quebraria cada dente da boca daquele infeliz. Não conseguia nem olhar para Lara, só de imaginá-la com ele me fazia perder a cabeça. Chegamos no hospital e me afastei para conseguir esfriar um pouco as ideias. Quando voltei ao quarto de Nicole com César para dar as notícias sobre a sua internação mantive minha atenção voltada somente ao estado de Nicole e na minha ética profissional. Por um breve momento esqueci que César estava ali, e como se fosse um ser paranormal ele sentiu a tensão entre nós dois.

Depois de darmos a notícia do plano de saúde para Lara, nós nos afastamos e César me deu bons esporros e xingões sobre como eu estava agindo. Quase que me deu uns tapas e me fez levar café para ela, para acertarmos as coisas. Por mais que odiasse admitir César estava certo, eu não era tão idiota e estúpido assim, ela não tinha culpa de Lucca ser um filho da puta profissional, e se ela caiu nessa armadilha foi só porque ele a armou muito bem. Aproximei-me da poltrona onde César a havia deixado e sem querer ouvi sua conversa com uma mulher, que deduzi ser sua amiga.

Eu tentei pensar e agir rápido, então antes que sua amiga desaparecesse, eu corri e a puxei pelo braço.

— Ei, espera — pedi e ela se virou assustada para mim. Afastando-se imediatamente. — Não queria te assustar, desculpa. — Dei alguns passos pra trás.

— Pois não?

— Eu queria saber se você tem o e-mail da Amanda — ela me olhava, desconfiada. Seus olhos subiam e desciam pelo meu corpo, e após sua inspeção ela se aproximou discretamente.

— Pra que você quer o e-mail dela?

— Eu sei o que ela faz, quer dizer, o que vocês fazem. Acho que ela seria perfeita pra me acompanhar em um evento.

— Certo, você tem como anotar? — assenti e ela começou a ditar o endereço de e-mail.

Agradeci e esperei ela ir embora para chamar a atenção de Lara.

Já na minha sala tentei conversar e convencê-la a me deixar ajudar, mas ela era muito cabeça dura para isso, estava irritada, não me deixava falar e quando consegui explicar saiu porta a fora se achando cheia de razão. Essa mulher estava me deixando louco. Bom, eu tinha tentado da forma certa, queria que ela soubesse e aceitasse minha ajuda, como ela não me ouviu, iria vencê-la no cansaço, iria usar do seu plano para conseguir fazer o meu funcionar. Antes, eu precisava tentar um outro modo, assim quando eu chegasse na minha última opção, eu estaria de consciência tranquila e mãos lavadas.

Subi até o décimo sexto andar, onde ficava a parte administrativa do hospital. Eu sentia como se estivesse caminhando em direção a um julgamento onde eu seria condenado a forca. Quando ofereci ajuda a Lara, eu só tinha duas opções: uma delas havia sido rejeitada de imediato, então eu partia para a segunda opção. Meu pai. Bati na porta suavemente, e esperei a ordem para entrar. Ele estava de cabeça baixa, e quando ergueu seus olhos em minha direção eu vi o quão semelhante — fisicamente — nós éramos. Agora, porém seu cabelo era mais ralo e de um tom branco, a pele enrugada e as manchas não o deixavam menos bonito. Ele baixou os óculos para a ponta do nariz e me olhou por cima deles, largando os papéis em cima de sua enorme mesa enquanto relaxava em sua confortável cadeira.

— Abra as cortinas para mim, Theo — pediu, seus olhos de águia sobre mim.

— Por que?

— Preciso ver se está chovendo.

Mentalmente me soquei por ter vindo até aqui.

— Certo — fechei a porta e me aproximei de sua mesa, mas não sentei, não queria me sentir inferior a ele.

Lust Affair - Série Affair v.1Onde histórias criam vida. Descubra agora